Paciente do Hospital Infantil Albert Sabin vence o câncer e conquista ouro no judô

29 de dezembro de 2025 - 17:19 # # # # #

Assessoria de Comunicação do Hias
Texto: Levi Aguiar
Foto: Arquivo pessoal

Rafael comemora conquista da medalha de ouro nas Paralimpíadas Escolares

Esta é a segunda reportagem de uma série da Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa) que apresenta histórias de pessoas que, após enfrentar perdas significativas, encontraram novos caminhos por meio do cuidado em saúde, da reabilitação e do apoio do Sistema Único de Saúde (SUS).

Aos 11 anos, Rafael viveu mudanças que marcaram sua infância. Morador de Itatira, no interior do Ceará, ele perdeu a visão durante o tratamento de um câncer raro e precisou passar por um processo de adaptação que redefiniu sua rotina. Recentemente, esse percurso ganhou reconhecimento nacional e o que poderia ser um limite tornou-se um ponto de virada: Rafael conquistou a medalha de ouro nas Paralimpíadas Escolares, o maior evento nacional para atletas com deficiência.

Aos cinco anos, Rafael começou a apresentar dores de cabeça intensas por vários dias, o que levou a família a buscar atendimento médico. No Hospital Infantil Albert Sabin (Hias), veio o diagnóstico de rabdomiossarcoma, um tipo de câncer que se desenvolve nos músculos e que, no caso dele, atingia uma região próxima aos nervos ópticos.

 Rafael ao lado do professor e colegas de equipe, em São Paulo, durante as Paralimpíadas Escolares, onde representou o Ceará e garantiu o primeiro lugar no judô

O tratamento teve início logo após o diagnóstico e incluiu quimioterapia e radioterapia, realizadas de forma integrada como parte do protocolo terapêutico. Ao todo, o acompanhamento oncológico se estendeu por cerca de dois anos, com encerramento em maio de 2021.

Para a mãe Leidiane Umbelino, que é enfermeira, viver o diagnóstico do outro lado do cuidado foi um momento de medo e incertezas.

“Foi um choque. Eu pensava que seria o fim da vida dele, mas não foi. Todo o tratamento aconteceu no Hias: exames, acompanhamento com especialistas, radioterapia e quimioterapia. Sempre tive apoio dos profissionais e, após dois anos, ele conseguiu a cura”, relata a profissional de 31 anos.

O esporte como recomeço

A perda da visão trouxe impactos profundos na rotina e no estado emocional de Rafael, especialmente no período de adaptação após o tratamento. “Ele estava triste e desanimado. Foi difícil para todos nós”, lembra a mãe.

A mudança começou quando ele passou a frequentar o CREAECE (Centro de Referência em Educação e Atendimento Especializado do Ceará), onde encontrou novas formas de autonomia e teve o primeiro contato com o judô.

Rafael posa com o quimono usado nas competições, símbolo de sua rotina no judô e do processo de reabilitação após o tratamento contra o câncer

“Mesmo curado, achávamos que ele seria dependente, mas o esporte abriu caminhos. Ele viajou recentemente para São Paulo, treina com dedicação e segue firme nos estudos. Hoje, meu filho é muito independente. Meu menino venceu o câncer, e agora eu caminho com ele nesse novo capítulo”, afirma Leidiane.

O judô passou a fazer parte do cotidiano e aproximou Rafael de outras crianças, contribuindo para a construção da autonomia e da confiança. A música também entrou na rotina do menino, que toca teclado, violão, flauta e bateria. “O Rafael é motivo de orgulho. O que digo às mães é que não desistam dos seus filhos. Com apoio, eles podem ir longe”, completa.

A presença do estudante em uma competição nacional tem significado especial para quem acompanhou sua trajetória desde o início. “Histórias como a do Rafael, marcadas pela perseverança e pela constância, fortalecem todos os envolvidos no processo de reabilitação. Representam o que buscamos: devolver à criança a possibilidade de viver plenamente, aprender e participar da vida em sua comunidade”, destaca a oncologista pediátrica Renata Rolim, médica que acompanhou o garoto durante o tratamento.

Atualmente, Rafael mantém acompanhamento multiprofissional nas áreas de cardiologia, otorrinolaringologia, neuro-oftalmologia e neurologia no Hospital Infantil Albert Sabin. “Ele é um exemplo de como a atividade física contribui para a reabilitação, melhora o desempenho cardiovascular e auxilia no enfrentamento dos impactos emocionais que podem surgir após o tratamento”, completa a médica.

Confira o vídeo da história do Rafael