Durante pandemia, assistentes sociais fortalecem elo entre paciente e familiares

14 de maio de 2021 - 08:52 # # # # # #

Assessoria de Comunicação do HMJMA
Texto e fotos:
Diana Vasconcelos


A manutenção do vínculo familiar tem sido fundamental na humanização do atendimento ao paciente com coronavírus

Profissional cuja função foi ressignificada durante a pandemia de Covid-19, o assistente social tornou-se um dos elos mais fortes entre pacientes e familiares. “O distanciamento é físico, não é social. A gente vem conseguindo transpor essa barreira, acolhendo as famílias e garantindo que os vínculos [entre paciente e familiar] sejam mantido e fortalecido”, destaca Nadja Prata, a assistente social mais antiga do Hospital e Maternidade José Martiniano de Alencar (HMJMA), da Secretaria de Saúde do Ceará (Sesa).

Atuando há 25 anos na unidade, Nadja explica que este é, possivelmente, o momento mais desafiador da Assistência Social – cujo profissional da área é celebrado neste 15 de maio. “Pois ele também é profissional da linha de frente”, afirma. Durante o período pandêmico, o Serviço Social se tornou um ponto entre a família e o paciente internado, seja por Covid-19 ou por outro motivo. Cabendo ao trabalhador manter todos os serviços do setor, como acolher familiares e conhecer contextos socioeconômico e afetivo de cada paciente, para assim poder passar as devidas orientações sobre os direitos de cada um.

Pandemia

A manutenção do vínculo familiar tem sido fundamental na humanização do atendimento ao paciente com coronavírus, tendo em vista o isolamento decorrente da internação. Neste contexto, além de garantir os direitos deles e dos familiares, o Serviço Social torna a equipe de saúde conhecedora da personalidade e das necessidades de cada um dos internados. “Todo ser humano é diferenciado. Às vezes, algo que ele gosta o anima, outras coisas o entristecem. Alguns medicamentos ele pode tomar, outros não. Às vezes, apenas um recado da família já muda o estado de espírito dele, e isso a gente consegue por meio da manutenção desses vínculos”, conta Nadja, explicando que, com este objetivo, o setor mantém contato diário com as famílias, seja presencialmente ou por telefone.


Atuando há 25 anos no HMJMA , Nadja Prata afirma que a pandemia é, possivelmente, o momento mais desafiador da Assistência Social

“Sobre conversar com as famílias de pacientes Covid, não há uma receita, cada um tem um contexto diferenciado. Cada um traz sua história de vida, angústias e ansiedades. Cada família é única e algumas nos surpreendem por serem muito fortalecidas, mas outras têm suas fragilidades”, afirma Nadja. “Tenho certeza da nossa contribuição para essas famílias”, entende.

O servente de pedreiro Raimundo Ribeiro, de 51 anos, passou 17 dias na unidade durante o pico da segunda onda da pandemia. Transferido do município de General Sampaio, a 124 km de Fortaleza, esteve o tempo todo sozinho e chegou sem saber o que estava afetando a sua saúde. “Aqui [no HMJMA], foram investigar o que eu tinha; senti muita dor, fiz vários exames. E a assistente social vinha me ver sempre, ligava pra minha casa e até pra minha mãe para eu falar com ela. Às vezes, me trazia recados, era de uma bondade da qual sou muito agradecido. E nunca era ‘seca’. Ela era gentil, educada, parecia que tinha prazer em ver a gente feliz”, lembra Raimundo.

Além da preocupação com o próprio diagnóstico, Ribeiro tinha ainda de lidar com receio de contrair Covid-19 durante a internação. “Mas aqui eu fiz o teste e explicaram que estava tudo separado, para ficar mais seguro”, diz, aliviado. Logo o servente de pedreiro descobriu que sofria com uma trombose em vasos sanguíneos ligados ao baço, estômago e fígado. Teve de passar por tratamento medicamentoso para evitar intervenção cirúrgica e, depois de alguns dias, foi liberado para se tratar em casa. O teste para Covid-19 resultou negativo.


Além de garantir os direitos de pacientes e familiares, o Serviço Social torna a equipe de saúde conhecedora da personalidade e das necessidades de cada um dos internados

“Sou muito grato a todos, à toda a equipe. Mas a assistente social foi como ter minha família perto de mim. Eu soube que às vezes ela usava o próprio celular. Nunca vou esquecer. Merecem tudo de melhor”, deseja.

Na pandemia, a equipe do Serviço Social, formada por seis profissionais, dividiu-se para realizar o serviço da melhor forma possível. Uma das atividades era a videochamada, que possibilita a comunicação mais próxima entre paciente e família. “Todos os nossos profissionais se organizaram de forma a manter qualidade do serviço e priorizar a humanização. Sentimos muito orgulho em saber que toda a equipe está envolvida nessa batalha, nesse momento tão difícil”, destaca a diretora-geral do HMJMA, Silvana Furtado Sátiro.