‘Nasci de novo’: transplante de fígado muda vida de pacientes no HGF; unidade já realizou 690 procedimentos em 15 anos

20 de setembro de 2024 - 10:30 # # # # #

Assessoria de Comunicação do HGF
Texto e fotos: Felipe Martins Edição: Ariane Cajazeiras

“Depois do transplante, nasci de novo”, relata Rosimeire Freitas, de 34 anos. A dona de casa foi internada no Hospital Geral de Fortaleza (HGF) em 2016, com um quadro de hepatite autoimune. Do início da falência do fígado até o transplante, foram quase três anos de uma espera sofrida. “Mesmo acompanhada no ambulatório do HGF, sentia dores frequentes no estômago e inchaço na barriga e nas pernas”, relembra. Em 2018, quando recebeu a ligação que a convocava para o transplante, o choro foi de felicidade.

Rosimeire faz parte dos 690 pacientes que já receberam um fígado no equipamento da Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa) desde a inauguração do serviço, em 2009. Atual diretora-geral do HGF e médica-cirurgiã do hospital, Ivelise Brasil foi a responsável pela montagem da primeira equipe de transplante hepático da unidade. “Recebemos o credenciamento para realização do procedimento em agosto daquele ano e fomos fazer uma capacitação final nos Estados Unidos, na Universidade de Indiana”, conta.

‘Um milagre’: Rosimeire Freitas apresenta a filha mais nova, a pequena Liz

“Por ser de alta complexidade, a capacitação para o transplante hepático possibilitou todo um sistema de formação de pessoal no HGF”, ressalta a diretora-geral. “Muitos residentes passaram pelo serviço, aprenderam e se apaixonaram pelo transplante. Muitos continuam com a gente e formando novos profissionais”, afirma.

Em 15 anos de atividade, o Transplante Hepático do HGF não apenas cresceu, mas catapultou diversos outros serviços do hospital. “Tanto do ponto de vista técnico da atuação quanto de materiais e equipamentos, tivemos grandes avanços em setores como Centro de Imagem e Laboratório para acompanhar as demandas do transplante hepático. Além do próprio Centro Cirúrgico, que hoje tem cerca de 70% dos profissionais atuantes formados aqui”, ressalta Ivelise.

Complexidade do procedimento

O fígado é um dos mais importantes órgãos do ser humano, com funções essenciais para o metabolismo e a desintoxicação do organismo. Devido ao poder de regeneração, ele é também um dos mais adaptáveis e é dificilmente rejeitado pelo corpo após um transplante. Mas os desafios para a realização do procedimento são muitos.

Debilitação do paciente torna o transplante de fígado um dos mais complexos

“O paciente que aguarda um fígado já está naturalmente debilitado. Ele possui problemas de coagulação devido à baixa quantidade de plaquetas; quadro de desnutrição e até intoxicação com alimentos, pela deficiência na metabolização; além de complicações relacionadas à cirrose”, explica a cirurgiã. “Tudo isso deixa o procedimento muito mais complexo, com frequentes sangramentos”, acrescenta.

E o perfil de pacientes que o hospital recebe para transplante é sempre desafiador. “São pessoas com tromboses extensas, graves, transferidas por UTI aérea. Não apenas do Ceará, mas também de outros estados que não realizam transplante. O HGF tem uma porta que não se fecha para ninguém”, enfatiza a diretora.

Uma vez realizado o procedimento, no entanto, as complicações são raras. “A rejeição de fígado é abaixo de 10%. Além do órgão lidar bem melhor com os anticorpos do que um rim, por exemplo, a gente tem, hoje, drogas que são capazes de controlar bem a rejeição”, explica.

Qualidade de vida

No transplante de fígado, a qualidade de vida é um ganho quase instantâneo, explica o médico-cirurgião do serviço de Transplante Hepático do HGF, Emmanuel Nogueira. “Cerca de 48 horas após o procedimento, a gente já percebe uma melhora sistêmica do paciente. Antes debilitado e com pensamento lento, ele começa a, literalmente, ganhar vida. É muito satisfatório vivenciar isso”, ressalta.

Rosimeire Freitas, nossa personagem real, não só ganhou vida, mas gerou uma nova. Há um ano (cinco anos após o transplante de fígado), ela deu à luz a pequena Liz. “Achei que não conseguiria mais engravidar, até porque já tinha tirado também um ovário por conta de outra doença. Então, para mim, ela é um milagre”, compartilha.

Como se tornar um doador de órgãos

Para doar órgãos e tecidos, é necessário que a pessoa deixe a família ciente do seu desejo, pois a família é quem vai autorizar a doação. O Ceará realiza transplantes de rim, fígado, pulmão, pâncreas, coração, medula óssea, córnea e válvulas cardíacas.