Pesquisa do Hias é premiada em congresso nacional; trabalho relata caso raro de paciente recuperado na unidade

6 de dezembro de 2024 - 15:35 # # #

Assessoria de Comunicação do Hias
Texto: Levi Aguiar
Foto: Levi Aguiar e arquivo pessoal

O prêmio integra o projeto “Adote uma Lesão”, uma iniciativa criada para promover o conhecimento científico na prevenção e no tratamento das lesões de pele

Depois de dez meses de internação do filho de 13 anos, Eduarda Oliveira, 31, comemora a melhora do quadro de saúde de Pedro, internado no Hospital Infantil Albert Sabin. “Hoje, ele está bem e em casa. Temos algumas dificuldades, mas estamos felizes, pois estamos todos juntos no nosso lar”, conta. Desde o terceiro dia de vida, o pequeno é acompanhado na unidade da Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa) para tratar de uma anomalia congênita.

Mais de doze anos depois, ele precisou retornar à unidade, no dia 4 de setembro de 2023, para fazer um procedimento chamada de “Mitrofanoff”, que estabelece um canal de comunicação entre a bexiga e parede abdominal. “A cirurgia gerou complicações, e nós passamos por muita coisas até conseguir estabilizar a saúde dele. A nossa sorte foi ter uma equipe de cirurgiões, estomaterapeutas e profissionais dos Cuidados Paliativos tão atenciosas”, conclui Eduarda.

A solução que salvou a vida de Pedro foi alvo de pesquisa publicada, que acabou sendo premiada em evento nacional. A equipe de profissionais de saúde do Hias conquistou o primeiro lugar na categoria Jovem Pesquisador do 9º Congresso Brasileiro de Prevenção e Tratamento de Feridas, com a pesquisa intitulada “Fístulas enterocutâneas em pediatria e suas interfaces com a interdisciplinaridade”. O evento aconteceu entre os dias 26 e 29 de novembro, em Salvador.

O prêmio é resultado do trabalho multiprofissional e do viés acadêmico da equipe da unidade. A pesquisa analisou o tratamento de Pedro, que tinhas múltiplas fístulas enterocutâneas, caracterizadas por aberturas anormais entre o trato gastrointestinal (intestino) e a pele.

A gastroenterologista do Hias e uma das autoras do trabalho, Mikaelle Marques, explica que essas fístulas podem surgir espontaneamente devido a complicações do quadro clínico dos pacientes. Elas expõem, por meio da fissura, parte do conteúdo intestinal (fezes, líquidos e gases) ao exterior do corpo.

“Embora as fístulas geralmente sejam únicas, no caso do paciente em questão, havia múltiplas lesões associadas a complicações graves, como infecções, desnutrição e problemas cardíacos. A situação era tão crítica que havia risco de óbito devido a complicações mais severas”, relata a médica.

Madna Avelino, Max Brenner e Mikaelle Marques, respectivamente, são três dos oito pesquisadores envolvidos na formulação do trabalho

Para a estomaterapeuta Madna Avelino, coordenadora da pesquisa, o caso foi um grande desafio para toda a equipe. “Não havia literatura nacional que orientasse sobre o manejo das fístulas enterocutâneas, especialmente em casos com múltiplas aberturas e em pacientes pediátricos”, explica.

“Reunimos diversas especialidades da área da saúde para criar um plano de cuidados personalizado, com o objetivo de solucionar o quadro clínico da criança e proporcionar mais qualidade de vida, tanto para ela quanto para a família. Esse é o diferencial do Albert Sabin, e, portanto, nosso diferencial. Somos referência no tratamento de feridas pediátricas, no cuidado a crianças com estomias e com doenças genéticas”, conclui Madna Silva.

Hias é referência em pesquisa

O Hias também é reconhecido como unidade de referência nas áreas de ensino e pesquisa, recebendo anualmente estudantes de diversos cursos da área da saúde. Max Brenner, discente de enfermagem da Uninassau, membro da Liga Acadêmica de Enfermagem Dermatológica e também autor da pesquisa, ressalta a importância da contribuição da área na inovação da assistência.

“A enfermagem desempenha um papel crucial na produção do conhecimento científico. Além disso, nossos pacientes não são apenas crianças com feridas. Para além da ferida, existe uma pessoa, e a assistência em saúde deve considerar todas as dimensões do ser humano, incluindo o bem-estar emocional e psicológico. A palavra-chave é qualidade de vida”, conclui.

Familiares e equipe de saúde celebram a alta do jovem Pedro, de 13 anos