Caboverdiana faz planos com experiência em residência médica no Ceará

8 de março de 2019 - 09:07 # #

Assessoria de Comunicação do HRN - Teresa Fernandes

O esperado retorno da médica Wanneida Fernandes, 37 anos, de Sobral para Cabo Verde tem o objetivo de levar assistência qualificada às gestantes. Ela vivencia uma parte da residência médica no Centro de Apoio à Saúde Reprodutiva da Mulher (CASRM), do Hospital Regional Norte (HRN), do Governo do Ceará.

Natural de Praia, capital do país insular da costa da África Ocidental, Wanneida tem o desejo de voltar à terra natal para se dedicar ao cuidado da saúde reprodutiva das mulheres de seu país. Há dois anos, a médica viu esse sonho começar a se tornar realidade com a aprovação na Residência Médica de Ginecologia e Obstetrícia da Universidade Federal do Ceará (UFC).

Ela foi uma entre dois médicos caboverdianos classificados e veio para Sobral, a quase três mil quilômetros de distância do seu país. Wanneida deve voltar para Cabo Verde ao final de 2019. “É um hospital muito bom, com uma excelente estrutura. Imaginei inicialmente que fosse um hospital privado”, fala sobre o HRN.

Wanneida dá plantões principalmente na Clínica Obstétrica, onde acompanha casos de gestantes de alto risco. Ela lembra que cursou seis anos de medicina em Cuba e esperou durante 13 anos a oportunidade de fazer uma residência médica em Ginecologia e Obstetrícia.

“As vagas surgem em um acordo de cooperação entre os países. Cabo Verde tem necessidade de médicos especialistas e solicita essas vagas ao governo brasileiro”, afirma a profissional sobre a cooperação envolvendo a UFC.

A médica lembra que deixou o marido e o filho de 18 anos para morar durante dois anos no Brasil. Apesar da saudade, ela ressalta que a experiência tem valido a pena. “Gosto muito de Sobral, da tranquilidade da cidade e tenho aprendido muito nesse tempo de residência”, comenta.

Entre os aprendizados que levará para seu país são as estratégias de prevenção de doenças graves como o câncer de colo de útero, o acompanhamento mais atento do pré-natal para identificação precoce do risco gestacional e a prevenção da gravidez na adolescência.

Estudo

Durante seu tempo de residência, Wanneida produziu um estudo sobre a cerclagem uterina, uma intervenção cirúrgica que costura o colo uterino para evitar o parto prematuro. A técnica é indicada para mulheres com insuficiência do colo do útero e que podem começar a dilatar ainda nos dois primeiros trimestres de gestação, antecipando o nascimento do bebê.

A médica explica que avaliou todos os procedimentos de cerclagem realizados no HRN entre 2014 e 2018. No período, 34 mulheres passaram pela cirurgia. Segundo ela, o procedimento alcançou uma resposta positiva, já que 53% dos partos foram normais e o ganho foi em média de 14 semanas a mais de gestação.

“A conclusão é de que vale a pena cerclar as mulheres. Tivemos um ganho, em semanas, significativo e conseguimos aumentar o número de partos a termo (entre 37 e 42 semanas de gestação) ou entregar um bebê prematuro melhor à Neonatologia”, destaca.

Atendimentos

O Centro de Apoio à Saúde Reprodutiva da Mulher do HRN é um serviço especializado no atendimento a gestantes em caso de média e alta complexidade. Em cinco anos, até novembro de 2018, o Hospital Regional Norte registrou 16.527 mil atendimentos no CASRM. Desse total, 10.863 mulheres buscaram a Clínica Obstétrica e 3.367, a Clínica de Parto Normal.

Já a Unidade de Cuidados Obstétricos (UCO) teve 2.297 atendimentos no mesmo período. Em consultas ambulatoriais, foram 9.302 atendimentos. O Hospital Regional Norte já realizou 7.917 partos (normal e cesária).