Raiva: saiba mais sobre a doença, quais os sintomas e como prevenir

11 de maio de 2023 - 17:18 # # # # # #

Assessoria de Comunicação da Sesa
Texto: Kelly Garcia
Artes gráficas: Josias Jeronimo

A raiva é uma doença infecciosa viral que atinge o sistema nervoso central. O agente infectante é um vírus pertencente à família Rhabdoviridae, gênero Lyssavirus, presente na saliva do animal doente. Este, ao morder ou lamber mucosas ou regiões feridas, pode transmitir a enfermidade a seres humanos.

A zoonose afeta, unicamente, os mamíferos. “Isso significa que animais como cães, gatos, saguis e morcegos podem carregar o vírus, mas pássaros e insetos, não. Pequenos roedores, a exemplo de hamsters, porquinhos-da-índia, ratos e camundongos, e lagomorfos – coelhos e lebres –, também mamíferos, quase nunca são infectados com raiva e não são conhecidos por transmitir a doença”, explica a infectologista Christianne Takeda.

Depois que o vírus entra no corpo, por meio da lambedura, arranhadura ou mordedura, o tempo de incubação pode variar de duas semanas a 60 dias, em média. “Porém, esse período pode se prolongar por até cinco anos, principalmente, nos casos de mordidas de primatas não humanos”, afirma o responsável técnico pelo Grupo de Trabalho de Controle da Raiva, da Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa), Bergson Moura.

Em seguida, o vírus se movimenta a uma velocidade de cerca de 100 mm/dia pelos nervos até o cérebro e a medula espinhal, causando uma encefalite, ou seja, uma inflamação no cérebro.

Os sintomas da raiva em pessoas são: dor de cabeça, febre, náusea, dor de garganta e alterações de sensibilidade no local da ferida provocada pela mordedura do animal. Estes sinais evoluem para paralisia e espasmos dos músculos de deglutição.

O paciente também pode apresentar inchaço nos gânglios linfáticos, aumento da sensibilidade e dormência em locais próximos ao contato com o animal infectado, além de alterações de comportamento.

Raiva nos animais

Assim como outras doenças causadas por vírus, existem variantes da raiva que podem desenvolver sintomas diversos. Por isso, é recomendável se manter distante de animais silvestres como saguis e, principalmente, morcegos, mesmo que pareçam saudáveis.

“Os morcegos podem carregar o vírus na saliva e transmiti-lo às pessoas por meio de mordidas ou arranhões. É importante evitar manuseá-los e procurar ajuda se vir algum por perto”, reforça Takeda.

Ainda conforme a infectologista, ao alimentar animais de rua, por exemplo, é importante tomar precauções de segurança para evitar acidentes. “Você deve se aproximar com cuidado e evitar movimentos bruscos que possam assustá-los. É melhor usar recipientes e utensílios de alimentação adequados. Também é uma boa ideia buscar orientação de organizações de bem-estar animal ou autoridades locais”, diz.

Segundo Bergson Moura, apesar de o vírus atuar da mesma forma no organismo dos animais silvestres e dos domesticados, os sintomas podem ser diferentes. “Em cães e gatos, geralmente, a apresentação clínica é furiosa. Em animais de produção, como bovinos, caprinos, suínos e ovinos, é paralítica. Já em mamíferos silvestres, é variável”, pontua.

De acordo com Bergson Moura, apesar de o vírus atuar da mesma forma no organismo dos animais silvestres e dos domesticados, os sintomas podem ser diferentes

Como o vírus compromete o sistema nervoso central, são prejudicadas todas as atividades do corpo, incluindo os movimentos respiratórios e a deglutição. “A sintomatologia que compreende o ‘engasgo’, bem como a dificuldade de ingestão de água devem-se à paralisia dos músculos. Quanto aos incômodos com a luz, a chamada de ‘fotofobia’, deve-se ao fato dos vírus atuarem nos bastonetes localizados na retina. Depois do comprometimento do sistema nervoso central, ocorre a disseminação em todos os órgãos por meio do movimento centrífugo”, acrescenta Moura.

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Prevenção

Para prevenir a raiva, além de gatos e cachorros, os animais de produção também devem ser imunizados anualmente. “No caso dos animais de produção, a vacina deve ser reforçada após 30 dias”, ressalta o especialista.

Além de cumprir o esquema completo da imunização, é necessário fazer a observação clínica, por dez dias, de cães e gatos que morderam uma pessoa. Já o paciente mordido deve receber, prontamente, a primeira dose da antirrábica, e as outras, com três, sete, 14 e 28 dias depois.