Hemoce é o primeiro hemocentro brasileiro incluído no Registro Internacional de Sangue Raro

1 de julho de 2025 - 15:05 # #

Assessoria de Comunicação do Hemoce
Texto e foto: Ismael Azevedo

O credenciamento foi possível devido à excelência dos serviços prestados pelo Hemoce à população do Ceará e ao cumprimento rigoroso dos critérios exigidos internacionalmente

O Centro de Hematologia e Hemoterapia do Ceará (Hemoce), equipamento da Secretaria da Saúde do Estado (Sesa), tornou-se o primeiro hemocentro do Brasil a integrar o Registro Internacional de Sangue Raro, sediado em Bristol, na Inglaterra, e gerenciado pela Sociedade Internacional de Transfusão de Sangue (ISBT). A inclusão do Hemoce no registro consolida seu papel de referência na área e possibilita o envio e recebimento de bolsas de sangue raro para qualquer país do mundo.

A diretora-geral do Hemoce, Luciana Carlos, explica que a participação no registro amplia o alcance dos doadores cadastrados. “Agora que fazemos parte do Registro Internacional de Sangue Raro, os nossos doadores poderão ser localizados globalmente sempre que houver necessidade. Da mesma forma, também poderemos receber bolsas de sangue raro de outros países, ampliando nossa capacidade de assistência a pacientes em situações críticas”, afirma.

O credenciamento foi possível devido à excelência dos serviços prestados pelo Hemoce à população do Ceará e ao cumprimento rigoroso dos critérios exigidos internacionalmente. Atualmente, o hemocentro possui cerca de 700 doadores identificados com fenótipos sanguíneos raros, distribuídos em todo o estado.

A diretora técnica de Hemoterapia do Hemoce, Denise Brunetta, destaca a importância dessa nova etapa. “A inclusão do Hemoce no Registro Internacional de Sangue Raro coloca o Brasil no cenário global de colaboração para transfusões seguras e eficazes. Isso representa não apenas um avanço técnico, mas também um compromisso com a vida, permitindo que nossos pacientes tenham acesso a bolsas de sangue compatíveis, mesmo em situações extremamente raras. Também mostra que temos estrutura, equipe qualificada e protocolos alinhados aos mais altos padrões da hemoterapia mundial.”

O que é sangue raro?

O conceito de sangue raro vai além dos tipos sanguíneos mais conhecidos, como ABO e Rh. Os glóbulos vermelhos contêm centenas de antígenos diferentes em sua superfície – pequenas “pecinhas” em um complexo quebra-cabeça. Um sangue é considerado raro quando falta um antígeno presente na maioria da população (menos de um a cada mil pessoas), quando há ausência de vários antígenos simultaneamente ou quando existe uma combinação extremamente incomum deles.

Como identificar um doador de sangue raro?

O Hemoce adota diversas estratégias para identificar doadores com fenótipos raros. Denise Brunetta explica que esse processo envolve tanto análises sorológicas quanto genéticas: “Buscamos ativamente doadores com características incomuns nos glóbulos vermelhos, seja por triagem simples realizada na rotina da avaliação do sangue do doador ou por genotipagem — uma técnica mais avançada que analisa o DNA para identificar variantes não detectáveis por exames convencionais. Além disso, alguns doadores são identificados quando desenvolvem anticorpos específicos após transfusão ou gestação, o que revela a ausência de determinados antígenos em seu sangue”, diz.

Ela ressalta que pacientes atendidos pelo Hemoce também podem ser identificados como portadores de sangue raro. Com base nessas informações, o Hemoce estrutura um banco de dados estratégico para localizar e mobilizar doadores quando necessário.

Produção científica: artigo publicado na revista Transfusion

O reconhecimento internacional do Hemoce também se reflete na produção científica. A equipe da Hemoterapia do hemocentro teve um artigo publicado na revista Transfusion, uma das publicações mais respeitadas da área no mundo. O artigo apresenta os resultados da implementação do Registro de Sangue Raro do Ceará, detalhando a metodologia adotada pelo Hemoce e os avanços alcançados ao longo dos anos.

Entre os destaques, o Hemoce é responsável por aproximadamente 50% dos envios de bolsas de sangue raro no Brasil, conforme a demanda nacional. Um dos exemplos mais emblemáticos foi registrado em 2017, quando o hemocentro cearense viabilizou o envio de uma bolsa de sangue raro para uma criança colombiana, contribuindo diretamente para salvar sua vida.

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