De coração para coração: transplantado relata vida após ganhar novos batimentos

29 de setembro de 2021 - 08:56 # # # # # #

Assessoria de Comunicação da Sesa
Texto e fotos:
Jéssica Fortes
Arte gráfica: Priscila Lima



O auxiliar de pintor Sávio Santos realizou transplante de coração após três tentativas malsucedidas

Sávio da Silva Santos, 23, não acreditou quando recebeu a notícia, em fevereiro de 2021, de que precisaria passar por um transplante cardíaco para voltar a ter qualidade de vida. O caminho até receber um novo órgão foi longo. Foram várias internações, medicações, muitos exames e dias na Unidade de Terapia Intensiva (UTI), além de uma infecção pela Covid-19 no meio do trajeto. A doação do coração só se concretizou após três tentativas com potenciais doadores, em julho deste ano.

O jovem agora faz parte das histórias de superação que marcam a Unidade de Insuficiência Cardíaca e Transplante do Hospital de Messejana Dr. Carlos Alberto Studart Gomes (HM), da rede pública estadual de saúde do Ceará. Em 2021, o equipamento realizou quatro transplantes em adultos e três em crianças.

>> Novo painel do IntegraSUS detalha indicadores de transplantes de órgãos e tecidos no Ceará, referência de procedimentos no País

Santos viu sua vida mudar, no entanto, antes mesmo de receber o diagnóstico de insuficiência cardíaca. “Eu sentia muito cansaço; ia trabalhar de bicicleta e não conseguia voltar, me sentia muito mal”, lembra. Na época, ele tinha plano de saúde e conta que foi em várias consultas. Chegou a ficar internado algumas vezes, mas o diagnóstico era sempre relacionado a doenças em outros órgãos, nada relacionado ao coração.

“Durante uma dessas idas ao médico, fiquei em observação, pois tive uma arritmia e fiquei com os pés muito inchados. Os médicos pediram um eletro(cardiograma) e um ecocardiograma e, então, descobriram que eu estava com sérias alterações no coração. Me encaminharam para o Hospital de Messejana e aqui fecharam o diagnóstico de insuficiência cardíaca”, relata o auxiliar de pintor.

Apesar de a causa não ter sido identificada – e pela gravidade da doença –, a única alternativa para o jovem era o transplante. No auge da pandemia, porém, toda a preocupação foi potencializada. Ele teve Covid-19 e foi intubado na unidade, o que resultou na sua saída da fila de transplante.

Foram meses muito difíceis até sua recuperação e três potenciais doadores até a chegada do coração. Na primeira doação, o órgão estava contaminado. O segundo doador havia sido infectado pelo coronavírus e, na terceira vez, a família negou a doação. Santos rememora como foi difícil administrar os sentimentos. “Só Deus sabe como eu me senti quando recebi a notícia. Fiquei desacreditado, quase perdi as esperanças. Quando o meu coração finalmente chegou, eu nem criei expectativas. Achei que uma hora iam ligar e dizer que a família tinha desistido também”.


Durante seis meses, os transplantados fazem atividades físicas supervisionadas

Em julho de 2021, o jovem entrou no centro cirúrgico sem acreditar. “Eu só acreditei que meu coração tinha chegado quando acordei dois dias depois da cirurgia. Ainda tenho medo de rejeitar o coração, por isso sigo todas as recomendações da equipe: faço acompanhamento psicológico, reabilitação, estou me alimentando melhor. O meu objetivo é nunca mais precisar ficar internado e manter meu coração saudável”, garante.

Até então, Santos confessa nunca ter ouvido falar em transplante de órgãos ou tecidos. “Não sabia a importância da doação de órgãos até precisar de um coração, com 22 anos de idade. Não queria acreditar. Nunca vi uma pessoa nova com um problema tão sério. Me revoltei. Tive medo de morrer, mas consegui. Agora vivo um dia de cada vez com meu novo coração”, ressalta. “Quando se nega uma doação, você tira a esperança de alguém que está lutando para viver”, continua.

À espera de um coração

As pessoas que entram para a lista de espera por um órgão já esgotaram todas as outras modalidades de tratamento. O transplante é a última e única chance que eles têm para resgatar a saúde e renovar a vida.

A espera, no entanto, não é fácil. Por trás do “sim” de uma família doadora existem contextos e histórias de vida. De um lado, a dor da perda. Do outro, a esperança por dias melhores e uma nova chance de viver.

O empresário Tiago de Almeida, 40, aguarda o dia em que vai poder voltar para casa com um novo coração. Ele veio do interior do Piauí em busca de tratamento em Fortaleza e tem encontrado, por meio da equipe do Hospital de Messejana, todo o apoio necessário enquanto o transplante não é realizado.


Diagnosticado com insuficiência cardíaca, o empresário do ramo de Tecnologia da Informação sonha com o momento em que voltará a ficar perto do filho, da esposa e dos familiares. “Faço terapia para aguentar a ansiedade e a distância da minha família. É uma angústia ficar esperando, dependo da solidariedade de uma família que precisa dizer ‘sim’ em um momento de dor. Fico angustiado esperando o dia que meu telefone vai tocar. Quero que isso acabe, quero voltar a ficar com meu filho e nunca mais me separar dele”.

Atendimento no Hospital de Messejana

O Hospital de Messejana é uma das referências nacionais em transplante de coração. De 1998, quando o serviço foi implantado, até o início de setembro de 2021, foram realizados 476 procedimentos. Até o momento, nove pessoas aguardam o órgão para realizar o transplante no Ceará.

A Unidade de Transplante Cardíaco do HM tem uma equipe multidisciplinar com 33 profissionais, entre cirurgiões, cardiologistas, anestesistas, psicólogos, enfermeiros, assistentes sociais, fisioterapeutas e nutricionistas.

Na unidade, o paciente que precisa passar por um transplante recebe acompanhamento antes da cirurgia, com realização de consultas, exames, avaliações nutricionais, sociais e psicológicas e, depois do transplante, com reabilitação cardíaca. Durante seis meses, os transplantados fazem atividades físicas supervisionadas.

Serviço

Serviço de Transplante Cardíaco Hospital de Messejana
Contato: (85) 3101-4161