Hospitais da Rede Sesa aplicam protocolo para reduzir mortalidade em infecções

13 de setembro de 2024 - 14:23 # # # # # # # #

Assessoria de Comunicação do HGWA, HRN e HRSC
Texto e fotos: Bruno Brandão, Teresa Fernandes e José Avelino Neto

A autônoma Erbênia Pereira, de 52 anos, está internada no Hospital Geral Dr. Waldemar Alcântara (HGWA) desde o início de agosto. Ela foi admitida na unidade da Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa) com um quadro renal infeccioso que evoluiu para infecções em outros órgãos. A paciente chegou a ficar internada na Unidade de Terapia Intensiva (UTI), onde recebeu todos os cuidados necessários para o tratamento, sendo transferida para a clínica médica onde aguarda a alta hospitalar. Já melhor e fora de perigo, ela conta que agora se sente aliviada.

“Eu fui tratada com muita rapidez. Cheguei a tomar bolsas de sangue, plaquetas e medicamentos fortes. Tive um quadro infeccioso, os médicos me falaram que minha situação era grave, mas que iriam fazer o possível para me ajudar, em nenhum momento me senti às cegas sobre o diagnóstico. Agora quero ir para casa e contar essa vitória”, afirma.

Já na clínica médica do HGWA, a paciente Erbênia conversa com a enfermeira Cristiane Araújo

Responsáveis pelo atendimento de casos de urgência e emergência, os hospitais de nível terciário acompanham pacientes graves, como Erbênia, que podem ter acometimentos sérios como a sepse – uma disfunção de um ou mais órgãos decorrentes de infecções. A sepse pode ser desencadeada por vários tipos de agentes infecciosos, como pneumonias, infecções urinárias e de pele. A doença, potencialmente grave, desencadeada por uma inflamação que se espalha pelo organismo diante de uma infecção, é um problema tratável e curável, principalmente quando percebida em seus sintomas iniciais.

“Quanto mais cedo a equipe identificar os sinais de infecção e acionar o protocolo sepse com todas as medidas (culturas, exames, antibióticos e demais medidas) maiores serão as chances de alta para os pacientes”, explica a enfermeira do Serviço de Controle de Infecção Hospitalar (SCIH) e case manager (profissional que cuida do gerenciamento do protocolo) na unidade, Cristiane Araújo.

Os hospitais da Rede Sesa gerenciam protocolos hospitalares: documentos que contêm recomendações e orientações para profissionais da saúde. Considerando o protocolo de atenção aos pacientes sépticos, a atenção preventiva começa nos primeiros sinais de infecção. Isso que fez com que, nos últimos dois anos, a taxa de mortalidade por sepse caísse em média 12% entre as unidades que têm o protocolo como prioritário.

Protocolo identifica primeiros sinais para prevenir mortalidade

A maturidade do protocolo sepse depende de treinamentos contínuos e feedbacks constantes. Uma parceria do HGWA com o Instituto Latino Americano de Sepse (Ilas) tem ajudado nesse trabalho.

“A parceria tem sido de fundamental importância para nos guiar em busca das melhorias contínuas e para nortear nossos esforços no aprimoramento de nossos resultados. Essa parceria nos trouxe maturidade para buscarmos sempre o melhor de nossos esforços em prol do paciente”, detalha Cristiane.

Em nova fase, o HGWA está em fase de implementação do projeto Reabilita Sepse. Além do acompanhamento no hospital, o projeto também visa acompanhar toda a reabilitação do paciente.

“Nesse projeto, os profissionais da equipe multidisciplinar irão agir no intuito de identificar e realizar um plano de reabilitação personalizado pós-alta para cada paciente, sendo norteados pelos três grandes domínios que a sepse pode acometer, que são a saúde física, a cognição e a saúde mental”, diz a enfermeira.

No HGWA, as interações e rodas de conversas sobre o tema acontecem rotineiramente

No HRN, protocolo é aplicado desde 2014

O Hospital Regional Norte (HRN), em Sobral, gerencia o protocolo sepse como prioritário desde 2014, mas, nos últimos dois anos, tem aprimorado os processos com estratégias para aumentar a sensibilidade à abertura dos protocolos em tempo hábil.

“O protocolo sepse tem o objetivo de auxiliar a utilização de marcadores prioritários na recuperação dos pacientes e monitora para que as ações sejam executadas no tempo certo”, avalia a coordenadora do Serviço de Controle de Infecção Hospitalar (SCIH) do HRN, Diana Karla Muniz. Uma das estratégias que está sendo implementada é a dos Guardiões dos Pacientes Sepse (GPS), profissionais da assistência que auxiliam no acompanhamento aos pacientes desse perfil.

Sentinelas no HRSC garantem vigília 24 horas contra sepse

No Sertão Central, cerca de 50 profissionais foram treinados para manter vigilância contra a sepse e acionar abertura do protocolo ao primeiro sinal

Montar um método de vigilância permanente para identificar os sinais de uma infecção generalizada foi a estratégia criada pelo Hospital Regional do Sertão Central (HRSC), unidade da Rede Sesa em Quixeramobim, para manter sob controle os casos de sepse. Em agosto deste ano o programa “Sentinela Sepse” completou um ano. O programa é composto por cerca de 50 colaboradores, todos rigorosamente treinados, para sinalizar a necessidade de abertura de um protocolo, ao primeiro sinal de infecção observado.

Os membros se dividem entre as equipes de plantão, permitindo que todas as unidades tenham pelo menos um “sentinela”. Desta forma, a metodologia garante que os pacientes sejam monitoradas 24 horas e agindo para que nenhum protocolo deixe de ser aberto.

“Eles são nossos alertas dentro dos setores, o nosso radar. Temos uma comunicação muito forte, com reuniões sistemáticas”, explica Ana Amélia Farias, coordenadora da SCIH. Daniel Rodrigues, coordenador-geral de enfermagem do HRSC, que também encabeça a proposta, enfatiza: “esse profissional tem mais oportunidade de perceber alterações nos parâmetros vitais. É importante ter ele empoderado e sensível para capitalizar esses alertas, levando a informação ao médico, que vai determinar a abertura do protocolo para tratar a sepse”, explica.