Unidades da Rede Sesa iniciam aplicação de palivizumabe em público-alvo

21 de março de 2023 - 16:58 # #

Assessoria de Comunicação da Rede Sesa
Texto e fotos: Bruno Brandão, Felipe Martins, Jéssica Fortes, Teresa Fernandes e Wescley Jorge

  
Medicamento deve ser aplicado em bebês de até um ano que nasceram prematuros com menos de 28 semanas de gestação, além daqueles com cardiopatia congênita ou displasia pulmonar com até dois anos de idade

Unidades da Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa) já iniciaram o ciclo de aplicação do palivizumabe, anticorpo pronto que apresenta atividade neutralizante e inibidora contra o vírus sincicial respiratório (VSR). Bebês de até um ano que nasceram prematuros com menos de 28 semanas de gestação, além daqueles com cardiopatia congênita ou displasia pulmonar com até dois anos de idade são eletivos para receber a medicação.

O VSR pode causar desde resfriados simples até pneumonias e bronquiolites (inflamações nos brônquios). No Ceará, o acometimento é mais comum no período da quadra chuvosa, de fevereiro a maio. O medicamento impede a replicação do vírus no trato respiratório baixo e previne a evolução da doença para formas graves, reduzindo a taxa de hospitalização e de óbito para os grupos de risco.

Na Rede Sesa, em Fortaleza, o palivizumabe é aplicado nos hospitais Infantil Albert Sabin (Hias), Geral de Fortaleza (HGF), Geral. Dr César Cals (HGCC), Geral Dr. Waldemar Alcântara (HGWA) e no de Messejana Dr. Carlos Alberto Studart Gomes (HM). No Interior, a administração é feita no Hospital Regional Norte (HRN), em Sobral.

“É uma importante prevenção para esta época do ano. Já estamos vendo, desde o mês passado, um aumento das internações e de casos de bronquiolite, e é interessante que, após indicação da unidade de saúde para esses pacientes de risco, a população procure a aplicação do palivizumabe, eficaz para a prevenção das formas graves da doença e de internações em UTI [Unidades de Terapia Intensiva]”, reforça Danilo Guerreiro, pneumologista pediátrico do Hias (foto ao lado).

No hospital infantil, cerca de 40 bebês são beneficiados pela estratégia, sendo a maioria acompanhada de forma exclusiva.

Para receber o anticorpo, é necessário encaminhamento médico. Em equipamentos com Maternidade, a administração pode ser feita na própria estrutura. Já nos espaços sem o serviço, os pacientes são direcionados para os que possuem esse tipo de assistência. As crianças que atenderem aos requisitos receberão doses mensais durante cinco meses seguidos.

Na ocasião, é preciso apresentar os seguintes documentos: certidão de nascimento ou declaração de nascido vivo (DNV); Cartão Nacional de Saúde (CNS); comprovante de endereço atual; RG e CPF da mãe; relatório de alta ou último ecocardiograma, além de receituário indicando o uso do palivizumabe.

Acompanhamento

No HGWA, desde fevereiro, 58 bebês já receberam o anticorpo. Eles estão sendo acompanhados no ambulatório hospitalar – a maioria são pacientes que já passaram pela Unidade de Terapia Intensiva Neonatal (Utin).

Jamilia dos Santos levou o filho Pedro Joseph, de nove meses, para receber duas doses do palivizumabe. O menino nasceu prematuro e foi internado com apenas nove dias no HGWA. “Passamos um mês e 11 dias na UTI. Ele chegou muito debilitado, ficou intubado por 13 dias. Graças a Deus, hoje ele é totalmente saudável”, explica a mãe.

As aplicações são realizadas na sala do ambulatório pediátrico. Na ocasião, as crianças têm acesso a desenhos e, após a injeção, recebem um balão para tornar o momento menos dolorido.

O médico neonatologista Daniel Herzer é responsável por orientar pais e mães no equipamento. O profissional avalia se a criança necessitará ou não de mais uma dose. “É muito importante esse cuidado. Essa aplicação é feita nos primeiros dois anos do paciente ou, a depender da avaliação, somente no primeiro ano, com apenas um ciclo”.

Futuro com mais segurança

Foi nos braços da mãe, no contato pele a pele, que Ravy tomou a primeira dose do palivizumabe. Nascido em 18 de dezembro, no HGCC, o pequeno continua os cuidados na Unidade Canguru do hospital. Já são três meses de internação, iniciada na Unidade de Terapia Intensiva Neonatal (Utin), após vir ao mundo de forma prematura, na 26ª semana de gestação. Enquanto aguarda a alta, o bebê mantém em dia vacinas e exames.


Nascido em dezembro de 2022 na 26ª semana de gestação, Ravy recebeu a primeira dose do palivizumabe 

“Ele passou mais de um mês intubado. Para ele, é uma segurança. Eu me sinto mais aliviada, mais confiante de que meu filho não terá nenhum problema lá na frente”, ressalta Mara Esterlânia Ferreira Pequeno, de 32 anos, mãe da criança, um dos 54 pacientes que já foram beneficiados com o anticorpo no HGCC.

Cardiopatia congênita

No HM, a imunização é feita apenas em crianças com cardiopatias congênitas, menores de dois anos, mediante encaminhamento médico. A administração das doses é realizada às terças-feiras, em horários previamente agendados. A estimativa é de que, neste ano, mais de 160 indivíduos recebam, até junho, o ciclo do medicamento no local.

A cardiologista e coordenadora da Enfermaria Pediátrica do HM, Isabel Cristina Leite, explica que adultos e crianças em condições normais de saúde podem contrair o vírus, mas apresentar somente sintomas de um resfriado forte.

Já nos bebês que possuem doenças cardíacas, com prematuridade extrema ou problemas pulmonares crônicos, o VSR pode se manifestar mais gravemente, trazendo complicações como quadros de bronquiolite ou de pneumonia. Nesses casos, a internação hospitalar por dificuldade respiratória aguda pode ser indicada.

“Algumas crianças têm a imunidade mais baixa, e a medicação vai proteger se ela tiver contato com o vírus. O anticorpo diminui o risco de contrair a forma grave da infecção. Por isso, seguir a recomendação médica e concluir o esquema de imunização são fundamentais para estes grupos”, orienta Leite.


Cardiopata congênito, José Arthur Gomes, de 1 anos e 6 meses, recebeu o anticorpo contra o vírus sincicial respiratório pela segunda vez

José Arthur Gomes, de 1 ano e 6 meses, nasceu com cardiopatia congênita e foi imunizado pela segunda vez contra o VSR. Em 2022, o menino estava internado para a realização de uma cirurgia, quando tomou a primeira dose do palivizumabe. Naiara Gomes, de 27 anos, comemora a proteção do filho.

Ele nunca teve gripe ou resfriado. É uma criança muito ativa, brinca, anda descalço e nunca ficou doente, diferente de outras crianças da mesma idade”, observa a mãe.

Hospital Geral de Fortaleza

Neste ano, excepcionalmente, o HGF está administrando a medicação em pacientes externos com encaminhamento médico de unidades de saúde pública. A agenda possui datas mensais até junho e a marcação pode ser realizada junto ao ambulatório pelo telefone (85) 3101-3263.

Cobertura no Interior

No HRN, o ciclo de aplicação do anticorpo também começou em fevereiro e segue até junho, contemplando cerca de cem crianças da região. “Quando começa esse período de sazonalidade das chuvas, os vírus começam a circular. Os bebês são os que mais sofrem com as arboviroses e com a ação do VSR”, pontua a coordenadora de Enfermagem da Neonatologia, Maria Cristiane Soares.


Cem crianças devem ser imunizadas com palivizumabe na região Norte

Melissa, de 1 ano e 3 meses, é cardiopata e recebe o medicamento pelo segundo ano consecutivo. A menina fez uma cirurgia cardíaca no HM, na Capital, no ano passado, e, desde então, recebe o palivizumabe. A família, residente em Moraújo, a cerca de 60 km de Sobral, foi encaminhada para receber as doses no HRN. “É muito melhor porque é mais perto de casa”, diz a mãe da criança, Kelliane Albano, de 32 anos.