Capacitação em rede visa ao fortalecimento da linha de cuidado para pacientes com fissura labiopalatina

21 de dezembro de 2022 - 11:02 # # # #

Assessoria de Comunicação da Sesa
Texto e Fotos: Evelyn Barreto


Durante quatro meses, profissionais participaram da qualificação para reabilitação de pacientes com fissura labiopalatina em Fortaleza

A Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa) realizou, por meio da Superintendência da Região de Saúde de Fortaleza (SRFOR) e da Célula de Atenção à Saúde Bucal (Cebuc), na manhã dessa terça-feira (20), o encontro de encerramento da qualificação na reabilitação de pacientes com fissura labiopalatina. O evento aconteceu no Nível Central do órgão e pautou discussões sobre casos clínicos em serviços especializados do Sistema Único de Saúde (SUS) no Estado.

Durante quatro meses, entre agosto e dezembro, colaboradores que atuam em Policlínicas e Centros de Especialidades Odontológicas (CEOs) de Fortaleza participaram de uma capacitação para o aprimoramento e a operacionalização das reabilitações de pacientes que possuem a referida malformação. Dentre os profissionais contemplados, estão fonoaudiólogos, nutricionistas, psicólogos, assistentes sociais e odontólogos.

A atividade surgiu como piloto para a linha de cuidado, especialmente em apoio ao Núcleo de Atendimento Integrado aos Fissurados (Naif) do Hospital Infantil Albert Sabin (Hias), referência neste tipo de atendimento a crianças e adolescentes de 0 a 17 anos. “Ao pensar na qualificação e em ampliar o acesso, estamos fortalecendo a descentralização e a regionalização do serviço, por ser uma demanda reprimida, principalmente porque apenas o Naif realizava essa assistência”, afirmou Ícaro Borges, superintendente da Região de Fortaleza.


De acordo com Paola Calvasina, é importante que os municípios garantam a divulgação da linha de cuidado

A pandemia também agravou a situação da fila de espera e levantou um alerta em relação ao fluxo de operacionalização da demanda. É o que pontuou a orientadora da Cebuc, Paola Calvasina. “O Estado foi tensionado há alguns anos para discutir e qualificar melhor a linha de cuidado em relação às fissuras labiopalatinas e isso se tornou ainda mais necessário durante nos últimos três anos, visto que as cirurgias ficaram suspensas. Então, priorizamos um plano de ação, inicialmente em Fortaleza, para garantir tanto a realização dos procedimentos, quanto a recuperação dos pacientes”, destacou.

Atenção em rede

A reabilitação é algo imprescindível nesse contexto, visto que as pessoas que passam pelo procedimento precisam ter um acompanhamento profissional até, aproximadamente, os 18 anos. “Primeiro, há a etapa da cirurgia, com oito meses de vida. Até os dois anos de idade, outra intervenção precisa ser realizada e, depois, a depender do caso, a reabilitação fonoaudiológica precisa acontecer. Ou seja, são vários detalhes que perpassam esse procedimento e que não se dá somente uma única vez”, pontuou Calvasina.


A atividade surgiu em apoio ao Naif do Hias, referência neste tipo de atendimento em crianças e adolescentes

Ainda de acordo com a orientadora da Cebuc, é importante que os municípios garantam a divulgação dessa linha de cuidado para que se entenda a necessidade de cumprir tempos cirúrgicos importantes. “Estamos em reunião com diversas cidades para divulgar esse trabalho e garantir a integração dos serviços de saúde. Queremos construir uma assistência em que o paciente tenha essa abordagem mais próxima da sua casa”, afirmou.

Humanização

Após a capacitação oferecida pela Sesa, os profissionais do Centro Especializado em Reabilitação (CER) da Policlínica de Pacajus, idealizaram uma ação humanizada, em outubro deste ano, reunindo as crianças que passaram pelos procedimentos nos sete municípios das Áreas Descentralizadas de Saúde (ADSs) para uma avaliação multidisciplinar.

“Identificamos todas as especialidades necessárias na linha de cuidado e reunimos ortodontista, otorrinolaringologista, fonoaudiólogo, nutricionista, psicólogo, enfermeiro e assistente social para fazer esse trabalho. Houve toda uma mobilização da ADS de Cascavel e da Sesa, em que acessamos a lista dos pacientes e fizemos uma busca ativa das crianças que possuem a malformação. Todas receberam convite e foram recepcionadas na Policlínica, no dia 25 de outubro, com decoração temática nas salas de cada especialista, com balões, pirulitos e emojis de sorrisos com fissura labiopalatina”, relembrou Rebeka Leite, coordenadora do CER Pacajus.

Reunir todos em uma mesma data significou uma trilha de atendimento mais acolhedora, personalizada e ágil. “A avaliação multidisciplinar envolveu, inicialmente, um formulário que os pais preencheram com informações do perfil de seus filhos, como foi o nascimento, a classificação da fissura e outros dados relevantes. Nesse momento, era aberto o prontuário da criança, que, no mesmo dia, passava pelas salas dos profissionais de cada especialidade, finalizando com a assistente social, que marcava os retornos. Dessa forma, eles permanecem sendo atendidos no município, tanto na Policlínica quanto no CEO, sendo mais prático para as famílias e menos burocrático para os profissionais”, explicou Leite.

Fissura labiopalatina

A fissura labiopalatina é uma abertura no lábio e/ou palato (céu da boca), resultando em uma malformação congênita dessas regiões. O tratamento requer uma abordagem multidisciplinar, ou seja, vários profissionais participam do cuidado.

A causa definitiva das fendas no lábio e no palato ainda é objeto de pesquisa no mundo inteiro. Mas já se sabe que fatores hereditários e alimentação contribuem para o surgimento das deformidades.