Covid-19 é mais letal em crianças com câncer e alteração do IMC, revela pesquisa com participação do Hias

18 de agosto de 2021 - 11:14 # # # # # # #

Assessoria de Comunicação do Hias
Texto e foto:
Erika Mavignier


Da esquerda para direita: Marina Gondim e Nádia Gurgel, ambas cancerologistas pediátricas do Hias, participaram do estudo publicado na revista internacional ‘Pediatric Blood & Cancer’

Desde que a pandemia de Covid-19 iniciou, a população pediátrica tem sido a menos afetada, tanto em termos de agravamento da doença e internações quanto em número de óbitos. Entretanto, já se sabe que pacientes com comorbidades têm mais chances de desenvolver formas mais graves da doença e isso se aplica também às crianças e adolescentes, como revela um estudo multicêntrico realizado no Brasil com pacientes oncológicos durante o ano de 2020 e publicado na revista internacional Pediatric Blood & Cancer, em junho de 2021.

O estudo foi coordenado nacionalmente pela oncologista pediatra Mariana Bohns Michalowski, do Serviço de Oncologia Pediátrica do Hospital de Clínicas de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, e contou com a participação de cerca de 22 centros hospitalares das cinco regiões brasileiras, dentre eles o Hospital Infantil Albert Sabin (Hias), unidade da Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa), que contribuiu com grande parte dos registros. O estudo teve como objetivo estudar o impacto da Covid-19 em crianças com câncer.

“Poucos estudos abordaram a repercussão e consequências da Covid-19 em pacientes pediátricos com câncer em países em desenvolvimento. Nesse artigo, foi estudada a evolução e o impacto da doença em cerca de 179 pacientes oncológicos infectados pelo coronavírus, na faixa etária entre 0 e 18 anos”, detalha a cancerologista pediátrica Nádia Gurgel Alves, que coordenou o projeto no Hias com as também cancerologistas pediátricas Marina Gondim e Sandra Prazeres e com a enfermeira Luana Maia.

Após a análise dos dados de crianças e adolescentes com câncer, com idade média de 6 anos, alterações no Índice de Massa Corporal (IMC) – abaixo ou acima do normal para a faixa etária – e que apresentaram diagnóstico positivo para Covid-19 por meio do exame RT-PCR, a pesquisa apontou uma taxa de letalidade de 12,3%. O número é significativamente superior ao índice de mortalidade na população pediátrica de uma forma geral – de aproximadamente 1%.

Participação do Hias

De acordo com Nádia Gurgel, a contribuição no trabalho multicêntrico se deu por meio da análise e do acompanhamento dos dados e prontuários dos pacientes atendidos no Centro Pediátrico do Câncer (CPC), unidade oncológica do Hias, durante o ano de 2020. As informações foram registradas em uma plataforma nacional, que só o centro coordenador tinha acesso. O projeto de análise das consequências da Covid-19 nos pacientes com câncer foi aprovado pelo Comitê de Ética Hospitalar.

O acompanhamento dos pacientes oncológicos com câncer do CPC infectados pelo coronavírus durante a pandemia foi realizado por uma equipe de oncologistas pediátricos que implantou um ambulatório de triagem, onde todos os sintomáticos respiratórios eram rastreados para o vírus SARS-CoV-2. “Esse ambulatório foi criado no início da pandemia como uma necessidade que se instalou em todo o ambiente hospitalar, como uma das estratégias, junto à Comissão de Controle de Infecções Hospitalares (CCIH) do Hias, de conter a disseminação do vírus e de evitar a exposição de pacientes já acometidos pelo câncer a essa nova doença”, explica Gurgel.