Serviço de Verificação de Óbito completa 20 anos com fortalecimento da rede de saúde no Ceará
23 de maio de 2025 - 11:48 #20 anos SVO #Serviço de Verificação de Óbito #SVO
Assessoria de Comunicação da Sesa
Texto: Kelly Garcia
Fotos: Arquivo Sesa e Arquivo Pessoal
Com atuação fundamental na descoberta da causa de mortes, o Serviço de Verificação de Óbito (SVO) Dr. Rocha Furtado, unidade da Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa), completa 20 anos de funcionamento no dia 29 de maio. O equipamento da Sesa é referência estadual na realização de necropsias destinadas à elucidação de mortes naturais não definidas, ou seja, sem sinais de violência ou de trauma.
Instalado em Fortaleza, no bairro de Messejana, o SVO atende a cerca de 90% do território cearense e funciona de domingo a domingo, 24 horas por dia. O Serviço investiga também falecimentos domiciliares sem assistência médica, além daqueles registrados em pronto atendimento.
Recorte de jornal por ocasião da inauguração do Serviço de Verificação de Óbito (SVO) Dr. Rocha Furtado, em maio de 2005
A secretária da Saúde do Ceará, Tânia Mara Coelho, destaca o trabalho do órgão como fundamental para a investigação de casos em que a causa da morte não foi definida. “O corpo clínico dessa unidade desenvolve um trabalho muito importante. É por meio dessa análise que descobrimos se aquela é uma doença nova ou se estamos tendo aumento de casos de alguma doença que já existe, para podermos tomar as medidas necessárias. Um papel que vai muito além da realização de necrópsias, mas de apuração de dados para criarmos políticas públicas que impactem na saúde da população”, diz.
Para o secretário executivo de Vigilância em Saúde da Sesa, Antonio Silva Lima Neto (Tanta), depois da pandemia, o SVO passou a ser ainda mais importante pelo seu papel de sentinela, no sentido da descoberta de novas doenças. “Hoje, temos a capacidade de rapidamente investigar qualquer agravo inusitado, porque temos o SVO para explicar. Ele é uma espécie de sentinela, porque também consegue, eventualmente, informar com mais rapidez, novos agentes que possam ter impacto para a população. É um serviço estratégico e temos um procedimento inovador para fazer as autópsias, por meio do método minimamente invasivo, com a retirada de pequenos pedaços de tecido do corpo”.
Segundo a diretora-geral da unidade, Anacélia Gomes de Matos, um dos pontos fortes do atendimento é o acolhimento humanizado, o que contribui para reduzir o sofrimento das famílias. “O falecimento é o momento mais difícil para as famílias, por isso, procuramos sempre ser empáticos. Temos uma equipe preparada para fornecer todas as orientações possíveis, tanto sobre as certidões necessárias, como as referentes ao sepultamento, pensões e benefícios”, pontua.
Números
Atualmente, o SVO faz, em média, oito necropsias por dia. Por ano, são cerca de cinco mil atendimentos. Entre uma das atribuições mais importantes desempenhadas pelo Serviço de Verificação de Óbitos está a emissão da Declaração de Óbito, documento necessário para o registro da morte e o sepultamento.
Desde 2024, a unidade dispõe de novos equipamentos laboratoriais e passou a contar com mais uma câmara fria. Outra novidade foi a disponibilização de veículos para o transporte de corpos de pessoas que faleceram de causas naturais.
A unidade tem 120 trabalhadores, pessoas que trabalham nas áreas médica, assistencial e administrativa. O trabalho feito na unidade vai muito além das atividades no campo da saúde pública. As equipes também fornecem orientações importantes que vão auxiliar a população em momentos de luto e fragilidade.
O SVO realizou um curso de capacitação de técnico em necropsia em parceria com a Escola de Saúde Pública do Ceará
Um dessas pessoas é a médica patologista e servidora pública, Emília Tomé de Sousa. “Trabalho do SVO desde sua fundação em maio de 2005. Apesar do nosso trabalho ser acompanhado de emoções dolorosas, temos a recompensa de prestar uma importante orientação para família e para sociedade da causa de morte dos seus entes queridos e cidadãos, muitas vezes elucidamos causas de morte que podem ser prevenidas em outros membros da família”.
A médica patologista e servidora pública, Emília Tomé de Sousa, está no SVO desde a sua fundação, em 2005
O técnico em necrópsia André Saraiva, que compõe o quadro de funcionários desde 2017, sente-se recompensado por poder ajudar quem precisa em um dos momentos mais delicados. “Considero o meu trabalho bastante gratificante, porque posso auxiliar as famílias em um dos momentos mais difíceis. Comecei na recepção, onde fiquei quatro anos, depois passei pelo almoxarifado, quando contribuí para a logística de funcionamento da instituição. Desde o ano passado, sou técnico em necropsia, graças a uma capacitação que foi feita para os trabalhadores daqui, em parceria com a Escola de Saúde Pública do Ceará”, relata.
No caso de pessoas com doenças já diagnosticadas, falecidas em domicílio, o SVO Móvel pode ser acionado
Como é o atendimento do SVO
Os procedimentos realizados por médicos patologistas no SVO são auxiliados por técnicos especializados, que identificam os motivos associados à perda da vida. As coletas específicas, nas quais podem ser realizadas biópsias e estudos microscópicos, devem ser autorizadas por um familiar.
Simultaneamente, as análises de amostras sanguíneas, aliadas ao estudo do líquido das membranas que envolvem o cérebro, podem elucidar os motivos do falecimento. Diante da suspeita de doenças infectocontagiosas, secreções nasais, colhidas via swab, podem ser encaminhadas ao Laboratório Central de Saúde Pública do Ceará (Lacen).
A elucidação definitiva depende de todos os resultados dos procedimentos realizados. Após o estudo, a Declaração de Óbito é devidamente preenchida pelo médico e entregue à família. Para a emissão da Certidão de Óbito e da Guia de Sepultamento, o documento emitido pós-necropsia deve ser registrado em cartório.
No caso de pessoas com doenças já diagnosticadas, falecidas em domicílio, o SVO Móvel pode ser acionado, principalmente diante de sintomas e de doenças crônicas que permitam uma conclusão precisa. Por exemplo: pessoas acamadas, com sequelas ou dificuldades respiratórias, além daquelas acometidas por condições degenerativas avançadas e vítimas de câncer em estágio terminal.
O atendimento domiciliar deve ser solicitado por telefone. Após a autorização da análise e a constatação da morte pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), a unidade móvel é encaminhada à residência. Um médico e um assistente social compõem a equipe.
Celebração
As duas décadas de serviços prestados serão comemoradas em dois momentos. O primeiro, em uma sessão solene no próximo dia 28, na Assembleia Legislativa do Ceará (Alece), às 17h e o segundo, no próprio SVO, com uma mesa-redonda no dia 29, às 14h, voltada aos trabalhadores do equipamento.