Funcionando desde 2021, Casa de Cuidados do Ceará tem proposta inovadora de desospitalização

16 de junho de 2025 - 12:37 # # # #

Assessoria de Comunicação da CCC
Texto e fotos: Márcia Catunda

Os serviços da unidade são destinados principalmente a pessoas com condições crônicas ou sequelas graves

Há quatro anos, a Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa) inaugurava um equipamento com caráter inovador: a Casa de Cuidados do Ceará (CCC). A unidade visa a desospitalização e a transição de cuidados com foco na reabilitação e em cuidados paliativos pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Inaugurado no pico da terceira onda da pandemia de covid-19, em 24 de junho de 2021, o perfil do equipamento tem evoluído e se destaca com um dos poucos do país com essa proposta, tendo atendido mais de 1.800 pacientes até hoje.

O serviço de desospitalização tem o intuito de oferecer um atendimento multidisciplinar humanizado para pacientes após a alta hospitalar, mas que ainda necessitam de alguns graus de assistência. A transição de cuidados é necessária para a estabilidade, além da orientação para o familiar que atua/atuará como cuidador do paciente, proporcionando um retorno mais seguro para o domicílio. Os serviços são de suma importância para aqueles que lidam com condições crônicas ou sequelas graves.

“O equipamento surgiu como alternativa para desafogar os hospitais diante do contexto da pandemia, mas também pela necessidade de um serviço complementar aos equipamentos da Rede Sesa e à assistência domiciliar para realizar a desospitalização e transição de cuidados de forma segura”, explica a diretora da CCC, Ursula Wille Campos.

Espaço da Casa de Cuidados é para pacientes vindos de hospitais públicos que estão de alta hospitalar, mas que ainda necessitam de cuidados

Perfil dos pacientes

Atualmente a unidade possui 130 leitos e as principais demandas de atendimento são os pacientes: crônicos e altamente dependentes da rede hospitalar de Fortaleza; com sequelas graves de doenças; em tratamento de tuberculose; ou em cuidados paliativos. Os mais comuns são os com sequelas graves de eventos agudos como Acidente Vascular Cerebral (AVC) e traumas, além daqueles com doenças crônicas como esclerose lateral amiotrófica (ELA), demências, câncer e tuberculose.

“Entre os benefícios da Casa, podemos citar a otimização dos leitos hospitalares, a reabilitação, o trabalho de humanização, educação em saúde, capacitação dos cuidadores e prevenção de novas hospitalizações”, acrescenta a gestora.

Educação em saúde

Unidade promove treinamentos e cursos para cuidadores que atuam no equipamento

A Casa de Cuidados possui três perfis de cuidadores: o familiar, que tem algum parentesco com o paciente; o voluntário que é um amigo ou conhecido da família que se propõe a ajudar de forma solidária; e o contratado, que não tem laços familiares nem de amizade prévia, mas que é designado pela família a assumir a função (com remuneração) quando há confiança. Atualmente, 66 cuidadores atuam na unidade.

Os cuidadores que atuam nas dependências da unidade participam de treinamentos quinzenais ministrados pela equipe assistencial. Eles recebem orientações sobre administração de medicamentos via oral, prevenção de lesão por pressão, cuidados preventivos com sondas e traqueostomos, administração das dietas de forma segura e cuidados com a utilização de curativos.

Já o “Curso de Cuidadores” visa preparar o familiar ou profissional a lidar com situações inerentes ao paciente acamado e evitar uma reinternação hospitalar. Ele ocorre periodicamente e a próxima edição está prevista para o mês de agosto.

Atividades de humanização

A unidade promove grupos terapêuticos para auxiliar no tratamento dos pacientes

Indo ao encontro dos valores preconizados pela Sesa, a Casa de Cuidados do Ceará valoriza a humanização por meio de vários grupos e atividades que visam mostrar ao paciente que ele não é só um prontuário.  Seja qual for o diagnóstico, as atividades em grupo atuam com diferentes objetivos, mas um ponto em comum é a integração e o convívio social.

Alguns deles são o “Grupo Conexão”, com o intuito de favorecer a cooperação, competição, promover melhorias do nível de memória, do humor, além do retardo do declínio cognitivo e aumento do nível de autonomia; e o “Letras e Sentimentos”, conforme explica Gardênia Leão, terapeuta ocupacional da CCC: “o objetivo estimular a própria expressão dos sentimentos a partir da letra da música executada”.

No caso dos pacientes com tuberculose, há o grupo “Inspirar” que é conduzido por psicóloga e terapeuta ocupacional com atividades diversas como: psicoeducação, estimulação cognitiva, motora e social, além de ser espaço de escuta, acolhimento e troca de experiência.

Também para os pacientes em reabilitação da tuberculose, existe o “Volta por Cima”, que tem o intuito de abordar reflexões sobre projetos de vida deles. “É importante pensar sobre solidariedade, viver em grupo, se ajudar. A gente precisa do apoio do outro. O que eu mais gosto no grupo são as palavras de conforto da psicóloga, me sinto revigorada, faz a diferença”, comenta a paciente Raquel Fonseca, 36.

“O isolamento acarretado pelo tratamento, pode gerar impactos no humor e nas relações sociais. Por isso é importante promover atividades em que eles se sintam acolhidos e que também promovam a socialização”, finaliza a psicóloga Ariana Matias.

Serviço

Casa de Cuidados do Ceará (CCC)
Avenida Alberto Craveiro, 2222 – Castelão – Fortaleza (CE)
Acesso via encaminhamento da Central de Regulação do Estado