Janeiro roxo: saiba o que é e como prevenir a hanseníase

6 de janeiro de 2025 - 16:36 # # # #

Assessoria de Comunicação da Sesa
Texto e Fotos:Kelly Garcia

O Centro de Dermatologia Dona Libânia, unidade da Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa), é um dos centros de referência no diagnóstico da hanseníase

O inchaço das pernas e dos pés foi o primeiro sintoma da hanseníase notado pelo auxiliar de depósito Josivan Sousa, 32, morador do bairro Serrinha, em Fortaleza. Ao fim de um dia de serviço, era difícil retirar as botas, equipamento obrigatório no trabalho.

Inicialmente, os médicos suspeitaram que seria um problema de circulação. No entanto, após alguns meses, Josivan Sousa recebeu o diagnóstico de hanseníase no posto de saúde e foi encaminhado para o Centro de Dermatologia Dona Libânia, unidade da Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa), onde é acompanhado há quase um ano.

A hanseníase, doença infecciosa causada pelo Mycobacterium leprae, tem afinidade por células da pele e dos nervos. Por isso, as principais manifestações aparecem na forma de lesões na pele e de sintomas neurológicos, como a perda de sensibilidade e formigamentos nas extremidades.

O Brasil ocupa a segunda posição global em novos casos registrados e o Ceará ocupa a sexta posição entre as unidades da federação. Em 2024, de acordo com dados do IntegraSUS, foram diagnosticados 1.101 casos novos no Ceará. Já em 2023, houve o registro de 1.223 novos diagnósticos da doença.

Neste ano, a Sesa promove a campanha “Hanseníase tem cura. O preconceito também”. A intenção é aumentar a conscientização sobre a doença, reduzir o estigma, estimular o diagnóstico precoce e capacitar os profissionais por todo o ano, em vez de concentrar as ações apenas no mês de janeiro.

De acordo com o médico epidemiologista e coordenador da Célula de Vigilância e Prevenção de Doenças Transmissíveis e Não Transmissíveis (Cevep) da Sesa, Carlos Garcia, um dos principais desafios no combate à hanseníase é o diagnóstico precoce. “A doença pode ser confundida com outros problemas de pele, em suas fases iniciais. Por isso, é tão importante que o profissional de saúde busque saber mais sobre ela e que o paciente esteja atento aos sintomas”.

Caso a doença demore para ser diagnosticada, o paciente pode ficar com sequelas. Foi o que aconteceu com a empregada doméstica Maria do Carmo Gomes, 56. Com uma rotina de trabalho intensa, retardou a ida ao médico, o que só aconteceu depois de um acidente, quando sofreu uma queimadura de terceiro grau porque já não tinha sensibilidade nas mãos. “Os médicos não conseguiam descobrir o que era porque, no começo, eu não tinha manchas. Hoje, eu sou acompanhada e estou bem melhor”, diz.

Na doméstica, os sintomas iniciais foram dormência e formigamento das mãos e dos pés. Depois, surgiram alguns caroços por todo o corpo, que despareceram com o tratamento. No entanto, as deformações nos pés e nas mãos permanecem. Acompanhada há dois anos, Maria do Carmo também se trata de depressão. “Tenho parentes que morrem de medo de chegar perto de mim, mesmo sabendo que estou em tratamento. A gente fica meio sozinha quando descobre”, explica.

Francisco Alves Tibúrcio, 89, está concluindo o tratamento da hanseníase pela segunda vez no Centro de Convivência de Antônio Diogo. (Foto: Elionária Lima)

O aposentado Francisco Alves Tibúrcio, 89, está concluindo o tratamento da hanseníase pela segunda vez. Morador do Centro de Convivência de Antônio Diogo (CCAD), em Redenção, desde que ficou viúvo, o aposentado traz algumas sequelas, como um problema de visão e deformidades nos pés. “Estou melhor, mas foram os médicos que perceberam que eu estava com algo dessa vez, porque eu não enxergo mais como antes. Eram umas manchas brancas no braço”, conta.

Sintomas e contágio

O contágio, segundo o médico epidemiologista, acontece por meio de gotículas respiratórias. “A principal forma de prevenção é tratar as pessoas que estão com a doença. Para se evitar que a pessoa seja reinfectada, é importante fazer todo o tratamento, que pode ser realizado por seis meses ou um ano. Quando o paciente começa a se tratar, a transmissão é interrompida, mas as pessoas que conviveram com o portador da doença devem ser testadas”, explica o coordenador da Cevep.

A diretora do Centro de Referência em Dermatologia Dona Libânia (Cderm), dermatologista Araci Pontes, destaca que os principais sintomas da hanseníase são as alterações na pele. “As manchas dormentes na pele podem ser mais claras, avermelhadas ou mais escuras e não desaparecem com o tempo”, destaca. Veja vídeo com a dermatologista sobre sintomas, tratamento e prevenção da hanseníase.