Setembro Amarelo: cuidar da saúde mental de crianças e adolescentes pode evitar transtornos graves
13 de setembro de 2023 - 15:21 #prevenção ao suicídio #saúde mental #setembro amarelo #valorização da vida
Assessoria de Comunicação do Hias e HSM
Texto e fotos: Ana Lídia Coutinho e Milena Fernandes
Adolescentes e familiares são acompanhados por especialistas no Hospital de Saúde Mental Professor Frota Pinto (Foto: Milena Fernandes)
Cuidar da saúde mental de crianças e adolescentes pode ser um desafio para pais e profissionais de saúde. Além dos transtornos que envolvem esse público, os processos de internação e problemas de saúde podem afetar os pequenos no campo da saúde psíquica. Daí a necessidade de atendimento especializado. No Hospital de Saúde Mental Professor Frota Pinto (HSM), unidade da Secretaria da Saúde do Ceará, o Núcleo de Atenção à Infância e Adolescência (NAIA) oferece atendimento gratuito para o tratamento de transtornos psiquiátricos que acometem crianças e adolescentes. Este ano, de janeiro a julho, foram registrados 2.497 atendimentos a pacientes da capital e do interior do Estado.
O público atendido é encaminhado pela Central de Regulação da Sesa. Entre os principais casos recebidos, destacam-se o Transtorno do Espectro Autista (TEA), Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH), Transtorno de Humor (depressivos) e Transtorno Afetivo Bipolar (TAB). O serviço conta, ainda, com um ambulatório específico voltado para crianças de 3 a 6 anos, no qual diversas patologias são tratadas.
Francisca Cláudia Silva acompanha a filha no tratamento no HSM (Foto: Milena Fernandes)
A funcionária pública Francisca Cláudia Silva, de 50 anos, sempre acompanhou a filha nos atendimentos mensais. “Desde os três anos de idade, quando foi diagnosticada com TDAH e TAB que ela é acompanhada pelos profissionais desse ambulatório. Minha filha já está com quase dezoito anos e, durante todo esse tempo, recebemos um tratamento excelente, pois aqui até os familiares são cuidados. Atualmente, ela está muito bem, pois jamais deixamos de comparecer às consultas e sempre seguimos à risca o tratamento recomendado”, afirma.
Sinais podem indicar problemas relativos à saúde mental de adolescentes
Para atender à demanda, o NAIA conta com equipe formada por psicólogos, psiquiatras, pediatra e assistente social. O atendimento é considerado também referência na área de ensino por oferecer Residência em Psiquiatria e Especialização em Infância e Adolescência. De acordo com a psicóloga Marleide Oliveira, a adolescência é uma etapa de transição que inclui diversas transformações físicas, um período vulnerável para o desenvolvimento de problemas relativos à saúde mental. Na ausência de um suporte adequado, tal fragilidade psíquica pode comprometer todo o processo de desenvolvimento esperado nesse período.
“Os indicadores de comprometimento da saúde mental podem se apresentar como respostas emocionais desproporcionais aos fatos vivenciados. Alguns sinais, como dificuldades para estabelecer e manter relacionamentos interpessoais, consumo de álcool e outras substâncias, alterações do humor e irritabilidade podem ser indícios de uma saúde mental fragilizada, sendo necessário buscar ajuda profissional”, alerta.
A psicóloga ressalta que, nessa fase, a família exerce um papel fundamental na promoção da saúde mental. Por isso, é importante que esteja aberta ao diálogo e tenha sensibilidade para entender as necessidades e as diferenças individuais de cada jovem, oferecendo suporte emocional e carinho aos seus filhos. “Também é necessário incentivar hábitos positivos, como a realização de exercícios regulares, a socialização, o bom relacionamento familiar e a busca por ajuda, em caso de necessidade. Esse apoio é imprescindível para o fortalecimento da autoestima do jovem, bem como para que se sinta acolhido e encorajado a manter o cuidado”, diz Marleide.
A especialista reforça que o profissional da área deve sempre estabelecer o vínculo com o paciente. “É importante acolher e ouvir o adolescente e os familiares atentamente, mostrar empatia e respeito, além de não fazer julgamentos. Falar com o paciente sobre questões relacionadas à depressão e ansiedade pode ajudá-lo a se sentir mais seguro e confortável para conversar sobre assuntos que lhe causam incômodo”, frisa.
Impactos da internação hospitalar na saúde mental dos pacientes
Para além do tradicional processo terapêutico, Psicólogos do Hias desenvolvem abordagens de tratamento lúdicas e holísticas com os pacientes internados (Foto: Emanuella Brito)
O processo de adoecimento e internação hospitalar em si também pode ter um impacto significativo na saúde mental de crianças e adolescentes. A jornada desafiadora é acompanhada por uma série de questões emocionais e psicológicas. Nesse contexto, o papel crucial dos profissionais da psicologia no Hospital Infantil Albert Sabin (Hias) se destaca como uma ferramenta essencial para promover uma período de internação tranquilo e de recuperação abrangente.
De acordo com a psicóloga da unidade, Francivânia Rodrigues, a experiência de adoecer e ser hospitalizado pode ser assustadora e confusa para crianças e adolescentes. Além das preocupações com a própria saúde, eles enfrentam mudanças abruptas em suas rotinas diárias, separação de amigos e ambientes familiares e, em muitos casos, procedimentos médicos invasivos. Esses fatores contribuem para sentimentos de ansiedade, medo, tristeza e isolamento social, afetando negativamente a saúde mental dos mais jovens.
“Os adolescentes costumam ser mais verbais durante uma escuta à beira do leito. A gente percebe que o processo de internação faz com que a ansiedade fique mais aflorada e se torne uma crise. Eles também manifestam mais sofrimento no diagnóstico, a linguagem corporal também demonstra sinais. Eles podem trazer questões do contexto de vida e a internação se torna gatilho”, explica.
Já as crianças costumam manifestar sofrimento no momento da brincadeira, ficando mais agressivas ou mais introspectivas, sendo mais incomum a verbalização dos problemas. No Hias, os profissionais da psicologia adotam a ludoterapia, realizando intervenções sistemáticas nos setores para aprofundar emoções.
“Com essas ações, podemos perceber se a criança tem alguma questão na saúde mental. Esses recursos lúdicos são trabalhados em conjunto, criamos atividades que envolvem desenhos, músicas, personagens e outras ferramentas que permitem expressar os sentimentos, então conseguimos detectar o que está causando a chateação”, detalha.