Projeto da Sesa selecionado pelo Ministério da Saúde vai promover produção de medicamentos fitoterápicos em parceria com comunidades indígenas cearenses

16 de maio de 2024 - 14:24 # # # # # #

Assessoria de Comunicação da Sesa
Texto:Kelly Garcia
Foto:Fátima Holanda
Arte gráfica: Iza Machado

Atualmente, existe um horto para o cultivo de plantas medicinais, o Horto Estadual do Ceará, que funciona no Nufito, no bairro Messejana

O projeto Interculturalidade e Farmácias Vivas no Sistema Único de Saúde (SUS) do Ceará foi selecionado pelo Ministério da Saúde (MS) para ser implementado nos 17 municípios que possuem comunidades indígenas em todo o estado. A iniciativa da Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa), em parceria com entidades públicas e sociedade civil, contempla a distribuição de medicamentos fitoterápicos nos locais selecionados e a construção de três novos hortos para o cultivo de plantas medicinais.

O anúncio da aprovação na seleção ocorreu na última segunda-feira (13). Segundo a titular da Coordenadoria de Políticas de Assistência Farmacêutica e Tecnologia em Saúde (Copaf) da Sesa, Fernanda Cabral, a ideia é promover a continuidade do acesso seguro e do uso racional de plantas medicinais e fitoterápicos, incorporando a ancestralidade, a territorialidade e os conhecimentos tradicionais indígenas.

“Esperamos que ele impacte na saúde pública do Ceará, porque irá garantir a continuidade da política estadual de produção e acesso às plantas medicinais e fitoterapia. Além disso, possibilitará a inovação tecnológica por meio da produção intercultural de fitoterápicos, fortalecendo tanto a Atenção Primária à Saúde, como a Saúde Mental e o direito à saúde dos povos indígenas de nosso Estado”, esclarece.

A iniciativa é resultado de uma parceria das secretarias da Saúde (Sesa), dos Povos Indígenas (Sepince), de Desenvolvimento Agrário (SDA) do Ceará e do Conselho Estadual de Saúde (Cesau-CE), com o Distrito Sanitário Indígena do Ceará (DSEI/CE) universidades Federal do Ceará (UFC) e Estadual do Ceará (Uece) e outras entidades ligadas ao movimento indígena.

Fitoterápicos

De acordo com a assessora especial da Célula de Atenção à Saúde das Comunidades e Populações Específicas (Cepop) da Sesa, Amanda Frota, o projeto promove a interculturalidade e contempla a Política Nacional de Atenção à Saúde dos Povos Indígenas (Pnaps) e a Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares (Pics). 

“O fitoterápico será produzido a partir de plantas cultivadas em hortos indígenas, por indígenas e integrantes da equipe da Sesa, que participarão de todo o ciclo funcional da Farmácia Viva: articulação, cultivo, beneficiamento, produção, prescrição, dispensação e educação permanente em saúde. Nosso objetivo é que os indígenas e a equipe de farmacêuticas da Sesa interajam em troca e mistura de saberes: da ciência farmacêutica e da medicina tradicional indígena”, diz. 

Para a assessora, o projeto contribuirá para a visibilidade do saber indígena no Ceará, assim como o respeito à cultura dessa população. “O rótulo dos medicamentos será constituído com grafismo indígena e todas as pessoas, usuárias do SUS que receberem o medicamento, saberão onde e quem o produziu, pois no rótulo estará o território e a etnia indígena produtora”, explica.

Segundo o assessor especial da Copaf, Micael Pereira Nobre, dez tipos de plantas estarão presentes na confecção desses fitoterápicos. São elas: babosa, capim santo, açafrão, chambá, erva-cidreira, alecrim-pimenta, hortelã-japonesa, confrei, malvarisco e boldo brasileiro.

Os ativos serão disponibilizados na forma de pomada, cápsulas, xarope, elixir e tintura, a depender do tipo. A distribuição irá acontecer nas Unidades Básicas de Saúde Indígena e Centros de Atenção Psicossocial (Caps). “Ao todo, durante o projeto, 75 mil unidades de fitoterápicos estarão disponíveis para prescrição e dispensação nos 17 municípios cearenses que possuem comunidades indígenas”, pontua o assessor.

A preparação de fitoterápicos será realizada na Oficina Farmacêutica da Fitoterapia do Núcleo de Fitoterápicos (Nufito) da Sesa, localizada em Messejana, por farmacêuticos, agentes de cultivo indígenas e assessores técnicos da Sesa. 

Novos hortos 

O projeto também contempla a construção de três novos hortos para o cultivo das plantas medicinais, em locais a serem definidos. Atualmente, existe um equipamento do tipo, o Horto Estadual do Ceará, que funciona no Nufito, no bairro Messejana. No local, são produzidas mudas para a instalação de Farmácias Vivas nos municípios e os ativos para a produção de medicamentos. As mudas que irão para o projeto serão produzidas nesse horto, assim como os fitoterápicos.