HMJMA atende pacientes com endometriose via Central de Regulação; dores intensas e sangramentos podem ser sinais da doença

10 de fevereiro de 2022 - 10:54 # # # # # #

Assessoria de Comunicação do HMJMA
Texto e fotos: Diana Vasconcelos


Aos 40 anos, Jocélia Silva não tinha informações sobre a doença que acomete mais de seis milhões de brasileiras

Dores intensas, inchaço e sangramentos assustaram a dona de casa Jocélia Batista da Silva, 40, por um bom tempo até o diagnóstico de endometriose. A doença afeta mais de seis milhões de mulheres em todo o Brasil. Apesar de ter cura, a enfermidade pode ocasionar complicações graves, se não tratada em tempo oportuno.

Segundo o ginecologista obstetra Francisco Lucas Nogueira, do Hospital e Maternidade José Martiniano de Alencar (HMJMA), unidade da Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa), a endometriose tem tratamento clínico ou cirúrgico, “a depender da gravidade e da resposta da paciente à terapia”.

Os sintomas de Jocélia iniciaram há quase dois anos. “Começou com dor no ‘pé da barriga’, muita cólica. Eu pensava que era normal. Mas, um dia, comecei a ter sangramento durante a relação e fiquei muito preocupada”, lembra a moradora de Sobral, município do Norte do Estado.

A dona de casa procurou ajuda médica e realizou tratamentos na cidade onde reside, mas, segundo ela, não adiantou. “Continuava com dores e sangramentos. Eu passava mal de dor”, diz. O diagnóstico de endometriose só foi confirmado um ano após as primeiras manifestações, depois de consultar um especialista.

Sinais de alerta

Cólicas intensas e sangramentos durante relações sexuais são características comuns da doença, assim como dores para evacuar e/ou urinar, principalmente durante o ciclo menstrual. “São sintomas sugestivos. Essas mulheres devem ser avaliadas por um médico especialista e, a partir do diagnóstico, ser acompanhadas para avaliar a gravidade”, afirma Nogueira. O profissional destaca que problemas relacionados à endometriose podem surgir ao longo de toda a idade reprodutiva da mulher.


Acompanhada da mãe, Manuelle Tomé, 18, realizou cirurgia para retirar cistos no ovário; jovem é acompanhada pelo serviço ambulatorial do HMJMA

Manuelle Raquel Freires Tomé, 18, também foi diagnosticada com a doença em janeiro de 2020. “Sentia dores fortes na região dos ovários, às vezes passava para perna e lombar. Já menstruava muito, mas começou a aumentar o fluxo ainda mais, além das dores. Chegou um momento em que eu não conseguia fazer minhas coisas; meus estudos também foram afetados”, conta a jovem.

Com cistos no ovário, Tomé iniciou o tratamento para tentar reverter o quadro. No entanto, uma cirurgia precisou ser realizada. Foi no HMJMA que a moradora de Itapipoca, distante cerca de 130 km de Fortaleza, pôde se preparar para a retirada de cistos – procedimento realizado no fim de janeiro deste ano. A estudante é acompanhada no serviço ambulatorial da unidade hospitalar.

Identificação e tratamento

A endometriose se caracteriza pelo endométrio fora de seu lugar original e por células que respondem a hormônios femininos, como o estrógeno e a progesterona, também responsáveis pela menstruação. Estas células podem se espalhar por todo o corpo, mas, normalmente, permanecem nos ovários, numa parte atrás do útero, no intestino, nas trompas, na bexiga, ou, então, na pelve. Lesões podem ser formadas nos locais, estimuladas todos os meses pelo ciclo menstrual. “Isso faz com que menstruem dentro da barriga, e esse sangue não tem como sair do corpo, fazendo com que o tecido fique inflamado. Com o passar do tempo, causa cicatrizes e nódulos”, explica Nogueira.

Ainda de acordo com o médico, não é possível prevenir a doença, mas identificá-la precocemente pode evitar o agravamento. O obstetra ressalta que o tratamento indicado, a depender das condições de cada paciente, visa a preservar a qualidade de vida e a fertilidade das mulheres acometidas, sendo, em sua maioria, jovens.

No tratamento clínico, podem ser indicados analgésicos, anticoncepcionais e DIU hormonal. Caso a mulher não obtenha uma resposta aceitável ou já apresente nodulações em regiões com risco de obstrução ou suspeita de malignidade, é preciso considerar a cirurgia. “O procedimento retira as lesões. É uma cirurgia mais conservadora, porque a paciente pode ser jovem e ainda quer gerar filhos, e, por isso, também é muito mais trabalhosa. É uma operação delicada, com riscos, pois mexemos em órgãos essenciais, mas que devolve a qualidade de vida da paciente”, pontua Nogueira.

Atendimento

O ambulatório de endometriose do HMJMA funciona às quintas-feiras. As consultas são agendadas via Central de Regulação e podem ser solicitadas de todo o Ceará. O hospital de média complexidade realiza diversos tratamentos para a doença, como clínico, implantação de DIU e cirurgia. A unidade também auxilia as pacientes com apoio psicológico.