“É preciso radicalizar o processo da Saúde da Família”, diz Eugênio Vilaça
26 de abril de 2016 - 20:05
Fotos: Assessoria de Comunicação da Sesa
“O modelo de estratégia do Ceará é a melhor forma de organizar a Saúde da Família”, afirmou o especialista em planejamento de saúde e consultor em Saúde Pública, Eugênio Vilaça Mendes, na conferência de abertura da IV Oficina Estadual do Projeto de Qualificação da Atenção Primária à Saúde (QualificaAPSUS Ceará), realizada pela Secretaria da Saúde do Ceará, através da Coordenadoria de Políticas e Atenção à Saúde – Copas, nesta terça-feira, 26. A quarta oficina, com o tema “Eventos agudos na atenção primária à saúde”, ocorre no Hotel Romanos, com programação que encerra nesta quarta-feira, 27, e tem a participação de 350 profissionais entre secretários de saúde e coordenadores da atenção primária de 162 municípios, coordenadores e técnicos das 22 Coordenadorias Regionais de Saúde (CRES), assessores técnicos da Secretaria da Saúde do Estado, além de representantes de instituições convidadas. Na conferência de abertura, Eugênio Vilaça falou sobre “A construção social da atenção primária à saúde”.
De acordo com o conferencista, a atenção primária à saúde tem sido uma política pública bem sucedida, pois reduziu a mortalidade infantil, teve impacto na morbidade, promoveu a melhoria do acesso e da utilização de cuidados primários, melhorou a equidade nos cuidados primários, reduziu as internações hospitalares e teve impactos diretos nos setores de trabalho e educação. Segundo Eugênio Vilaça, mesmo com essas melhorias, é preciso reorganizar a atenção primária para atender aos processos das doenças agudas. “O Ceará é pioneiro na organização da atenção primária no Brasil. Aqui que surgiu o programa de agente comunitário de saúde, o Programa de Saúde da Família. Com o QualifcaAPSUS, o Ceará atualiza e melhora a atenção primária que, bem organizada, reduz os custos de atenção hospitalar. É preciso reconstruir a atenção primária, radicalizando o processo da Saúde da Família”, falou.
Ainda na palestra, Eugênio Vilaça ressaltou que as evidências produzidas pelo modelo de atenção às condições crônicas demonstram que só se estabilizam estas condições quando se tem uma atenção primária à saúde bem estruturada. “Em um mês, de 1.000 pessoas atendidas, 800 apresentam sintomas, 217 procuram um médico especialista e 113 um médico da atenção primária. Nós podemos dizer que se o QualificaAPSUS funciona no Ceará, vocês podem atender a 90% dos 1.500 problemas que chegam à atenção primária. Boa parte das internações hospitalares são evitáveis. A forma de reduzir a internação em até 30 dias é melhorar a atenção primária”.
Seguindo a metodologia da construção social da atenção primária à saúde, trabalhando o modelo de melhoria, o processo tutorial e o gerenciamento dos processos para eventos agudos e condições crônicas, a secretária da saúde de Fortaleza, Socorro Martins, apresentou a experiência do município em uma exposição dialogada. Para Socorro Martins, a organização da atenção primária é complexa e assume a responsabilidade dentro do sistema da saúde pública. “O Estado entra com esse olhar de fomentar nos municípios toda essa política de organização da atenção primária. Fizemos nosso plano diretor com a realização de oficinas e consultorias, ampliação e qualificação de acesso na atenção primária, concurso e convocação de 635 profissionais de nível técnico, além da melhoria da infraestrutura e sistemas logísticos de apoio. Temos aqui em Fortaleza esse olhar mais aprofundado e nos colocamos à disposição para ajudar a outros municípios desenvolver esse projeto”.
Projeto QualificaAPSUS
O Projeto QualificaAPSUS Ceará foi lançado pela Secretaria da Saúde do Estado em janeiro deste ano com o objetivo de subsidiar a reorganização do modelo de atenção a partir da reestruturação da Atenção Primária nos municípios e, consequentemente, da implantação e implementação das Redes de Atenção. As seis oficinas previstas até 1º de julho são intercaladas com a tutoria para a aplicação dos conteúdos teóricos na prática diária das equipes da atenção primária na unidade básica de saúde. Os participantes das oficinas farão a replicação dos conteúdos nos municípios, com o apoio das Coordenadorias Regionais de Saúde (CRES), e atuarão como facilitadores na reestruturação da atenção primária. Essas atividades proporcionam instrumentos, ferramentas, tecnologias de planejamento e de organização do trabalho para a qualificação da atenção primária.
A atenção básica é a porta de entrada do sistema de saúde. Fazem parte da atenção primária, por exemplo, os postos de saúde, centros de saúde e unidades de Saúde da Família. A partir desse primeiro atendimento, o paciente é encaminhado para os outros serviços de maior complexidade da saúde pública, como hospitais e clínicas especializadas, que são da atenção secundária e terciária. Para Felipe Soares, supervisor do Núcleo de Atenção a Urgência e Emergência, da Secretaria da Saúde do Estado, a oficina do QualificaAPSUS trabalhando os eventos agudos é fundamental para o entendimento de como funciona a rede de saúde pública, capacitando os profissionais que atendem a urgência. “Hoje em dia, a cultura é de que quando se pensa em urgência, se pensa logo em hospital. Muitos agravos da saúde podem ser resolvidos num ponto de atenção de menor complexidade como é a atenção primária à saúde. Para que possa haver essa mudança de cultura é importantíssima a capacitação das pessoas que trabalham, dos profissionais de saúde da atenção primária. E dessa forma, o principal beneficiado é o paciente”, falou.
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