ESP/CE realiza capacitação antirracista para profissionais da Atenção Primária à Saúde

31 de outubro de 2024 - 10:34 # # # # #

Assessoria de Comunicação da ESP/CE
Texto: Juliana Marques
Fotos e vídeo: Raiane Ferreira

Curso Básico de Letramento Racial conta com cerca de 30 alunos da Grande Fortaleza

Nascido no Quilombo Serra da Rajada, em Caucaia (CE), Jocimar Rodrigues, 54, relaciona os episódios de discriminação vivenciados por ele à cor da pele e à ancestralidade. Mesmo num contexto de tensão social, o quilombola nunca perdeu a motivação para lutar pelos direitos da comunidade à qual pertence e que conta, hoje, com cerca de 230 habitantes.

“Muitas vezes, nós precisamos ter conhecimento para não nos sentirmos fragilizados”, diz, satisfeito. Foi com esse pensamento que ele se tornou o Agente Comunitário de Saúde (ACS) da região onde mora. Por lá, o profissional realiza visitas diárias às famílias e as direciona à unidade de saúde quando necessário.

Rodrigues é, também, um dos alunos da primeira turma do Curso Básico de Letramento Racial na Atenção Primária à Saúde (APS), realizado pela Escola de Saúde Pública do Ceará (ESP/CE), em parceria com as Secretarias Estaduais da Saúde (Sesa) e da Igualdade Racial (Seir).

Nessa quarta-feira (30), foi encerrado o primeiro ciclo de encontros presenciais da capacitação. Cerca de 30 profissionais de saúde atuantes em comunidades quilombolas da Grande Fortaleza são contemplados pela iniciativa. Eles são médicos, agentes comunitários, enfermeiros e gestores das Unidades Básicas de Saúde (UBSs). No decorrer da trilha de aprendizagem, o grupo poderá desenvolver práticas e conhecimentos sobre as relações raciais, objetivando a valorização da diversidade e a promoção da equidade nos serviços.

Segundo Jocimar, a expectativa é replicar o conhecimento adquirido durante as vivências na comunidade. Assista ao depoimento:

A secretária da Igualdade Racial do Ceará, Zelma Madeira, conduziu a aula de abertura da iniciativa, que teve como tema “Sociedade Racializada: a questão racial no Brasil”. Na ocasião, a gestora explanou sobre as doenças prevalentes entre os grupos populacionais, a desconstrução do mito da democracia racial, a diversidade, a representatividade e outros assuntos correlatos.

“Nessa iniciativa, a gente vai trabalhar o fenômeno planetário que é o racismo. Nós temos a preocupação de fazer esse letramento racial para que se aperfeiçoe o relacionamento entre os profissionais de saúde e a população negra, os povos originários e os indígenas. É preciso entender as particularidades de cada um deles”, destacou.

Ainda segundo Zelma, a meta é trabalhar ações não só na Saúde, mas em todas as áreas do Governo do Estado.

Ficha técnica

Segundo a diretora de Educação Permanente e Profissional em Saúde da ESP/CE, Suzyane Barcelos, o projeto tem um formato dinâmico, para que, ao fim das atividades, os alunos consigam preparar planos de ações e desenvolver estratégias no âmbito da assistência em saúde. Ouça mais detalhes.

A capacitação segue neste mês de novembro, com mais três encontros presenciais, na sede da autarquia.