Dia Mundial de Combate à Meningite: vacinação é fundamental para prevenir a doença

5 de outubro de 2023 - 08:59 # # #

Assessoria de Comunicação do HSJ
Texto: Bárbara Danthéias
Fotos: Thiago Gaspar (Casa Civil)/ Bárbara Danthéias
Arte gráfica: Carlos Alberto Jr.

Vacinação é ferramenta fundamental para prevenir a meningite (Foto: Thiago Gaspar/ Ascom Casa Civil)

No Dia Mundial de Combate à Meningite, celebrado na quinta-feira (5), o Hospital São José (HSJ), unidade da Secretaria da Saúde do Estado do Ceará (Sesa), reforça a importância da vacinação para a prevenção da doença. Caracterizada pela inflamação da meninge, membrana que reveste o cérebro, a meningite pode ser causada por vírus, fungos e diferentes tipos de bactérias.

A infectologista do HSJ, Fernanda Remígio, explica que as meningites virais geralmente são mais leves e autolimitadas. “Elas causam bastante incômodo, mas, em geral, com o suporte sintomático, de alívio de sintomas, elas são curadas”, relata. Já as meningites bacterianas são agudas e, se não tratadas a tempo, podem deixar graves sequelas ou até mesmo levar o paciente a óbito. Dentre as mais comuns, estão as causadas pelas bactérias pneumococo e meningococo — ambas preveníveis por vacinas.

“A meningite pneumocócica, por exemplo, está muito associada a sequelas neurológicas, como perda auditiva e perda visual ou até alteração da cognição. E as por meningococo são muitas vezes associadas a uma sepse muito grave, com lesão vascular e que pode até causar amputação das extremidades, caso não seja tratada a tempo”, informa.

O Programa Nacional de Imunização (PNI) disponibiliza gratuitamente cinco vacinas contra meningite: BCG, Pentavalente, Meningocócica C, Pneumocócica 10v e Meningocócica ACWY — esta última indicada para adolescentes de 11 e 12 anos de idade e, até dezembro de 2023, para adolescentes de 13 e 14 anos de idade, conforme orientado pelo Ministério da Saúde.

No Ceará, o aumento de casos de meningite pode ser associado à queda na procura pelos imunizantes: ao avaliar uma série histórica de 2016 a 2023, observa-se uma queda nas coberturas vacinais contra meningite a partir de 2019, ano em que foram notificados 128 casos dos principais tipos de meningite preveníveis por vacinas — o maior número durante todo o período avaliado.

A coordenadora de Imunização da Secretaria da Saúde do Estado do Ceará (Sesa), Ana Karine Borges, destaca que, embora o Estado do Ceará apresente coberturas vacinais superiores a 80% para 2023, esse resultado ainda não é satisfatório, uma vez que a meta preconizada é de 95%.

“É importante ressaltar que esse cenário aumenta o número de indivíduos suscetíveis e a probabilidade de surtos de doenças evitáveis por vacinas, uma vez que os grupos prioritários, quando não vacinados, são considerados os principais portadores. As consequências são o crescimento da morbidade e mortalidade, além da sobrecarga dos sistemas de saúde. Assim, na oportunidade da campanha nacional de multivacinação, que acontece até o dia 14 de outubro, é fundamental que os pais e responsáveis procurem uma unidade de saúde para avaliar e atualizar a situação vacinal das crianças e adolescentes”, alerta Borges.

Formas de transmissão e sintomas

Fernanda Remígio, infectologista do HSJ, alerta para as formas de prevenção das meningites (Foto: Bárbara Danthéias)

De acordo com Fernanda Remígio, a meningite por pneumococo é muito frequente, uma vez que é causada por uma bactéria presente nas nossas vias respiratórias e que, por algum desequilíbrio, pode causar meningite. Já a causada por meningococo é a mais comum e é transmissível por gotículas que nós expelimos ao falar ou respirar. “Se alguém tiver um contato por cerca de duas horas e com proximidade inferior a dois metros com pessoa infectada, esse alguém estará sujeito a adquirir o meningococo e desenvolver a meningite ou outras infecções causadas por essa mesma bactéria”, destaca.

Os principais sintomas da doença incluem febre; dor de cabeça contínua e intensa, que não cede totalmente com medicação para dor; vômitos intensos; sonolência e rigidez na nuca. “Como há um aumento da produção do líquido que recobre o cérebro, isso vai causar o aumento da pressão dentro do crânio e, consequentemente, temos o sintoma clássico de rigidez na nuca — que não é dor no pescoço, mas uma dificuldade de dobrar o pescoço para a frente”, relata.

Em crianças pequenas, assim como em idosos, os sintomas costumam ser menos específicos. “Um bebê que está muito irritado, febril e não consegue se alimentar, você sempre tem que desconfiar da meningite”, recomenda a infectologista.

Prevenção e tratamento

“A prevenção das meningites é bem simples, principalmente porque a meningite mais transmissível, que é a meningite por meningococo, pode ser evitada por meio de vacina”, enfatiza Remígio. Neste sábado (7), haverá o “Dia D” da Campanha da Multivacinação no Ceará, oportunidade para que crianças e adolescentes menores de 15 anos atualizem o esquema vacinal contra meningite e outras vacinas do Calendário Nacional de Vacinação.

Outra forma de se prevenir, aponta a médica, é o diagnóstico precoce. “Se a pessoa suspeitar que pode estar com a doença, ela deve ser avaliada e, após o diagnóstico, deve haver o bloqueio para meningite das pessoas que tiveram contato com ela. O tratamento é feito com antibiótico, por via venosa, e pode durar de sete a catorze dias, para as meningites bacterianas. Todas elas têm cura, exceto quando são diagnosticadas muito tarde”, ressalta.