Hospital São José orienta população sobre os riscos da automedicação em caso de suspeita de dengue

2 de maio de 2024 - 15:27 # # # # # #

Assessoria de Comunicação do Hospital São José
Texto e fotos: Bárbara Danthéias

Medicamentos anti-inflamatórios, como o ibuprofeno, são contraindicados em caso de suspeita da doença

“Este medicamento é contraindicado em caso de suspeita de dengue. Ao persistirem os sintomas, um médico deverá ser consultado”. Você já deve ter ouvido essa frase, citada ao fim de propagandas de analgésicos e anti-inflamatórios. Mas será que você sabe o motivo por trás dessa recomendação? Em meio à atual epidemia de dengue, que já soma mais de 3,9 milhões de casos em todo o Brasil, é fundamental entender por que se automedicar em caso de suspeita da doença pode representar um risco à saúde.

A dengue é uma doença viral transmitida por mosquitos fêmea da espécie Aedes aegypti. Os sintomas característicos da enfermidade que devem ligar o sinal de alerta incluem febre alta, dor no corpo, dor na cabeça e dor retro-orbitária [atrás dos olhos], conforme explica Fernanda Remígio, infectologista do Hospital São José, unidade da Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa). “A dengue é aquela doença que começa de uma vez: o paciente começa a sentir uma febre aguda, uma dor de cabeça muito intensa. Às vezes, a pessoa dorme bem e acorda doente ou de manhã está bem e à tarde fica doente. É bem abrupto”, complementa a médica.

Entre as repercussões da patologia no organismo, destaca-se a diminuição das plaquetas, um dos componentes do sangue responsáveis pela coagulação. Além disso, o vírus causador da dengue também lesiona o fígado. “Medicamentos que atuam nessas duas vias, tanto forçando o fígado ou interferindo na coagulação do sangue, nós devemos evitar”, ressalta Claudevan Freire, farmacêutico do HSJ.

Medicamentos contraindicados

E quais são esses medicamentos? A principal classe de remédios a ser evitada são os anti-inflamatórios, como ácido acetilsalicílico (AAS), ibuprofeno, naproxeno e diclofenaco. Do mesmo modo, também é preciso ter atenção redobrada caso a pessoa com sintomas de dengue faça uso de anticoagulantes, devido ao risco de hemorragias.

O farmacêutico Claudevan Freire também alerta sobre os riscos do uso de anticoagulantes durante o período agudo da doença

“É o caso da varfarina e também do medicamento fitoterápico chamado ginkgo biloba. ‘Ah, é um fitoterápico, indicado para circulação.’ Sim, é muito bom, mas quando há sinais de dengue, você tem que ter cautela e interromper o uso. Se o medicamento tiver sido recomendado pelo seu médico, você deve consultá-lo e ver a orientação que ele vai passar”, orienta o farmacêutico.

Freire também alerta sobre o uso da ivermectina, medicamento que não possui eficácia comprovada no tratamento da dengue. “É fake news mesmo. O próprio Ministério da Saúde já reconheceu que não há eficácia da ivermectina para tratar dengue. Ela não vai reduzir a carga viral, pelo contrário: se for tomada de forma errada, ela vai aumentar essa função do fígado e pode ser mais um fator prejudicial à saúde”, informa.

Tratamento

É importante salientar que a dengue é uma infecção autolimitada, ou seja, a maioria das pessoas se recupera totalmente poucos dias após o início dos sintomas, principalmente nos casos mais leves da doença. “Nossa função, enquanto equipe assistencial, é manter o paciente bem durante esse período agudo, dentro dos parâmetros adequados”, pontua Remígio.

A dipirona é o medicamento mais indicado para alívio dos sintomas da dengue; em caso de alergia ao medicamento, também é possível fazer uso do paracetamol

O tratamento consiste no alívio dos sintomas, além de repouso e ingestão de líquidos. Como os anti-inflamatórios são contraindicados, o uso de dipirona é o mais indicado para redução da febre e dor no corpo.

Em caso de alergia à dipirona, pode-se fazer uso do paracetamol, mas sempre com acompanhamento médico. “Pessoas que têm alergia à dipirona podem tomar paracetamol durante um curto período, enquanto houver febre e dor, e nas doses recomendadas pelo profissional de saúde. Isso, claro, com monitoramento”,  frisa Freire.