Dia Mundial da Raiva: saiba como prevenir a doença
28 de setembro de 2023 - 15:25 #animais silvestres #cães #campanha raiva #gatos #morcegos #raiva #saguis
Assessoria de Comunicação da Sesa e do HSJ
Texto: Kelly Garcia e Bárbara Danthéias
Foto: Bárbara Danthéias
Artes gráficas: Iza Machado
Zoonose causada por um vírus que infecta animais domésticos e silvestres, a raiva é transmitida às pessoas através do contato da pele ou mucosas com a saliva infectada do animal. Com o objetivo de relembrar medidas de proteção contra a doença, mortal em humanos, em 28 de setembro foi instituído o Dia Mundial contra a Raiva, estabelecido pela Aliança Global para o Controle da Raiva (GARC) e reconhecido pela Organização Mundial da Saúde (OMS).
Segundo o responsável técnico pelo Grupo de Trabalho de Controle da Raiva da Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa), Bergson Moura, o Programa de Vigilância e Controle da Raiva (PVCR) na Sesa possui como principal forma de combate a realização da Campanha Anual de Vacinação Antirrábica de Cães e Gatos. “Outra estratégia é a metodologia específica para a raiva silvestre, que realiza ações no controle da doença, aliadas às atividades de vigilância epidemiológica”, acrescenta Bergson Moura.
Estudo detecta em morcegos no Ceará variantes da raiva encontradas em saguis
Este ano, pela primeira vez, foi identificado em morcegos encontrados no Ceará um grupo de variantes do vírus da raiva semelhante ao das variantes detectadas em saguis do Nordeste brasileiro.
De acordo com a pesquisadora Larissa Férrer, servidora do Laboratório Central de Saúde Pública do Ceará (Lacen) e doutoranda da EPM-Unifesp, o estudo detectou em morcegos do Estado variantes do vírus da raiva próximas com as dos saguis-de-tufo-branco, popularmente conhecidos como soins. “A similaridade está em torno de 93 ou 94%, achado este, até então, não descrito na literatura”, explica.
Para prevenir a doença, especialmente em caso de acidentes com animais como saguis e morcegos, uma das medidas mais importantes é respeitar o espaço desses animais. “A população deve preservar a fauna silvestre. Os morcegos, por exemplo, têm um papel fundamental na dispersão de sementes, polinização e controle de pragas. As pessoas devem evitar tocar nesses animais silvestres, criá-los, assim como não compartilhar alimentos. Devemos incentivar a preservação dos animais silvestres em seu habitat natural e não como animais de estimação”, explica.
Vacina antirrábica
O responsável técnico pelo Grupo de Trabalho de Controle da Raiva da Sesa (GT Raiva/Sesa), Bergson Moura, explica que a vacina antirrábica animal disponível no SUS é gratuita e específica para cães e gatos, mas existem imunobiológicos que imunizam outros animais, como os de corte.
Ainda de acordo com Bergson Moura, quando há suspeita ou confirmação de raiva em ruminantes, tanto a Sesa como a Agência de Defesa Agropecuária do Estado do Ceará (Adagri) realizam ações. “O GT Raiva/Sesa realiza busca ativa de pessoas e animais espoliados por morcegos hematófagos, seguida de educação em saúde nas comunidades com esse problema”, disse.
O setor de diagnóstico da raiva animal do Lacen identificou, no ano de 2023, amostras de 57 morcegos, 8 saguis, 8 raposas e um bovino positivas para raiva no Estado. Em maio de 2023, o Ceará registrou um caso de morte em consequência da raiva humana, por mordida de soim, depois de sete anos sem óbitos pela doença.
Fui mordido por um animal, e agora?
Após sofrer mordida ou arranhão de animal, o primeiro passo é lavar o ferimento com água e sabão para eliminar o máximo de bactérias, vírus e sujidades que possam ter entrado em contato com a pele lesionada. Em seguida, a pessoa deve buscar a unidade básica de saúde mais próxima, onde o médico vai indicar a conduta mais adequada, levando em consideração a gravidade da lesão e o tipo de animal que ocasionou o ferimento.
Se houver indicação de vacina, o paciente vai iniciar o esquema que consiste em quatro doses ministradas ao longo de 14 dias. Caso haja necessidade do soro antirrábico, recomendado quando há lesões graves ou ocasionadas por animais silvestres e morcegos, o paciente será encaminhado para a unidade hospitalar de referência do seu município. Em Fortaleza, essa unidade é o Hospital São José (HSJ), equipamento da Secretaria da Saúde do Estado do Ceará (Sesa).
Segundo dados do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan), de janeiro a agosto de 2023, foram registradas 2.816 notificações de atendimento antirrábico humano no HSJ. A jornalista Jessika Sampaio foi uma das pessoas atendidas na unidade neste período. Em junho deste ano, foi mordida por uma cadela de rua. A jornalista procurou atendimento no posto e, em seguida, foi encaminhada para o Hospital São José, para que fosse avaliada a necessidade ou não da aplicação do soro antirrábico.
“A cadelinha era de rua e estava perdida. Aí eu achei uma adotante pra ela. E como pude acompanhar como a cachorrinha estava, não precisei tomar o soro, mas a vacina antitetânica”, relata.
Infectologista do HSJ, Lauro Perdigão reforça que a vacina é a principal medida de prevenção da raiva, enquanto o soro confere uma proteção extra contra a doença. Segundo ele, a vacina é uma imunização ativa, o que significa que ela promove uma aula para o sistema imunológico de como se defender do agente infeccioso. “Se a pessoa for exposta ao vírus da raiva e receber a vacina, o corpo dela produzirá anticorpos para protegê-la contra o vírus antes de ele poder agir”, explica.
Caso haja necessidade do soro antirrábico, o paciente será encaminhado para a unidade hospitalar de referência do seu município. Em Fortaleza, essa unidade é o Hospital São José (HSJ)
O médico acrescenta ainda que a vacina oferece uma proteção próxima a 100%, se feita no esquema completo, e frisa que essa proteção é válida por toda a vida. O soro antirrábico, por sua vez, é uma imunização passiva — ou seja, o organismo recebe anticorpos antes mesmo de o corpo ter tempo de produzi-los —, mas que tem sua atividade por tempo restrito.