Desinformação e preconceito afastam pessoas com hanseníase de tratamento, oferecido gratuitamente pelo SUS

18 de janeiro de 2022 - 09:57 # # # # # #

Assessoria de Comunicação da Sesa
Texto: Suzana Mont'Alverne
Artes gráficas: Francisco Oliveira


Janeiro Roxo é a campanha que alerta para a hanseníase. A doença é altamente transmissível, alvo de preconceito e desconhecimento, mas tem cura. A Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa) chama a atenção da sociedade para a importância do diagnóstico e do tratamento, oferecidos gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS).

Assim como outras doenças curáveis, a prematuridade da investigação e da terapia podem evitar agravos causados pelo avanço da enfermidade. A coordenadora dos Programas de Hanseníase e Tuberculose da Sesa, Yolanda Barros, comenta que dois fatores podem influenciar a demora em procurar por assistência: desinformação sobre a doença (sintomas e formas de transmissão, por exemplo) e o medo de rejeição.

“A falta de conhecimento pode gerar medo nas pessoas. Campanhas como esta, do Janeiro Roxo, têm uma importância enorme. Conseguimos alcançar um número maior de pessoas e, assim, desmistificamos tantos estigmas que acompanham a doença ao longo dos anos”, diz Barros.

Transmissão e sintomas

A hanseníase é transmitida de pessoa para pessoa por secreções nasais, como tosse, espirro ou gotículas da fala. No entanto, nem todos que entram em contato com os bacilos desenvolvem a doença. “A incubação [intervalo entre a data de contato com a bactéria ou o vírus até o início dos sintomas] está ligada a fatores genéticos. Outro ponto importante é que a doença tem um período de incubação bastante longo, variando de três a cinco anos”, afirma a técnica.


A identificação pode ser feita precocemente. A doença se manifesta por meio de manchas brancas ou avermelhadas, com perda de sensibilidade ao calor, frio, dor e tato; sensação de formigamento ou dormência nas extremidades e em áreas da pele aparentemente normais que têm alteração na sensibilidade e na secreção de suor. “Nas fases agudas, podem aparecer caroços e/ou inchaços nas partes frias do corpo, como orelhas, mãos, cotovelos e pés”, complementa.

Diagnóstico

A hanseníase tem um diagnóstico difícil, visto que, inicialmente, os sinais podem ser confundidos com outros tipos de doenças dermatológicas. “Existem exames e testes específicos que são feitos nas unidades e que ajudam a fechar o diagnóstico. Em alguns casos, em que a doença já está mais avançada, alguns sintomas e algumas incapacidades são mais evidentes e pode-se concluir a análise prontamente”, explica.


A porta de entrada para esta investigação é a atenção básica. “Nossos profissionais têm total maestria para concluir um diagnóstico de hanseníase”, destaca a coordenadora. Desde o surgimento do tratamento ambulatorial, a partir da década de 1950, o isolamento compulsório da pessoa com hanseníase em hospitais-colônia não é mais necessário.

“Iniciada a terapia, a pessoa não transmite mais a doença. Quando conseguimos esclarecer o diagnóstico e o tratamento, fazendo com que aquele paciente se sinta seguro diante dos seus familiares, conseguimos tudo, inclusive, a cura”, sublinha Barros.

Tratamento

O acompanhamento da pessoa com hanseníase pode ser feito inteiramente na rede básica, nos postos de saúde. Existem duas classificações operacionais dentro do diagnóstico: os pacientes que são paucibacilares (com até cinco lesões/manchas) e multibacilares (com mais de 5 lesões/manchas).


“Recentemente, tivemos o tratamento unificado para ambos, ou seja, as duas classificações têm a mesma terapia e o mesmo medicamento, diferindo apenas o tempo, de acordo com sua classificação, sendo seis meses para paucibacilares e 12 meses para multibacilares”, detalha.

A coordenadora da Sesa pontua, ainda, sobre a assistência prestada no Centro de Referência em Dermatologia Sanitária Dona Libânia, da rede pública estadual. “O atendimento na unidade referenciada é indicado apenas para acompanhamento de pacientes com complicações decorrentes da doença ou que possuem alguma outra reação adversa ao tratamento, como reações hansênicas [manifestações cutâneas, oftálmicas e neurais decorrentes da inflamação causa por bacilos de Mycobacterium leprae], intolerâncias medicamentosas, entre outros agravantes que não poderiam ser resolvidos na atenção básica”.