Fisioterapeuta diagnosticada com câncer de mama reabilita mulheres mastectomizadas: ‘Respirava câncer, então resolvi me especializar’

28 de outubro de 2022 - 11:32 # # # # #

Assessoria de Comunicação do Helv
Texto e fotos: Isabelle Azevedo


Fernanda Martins participou de roda de conversa sobre o tema durante programação do Hospital Leonardo Da Vinci em alusão ao Outubro Rosa

A fisioterapeuta Fernanda Martins, que atua no Hospital Estadual Leonardo Da Vinci (Helv), enfrentou um câncer de mama aos 28 anos. Um exame de ultrassom de rotina a fez descobrir um nódulo suspeito no seio. Encaminhada para um mastologista, após biópsia, foi diagnosticada com a neoplasia. “Inicialmente, parece que abre um buraco no chão e a pessoa anda e cai. Mas, logo em seguida, vem uma mola e, com a ajuda da fé, da família e da rede de apoio, dá para começar a luta, que não é fácil”, diz Fernanda, hoje com 39 anos. “O novo dá medo e o tratamento é muito pesado”, complementa.

A história da fisioterapeuta foi contada por ela durante roda de conversa promovida na quinta-feira (27) para colaboradores do Helv, unidade da Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa) sob gestão do Instituto de Saúde e Gestão Hospitalar (ISGH).

O evento, alusivo ao Outubro Rosa, campanha de prevenção e combate ao câncer de mama, também teve a participação do cirurgião oncológico e diretor de Processos Assistenciais do hospital, Jefferson Oliveira, e da radiologista formada pelo Instituto do Câncer do Ceará (ICC) e coordenadora médica do Serviço de Radiologia do Helv, Patrícia Miranda.

Fernanda Martins passou por 16 sessões de quimioterapia, fez cirurgia para a retirada da mama, radioterapia e tratamento de hormonioterapia – percurso que durou dez anos. O período foi acompanhado de pesquisas e leituras sobre a doença.

“Depois de todo o meu tratamento, como eu estudei demais, respirava câncer, como minha família dizia. Resolvi, então, me especializar na área. Fiz residência em Oncologia no ICC e continuo trabalhando nessa área no Hospital Geral Dr. César Cals (também unidade da Rede Sesa)”, ressalta.

A fisioterapeuta, que até então tinha resistência em atuar em hospital, iniciou um trabalho de reabilitação de mulheres mastectomizadas. “Para mim, é um orgulho. Tenho muita satisfação de dar assistência a esse público, de trazer força, de levar meu exemplo e dizer que a vida continua”, ensina.

Segundo Fernanda, muitas mulheres ficam receosas de perder a mama e a mobilidade do braço. “Não é bem assim. Estou aqui para dar força para as pessoas se cuidarem e fazerem seus exames periódicos. Quanto mais rápido descobrir o câncer, maior a chance de cura”.

Diagnóstico precoce

Para Jefferson Oliveira, é fundamental difundir informações sobre prevenção ao câncer de mama, ainda mais num contexto de avanço na assistência oncológica. “O que mais buscamos na comunidade cirúrgica é preservar a mama, buscando evitar a mastectomia simples ou radical”, pontua o médico.

Durante a conversa, a radiologista Patrícia Miranda chamou atenção para as formas de rastreio da doença, enfatizando que mulheres de 50 a 69 anos estão aptas a fazer mamografia no Sistema Único de Saúde (SUS). Na rede privada, mulheres a partir de 40 anos podem buscar o serviço.

Pessoas com casos de câncer de mama na família devem fazer rastreio genético, indicado a partir dos 30 anos. “O principal método diagnóstico é a mamografia, porque o meu objetivo é pegar justamente aquela alteração, o tumor inicial. A partir do momento que se tem um diagnóstico precoce, eu não vou precisar fazer uma mastectomia, e diminui também as chances de você usar a quimioterapia, aumentando a sobrevida da mulher”, sublinha.

Autocuidado

Na programação realizada no Helv, colaboradores participaram de ação comercial do Laboratório Primilab, na qual foram ofertados exames para a saúde da mulher a preços populares.

Os servidores que estiveram presentes na roda de conversa concorreram a sorteio de seis sessões de massagem e drenagem linfática. O grupo de Fisioterapia Dermatofuncional da Universidade Federal do Ceará (Demifisio-UFC) esteve no Helv para repassar técnicas de autodrenagem.