Gestoras da Secretaria da Saúde falam de amor pela carreira e desafios

9 de março de 2019 - 08:39 # # # #

Assessoria de Comunicação da Sesa -Cristiane Bonfim

Todo dia elas precisam tomar decisões relevantes que podem impactar na vida de muitos cearenses. Chegar a cargos de alta gestão traz recompensas, mas também dificuldades. Há uma busca constante para que as decisões de cunho administrativo sejam as mais acertadas gerencialmente e as que tragam maior benefício para os usuários do sistema de saúde no Ceará. Assim trabalham Hilma Alves Silva, coordenadora financeira da Secretaria da Saúde do Ceará, e Tânia Coelho, secretária executiva de Atenção à Saúde da Sesa.

As duas mulheres que estão à frente de equipes numerosas em atuação na área financeira e na assistência numa das pastas mais importantes da gestão pública estadual falam de um ponto em comum: o amor pelo que fazem. Mas também ponderam que o trabalho traz dilemas constantemente, como o pouco tempo para a vida familiar.

Na chefia de cerca de 50 pessoas que cuidam das finanças da Sesa e das unidades, Hilma está há quase quarenta anos na secretaria, tendo passado por vários setores. Se houvesse como voltar no tempo e dar um recado para a jovem Hilma, que sempre foi muito disciplinada e dedicada ao trabalho, ela diria para que tentasse dedicar mais tempo aos papéis de mulher, mãe e esposa. “Dizer que consegui equilibrar bem, não consegui. E isso não está certo. Hoje já consigo dosar melhor”, mas esse equilíbrio demorou a ser conquistado, admite.

Trabalhar com honestidade, responsabilidade, clareza são características das quais a gestora se orgulha e diz tentar passar essa mensagem para todos com quem atua profissionalmente. Quando questionada sobre as diferenças entre homens e mulheres, Hilma fala com mais firmeza. “A figura do homem é super importante, mas a mulher é a força suprema”, compara.

Ela considera que as dificuldades de trabalhar na área financeira podem deixar as pessoas um pouco mais frias e defende que o ideal é o equilíbrio entre a legislação e as necessidades da população. “O meu foco é o paciente que está lá na ponta. Por isso que dou o melhor de mim”, garante.

Sobreaviso constante

A atenção à saúde é outra área sensível e fundamental para a Pasta. No Ceará, está sob a gestão de outra mulher, Tânia Coelho. Aos 47 anos, ela é formada em Medicina há 21. Além de ter atuado no Programa de Saúde da Família e como plantonista, Tânia passou também pela direção clínica e pela direção geral do Hospital São José, referência em doenças infecto-contagiosas no Ceará. Em dezembro de 2017, foi nomeada superintendente da Rede de Unidades da Sesa e, em 2019, passou a ocupar o cargo de secretária executiva de Atenção à Saúde, à frente de uma área finalística e crucial para a Secretaria.

Para a gestora, a função a mantém “praticamente 24h de sobreaviso” já que a saúde requer decisões rápidas e que envolvem cuidados com outras vidas. “Eu faço o que eu gosto. E tem também o lado da família, que é uma coisa que eu prezo muito. Eu não tenho filho. Então já diminui minha carga de trabalho em relação a outras mulheres. Para mim é mais tranquilo, mas tenho um marido que cobra e uma mãe que preciso dar assistência. Então a gente tem de conciliar e às vezes é difícil”, reconhece Tânia Coelho.

O tempo dedicado ao trabalho, entretanto, traz resultados que são considerados muito relevantes pela profissional de saúde. “A recompensa principal é a gente poder contribuir para melhorar a assistência da saúde para uma população tão necessitada, tão carente. Então a gente saber que está fazendo alguma coisa que pode mudar isso… Não existe maior recompensa. A saúde é o bem mais importante do ser humano”, conta Tânia.

Em meio às dificuldades, a briga é também por mais reconhecimento e por representatividade para as mulheres. Ao longo da carreira, Tânia considera que elas podem contribuir com decisões mais sensíveis e mais solidárias ao problema do outro e conta que já teve de falar mais alto algumas vezes para conseguir ser ouvida entre colegas do sexo masculino.

“A gente traz um sorriso. Às vezes não, às vezes sou a mais estressada do grupo”, conta às gargalhadas. A rede própria de saúde conta com 11 hospitais que se reportam à Superintendência da Rede de Unidades (SRU), que foi administrada pela médica ao longo de pouco mais de um ano e hoje está vinculada à área que ela gere na Sesa.

Apesar do espaço e do reconhecimento que conquistou, Tânia Coelho avalia que ainda falta muito para que as mulheres alcancem o espaço que merecem na sociedade. “Na verdade, eu não consigo enxergar ainda o equilíbrio. Você tem uma deputada federal (no Ceará). Nunca uma mulher foi presidente da Assembleia Legislativa (do Ceará). A gente ainda precisa de muito para mudar essa situação. Ainda falta espaço a ser conquistado, sim”, declara com firmeza.