Fissuras labial e palatina: tratamento deve ser iniciado nos primeiros meses de vida

11 de fevereiro de 2021 - 13:36 # # # # #

Assessoria de Comunicação da HMJMA
Repórter:
Diana Vasconcelos
Fotos: Divulgação/Operação Sorriso
Arte gráfica: Brauliana Barbosa

As cirurgias de lábio são realizadas a partir de oito meses de idade. As intervenções de palato ocorrem após dois anos de idade e o procedimento de enxerto, após oito anos

Com prevalência de uma pessoa com fissura labial e/ou palatina para cada 650 nascidos no Brasil, o tratamento das malformações congênitas deve ser iniciado o quanto antes. Mas ainda é comum a presença de adultos em unidades de saúde que sofrem com as condições. “Os motivos são diversos. Vão desde abandono de tratamento à falta de informação e preconceito”, destaca o cirurgião bucomaxilofacial José Lincoln Carvalho Parente, integrante da equipe do Hospital e Maternidade José Martiniano de Alencar (HMJMA), da Secretaria de Saúde do Ceará (Sesa).

A unidade de média complexidade faz parte da rede pública do Governo do Estado e frequentemente recebe pacientes adultos que buscam iniciar ou dar continuidade ao tratamento. “Recebemos pacientes por meio do sistema de regulação do Estado. Alguns para dar continuidade ao tratamento iniciado em outras unidades, como o Hospital Infantil Albert Sabin (Hias), que faz o tratamento em pacientes com até 18 anos. Mas, infelizmente, ainda há casos de pessoas adultas que nunca tiveram acompanhamento”, lamenta Parente.

>> Veja Guia de Orientações – Fissuras Labial e Palatina

A causa definitiva das fendas no lábio e palato ainda é objeto de pesquisa no mundo inteiro, segundo o especialista. Mas já se sabe que fatores hereditários e alimentação contribuem para o surgimento das deformidades. “Por isso é algo mais comum nas regiões mais carentes, pela alimentação inadequada e, às vezes, até desnutrição da mãe. Daí a importância do pré-natal, da boa alimentação; o ácido fólico também pode ser preventivo”, explica.

O cirurgião relatou, ainda, que o ideal é que o tratamento cirúrgico se inicie nos primeiros meses de vida. “Quanto mais tarde, mais sequelas a pessoa pode ter”, argumenta.

As aberturas do lábio e do palato podem desenvolver dificuldades na fala, voz anasalada e problemas respiratórios e gástricos, tendo em vista que as deformidades prejudicam os processos de mastigação e deglutição. “Se o tratamento se iniciar cedo e seguir dentro dos prazos, o paciente pode ter uma vida normal”, ressalta Parente.

Falta de informação dificulta acesso a tratamento

Apesar de ainda estar em tratamento, a estudante Vitória Kevelly, de 20 anos, conseguiu ficar livre das sequelas mais severas. “Comecei o tratamento ainda criança, passei por quatro cirurgias. Terminei o tratamento ortodôntico agora e já estou muito feliz com o resultado”, afirma ela, que se prepara para fazer uma nova cirurgia de enxerto ósseo e prótese dentária no HMJMA.

“A coisa que mais quero na minha vida é terminar meu tratamento, falta pouco”, anseia a jovem. Durante a adolescência, Vitória sofreu com os preconceitos e desconhecimento da sociedade sobre o assunto. “Faziam perguntas, se eu tinha caído. Minha mãe chegou a brigar com algumas delas”, rememora. “Eu sentia vergonha. Mas, mesmo com vergonha, eu fazia tudo que eu queria fazer, porque a gente só vive uma vez e eu não quero deixar de fazer as coisas que gosto”.

O cirurgião Lincoln Parente sublinha a importância do apoio das famílias na vida de pacientes com a malformação. Segundo ele, ao incentivar o tratamento, os familiares proporcionam motivação. “Muitas vezes, esses pacientes não procuram ajuda por não terem informação, por serem isolados dentro de suas casas por preconceito. Quando poderiam já estar se cuidando”, orienta.

Além da correção de fissuras de lábio (também conhecida como lábio leporino) e palato, o serviço bucomaxilofacial do HMJMA também realiza cirurgias ortognáticas, de trauma de face, patologias, lesões císticas, neoplasias, entre outros procedimentos. Recebendo pacientes de todo o Ceará por meio da Central de Regulação do Estado, os atendimentos são previamente agendados e acontecem às segundas e terças-feiras.

Rede de saúde

Caso o paciente tenha menos de 18 anos, o serviço de regulação pode encaminhar para outras unidades da rede. Entre elas, o Hospital Infantil Albert Sabin (Hias), referência neste tipo de atendimento em crianças e adolescentes de 0 a 17 anos. O Hias segue protocolo cirúrgico institucional para cada tipo de procedimento. As cirurgias de lábio são realizadas a partir de oito meses de idade. As intervenções de palato ocorrem após dois anos de idade e o procedimento de enxerto, após oito anos.

O serviço é realizado pelo Núcleo de Atendimento Integrado ao Fissurado do Hias, onde os pacientes são acolhidos e acompanhados por uma equipe multiprofissional, que inclui fonoaudiólogos, pediatras, psicólogos, enfermeiras, assistentes sociais, cirurgiões plásticos, dentistas e geneticista. O Hias garante procedimentos, exames e consultas com especialistas.

Serviço

Tire dúvidas sobre as cirurgias:
Núcleo de Atendimento Integrado ao Fissurado (Naif): (85) 3101-4214
Hospital e Maternidade Maternidade José Martiniano de Alencar: (85) 3101-4976
Guia de Orientações – Fissuras Labial e Palatina