Referência no tratamento contra o câncer infantojuvenil, Hias também se destaca pelo acolhimento e tratamento humanizado

25 de janeiro de 2023 - 13:48 # # #

Assessoria de Comunicação da Casa Civil
Texto: Isabella Campos
Fotos: Helene Santos
Infográfico: Yuri Leonardo

No Ceará, cerca de 200 pessoas de zero a 18 anos são diagnosticadas com a patologia anualmente

Sorrisos nos rostos, palavras carinhosas e crianças brincando são imagens comumente observadas nos corredores do Hospital Infantil Albert Sabin (Hias), da Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa), e em seu anexo, o Centro Pediátrico do Câncer (CPC). As situações contrariam os estereótipos em torno dos tratamentos realizados na unidade.

“Nosso clima é alegre. A gente está aqui dentro com sorrisos, brincadeiras; de vez em quando ganhando um abraço. O dia a dia do oncologista pediátrico, de fato, tem muitos desafios, mas aqui é leve porque, em contrapartida, temos os nossos pequenos pacientes”. É assim que a onco-hematologista pediátrica e coordenadora do hospital-dia do CPC, Viviany Viana, descreve a rotina no complexo.

O Hias dedica-se ao atendimento pediátrico, com ênfase em doenças raras e assistência oncológica. O equipamento, com 70 anos de atividades, é referência na detecção precoce e no tratamento humanizado de neoplasias infantojuvenis.

O andar saltitante de Elisa Holanda, de 11 anos, é uma das evidências do cotidiano ameno vivenciado no ambiente, apesar do contexto hospitalar. Depois de quase dois anos de tratamento contra a leucemia linfóide aguda (tipo B), afetando sua imunidade, a menina não esconde os sorrisos, percebidos mesmo cobertos pela máscara.


Elisa Holanda, de 11 anos, enfrenta o diagnóstico de leucemia linfóide aguda 

“Apesar de tudo, eu gosto daqui. A gente brinca, a gente se distrai um pouquinho. Fiz amizades, conheci outras pessoas, então, gosto muito de vir para cá”, comenta Elisa. Com uma rotina de, pelo menos, três dias da semana no Hias, a garota já considera a equipe médica parte da família.

Referência

Considerado referência no Norte e Nordeste na detecção precoce e no tratamento de neoplasias infantojuvenis, o CPC funciona em regime de “porta aberta”, de segunda a sexta-feira, 24 horas por dia, sem necessidade de agendamento. Pacientes podem ser encaminhados por profissionais de qualquer nível de atenção à saúde.


De acordo com a diretora-geral do Hias, Fábia Linhares, o olhar diferenciado de profissionais sobre a assistência torna o hospital uma referência 

“O câncer é a maior causa de óbitos em crianças, depois dos acidentes e das doenças infecciosas. O diagnóstico precoce é a nossa maior estratégia para um tratamento eficaz”, destaca Fábia Linhares, pediatra e diretora-geral do Hias.

Segundo a gestora, o trabalho é feito em parceria com a Associação Peter Pan (APP). “Onde profissionais de todo o Estado são capacitados nesse olhar diferenciado para qualquer sinal e sintoma de uma doença onco-hematológica”, complementa.


Linhares ressalta que o diagnóstico precoce é importante não apenas para possibilitar mais chances de cura, mas para promover um serviço humanizado a todo o núcleo familiar. “Quanto mais cedo o paciente chegar a nós, podemos acolhê-lo melhor, acolher a família. Se o câncer não for identificado, daremos conforto aos familiares e orientaremos quanto ao seguimento pediátrico da patologia a ser identificada. Se for doença oncológica, aqui [no CPC] a criança inicia logo as terapias para alcançar a cura”, pontua.

Leucemias agudas, tumores de sistema nervoso central e linfomas estão entre os casos mais comuns de câncer na infância, de acordo com a literatura especializada.

Acolhimento

Mãe de Elisa, Helen Holanda é uma das várias acompanhantes amparadas pelo hospital. A moradora de Fortaleza chegou à unidade com a filha em agosto de 2020, durante a pandemia de covid-19. “Foram dois sustos: o primeiro por causa do estágio do período pandêmico naquele momento, principalmente por moramos com pessoas de grupo de risco, os meus avós; o segundo foi descobrir o diagnóstico dela, o que foi pior ainda, porque não se espera receber a notícia de um câncer em uma criança”, lembra.


Helen e Elisa elogiam a assistência humanizada prestada pelo Hias

Helen complementa: “Desde o primeiro dia, Deus colocou anjos na minha vida. Elisa já chegou tomando sangue e plaqueta, pois estava muito mal, e lembro de uma enfermeira que largou tudo, sentou ao meu lado e disse: ‘Eu só não posso te dar um abraço [devido ao distanciamento necessário imposto pela pandemia], mas se sinta acolhida’. Foi ali que chorei. Sinto esse acolhimento todos os dia”.

Apesar da caminhada dura do tratamento, Helen está aliviada por receber uma assistência humanizada. “A gente está no hospital, sabe que não é fácil, que tem momentos ruins, mas tem exemplos maravilhosos aqui dentro. Os médicos vêm, explicam direitinho, e tem esse lado humano”, avalia.

“Maior tesouro”

Com cerca de 430 pacientes em terapias, internados ou não, a unidade hospitalar oferece uma estrutura de ponta. São 34 leitos de internação, 24 para quimioterapia sequencial, além de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) de Oncologia Infantojuvenil, única das regiões Norte e Nordeste.

Fábia Linhares aponta, no entanto, que o “maior tesouro” do Hias é o olhar atencioso do corpo clínico. “É o nosso grande diferencial. Temos, em, média 200 crianças por ano diagnosticadas com câncer. Então, nosso trunfo é ter um corpo clínico capacitado, com os melhores oncologistas, não só daqui de Fortaleza, mas com a formação de fora, que vêm para cá pela riqueza dos serviço prestados à população”, sublinha a diretora-geral.

Foi exatamente essa atenção que possibilitou à Josiane Lessa, mãe de Daniel, de 14 anos, permanecer forte durante o período considerado por ela o “mais difícil de sua vida”. Depois de o adolescente passar semanas sentindo dores nas pernas, impossibilitando-o, inclusive, de andar de bicicleta, prática rotineira do garoto, veio o diagnóstico: osteossarcoma, tipo de tumor maligno que afeta células ósseas.

“Pensávamos que era ‘dor do crescimento’, como alguns chamam, mas aí resolvemos levá-lo ao ortopedista. Um raio-x foi solicitado. Assim que saiu o resultado, no outro dia já estávamos no Hias. Fomos encaminhados direto para cá. O médico tinha organizado tudo”, relembra Josiane. “Meu sentimento é de gratidão, porque um diagnóstico como este é uma bomba; o chão se abriu para mim”.

A família de Canindé faz viagens para Fortaleza, pelo menos, duas vezes por semana, desde fevereiro de 2021. Em quase dois anos de acompanhamento, o jovem passou por situações e procedimentos muito difíceis, como o da amputação da perna direita. “O acolhimento do hospital é sem igual. Em muitos lugares não tem isso, e aqui vai além”, enfatiza Josiane.


Josiane e Daniel, moradores de Canindé, encontraram a esperança a cerca de 100 km de casa

Vestindo uma camisa da seleção japonesa de futebol, assumindo ser fã de cultura asiática, o adolescente encontrou a esperança a cerca de 100 km de casa. Daniel afirma receber uma “corrente de apoio” de todos os colaboradores. “O pior já passou”, diz. “Por causa da amputação da perna, das dores que não sinto mais, por tomar remédio para dor. Daqui para frente, vou pensar que só vai vir coisa melhor”, ensina o menino.

Suporte contínuo


Viviany Viana é coordenadora do hospital-dia do Centro Pediátrico do Câncer

O Hias oferece um programa de suporte contínuo além do praticado durante o tratamento. Familiares recebem assistência psicológica desde o início ou após situações mais extremas, como óbitos.

O cuidado, porém, não se restringe a esses grupos. Profissionais de saúde atuantes no equipamento também são assistidos, devido ao desgaste emocional da rotina laboral. “Assim, tentamos manter esse clima leve, o que torna tudo menos árduo”, pondera a coordenadora do hospital-dia do CPC, Viviany Viana.