Doença de Chagas: prevenção passa pelo combate ao inseto transmissor e exames sorológicos

12 de abril de 2024 - 17:45 # # #

Assessoria de Comunicação da Sesa
Texto:Kelly Garcia
Foto:Covat/Sesa
Artes gráficas: Thamires Oliveira

Dentro de casa, o inseto transmissor da doença de Chagas pode se esconder em frestas nas paredes

Transmitida, principalmente, por meio do contato com as fezes dos triatomíneos, insetos popularmente conhecidos como barbeiros, a doença de Chagas é endêmica no Ceará, permanecendo na região mesmo após o controle do contágio. A patologia teve um total de 26 casos confirmados em sua forma aguda, de 2018 até 2024 no estado. Entre os sintomas da forma aguda da doença, estão febre prolongada, dor de cabeça, fraqueza intensa, inchaço no rosto e nas pernas. No entanto, a enfermidade pode passar anos de forma silenciosa, em sua forma crônica. 

No domingo (14), é celebrado o Dia Mundial da Doença de Chagas. Entre as ações preventivas que a Saúde do Ceará desenvolve para combater a patologia está a recomendação do pedido de sorologia da doença de Chagas no pré-natal, para evitar a transmissão vertical, que acontece da mãe para o bebê. 

De acordo com a orientadora da Célula de Promoção de Saúde e Atenção Primária (Cepri), Juliana Borges, existe essa recomendação para alguns municípios da Região Litoral Leste. “Quixeré, por exemplo, é um município endêmico. Dessa forma, a gestão daquela cidade, sensível à necessidade de implementar estratégias de prevenção, diagnóstico e tratamento para doença de Chagas, inseriu como rotina para as gestantes a inclusão da realização do exame de sorologia”, pontua.

Segundo a diretora de Vigilância em Saúde de Quixeré, Marília Queiroz, essa medida tem a intenção de acelerar o tratamento de mulheres e bebês que porventura venham a se infectar com a doença. “Até hoje, só tivemos um caso de gestante com a doença. Fazemos essa sorologia porque muitas mães vêm da zona rural e moram em casas de taipa”, diz.

Caso haja a confirmação, a pessoa é encaminhada para uma consulta com o médico de família e, a depender da gravidade do caso, pode ser acompanhada na assistência secundária, nas Policlínicas ou nas unidades terciárias, no Hospital de Messejana (HM) ou no Hospital Geral de Fortaleza (HGF), na capital cearense. 

A bióloga, doutora em Saúde Pública e articuladora do Grupo de Trabalho (GT) de Doença de Chagas da Sesa, Cláudia Mendonça, destaca que, além da transmissão vertical, a patologia também pode ser transmitida através de alimentos contaminados, transfusão de sangue, transplante de órgãos e do vetor da doença.  “Os barbeiros são próprios da nossa fauna e temos nove tipos no Ceará. Caso a pessoa encontre o inseto em sua residência, deve capturá-lo e levar até a secretaria municipal de saúde ou o serviço de endemias da sua cidade”, diz.

A articuladora também alerta que a pessoa deve deixar um telefone de contato, para que seja dado seguimento às ações de combate ao inseto. “No Ceará, contamos com pouco mais de mil postos de informação de triatomíneos (PIT) e caso seja confirmada a presença do protozoário que causa a doença no inseto, será agendada uma visita à residência para uma dedetização”, explica.

De acordo com o biólogo  e gerente do setor de endemias e zoonoses da Secretaria Municipal de Saúde de Limoeiro do Norte, Levi Santos, as pessoas não devem matar o barbeiro porque aumenta o risco de infecção com a doença e dificulta a identificação dos insetos contaminados. “Existe um grande risco de infecção ao esmagar um inseto que esteja contaminado, já que os protozoários expelidos podem entrar em contato com  a pele e também porque fica inviável para os laboratórios de entomologia realizarem os exames em barbeiros esmagados, dificultando assim a vigilância de possíveis insetos positivos”, esclarece.