Forma resistente da tuberculose pode se desenvolver por tratamento incompleto; Hospital de Messejana é referência em casos mais graves da doença

12 de agosto de 2024 - 10:52 # # # #

Assessoria de Comunicação do Hospital de Messejana
Texto: Jessica Fortes
Fotos: Jessica Fortes e Casa Civil

Hospital de Messejana é referência em casos mais complexos de tuberculose

A tuberculose (TB) é uma doença infecciosa causada pela bactéria Mycobacterium tuberculosis, que afeta principalmente os pulmões (tuberculose pulmonar), mas também pode acometer outros órgãos (tuberculose extrapulmonar) como rins, ossos, olhos, pleura e meninges. Embora seja curável e evitável, a tuberculose continua a ser um problema de saúde pública em todo o mundo.

A adesão completa ao tratamento é essencial para um desfecho positivo e para evitar o desenvolvimento de formas resistentes da doença. A falta de diagnóstico precoce, a descontinuidade do tratamento e as falhas terapêuticas são fatores que dificultam a recuperação e agravam a doença, podendo levar ao óbito.

O Hospital de Messejana Dr. Carlos Alberto Studart Gomes (HM), da rede da Secretaria de Saúde do Ceará (Sesa), desempenha um papel crucial no manejo de casos complexos de tuberculose, oferecendo atendimento especializado e suporte para pacientes que necessitam de esquemas terapêuticos diferenciados.

De janeiro a junho de 2024, a unidade realizou 2.520 atendimentos médicos e de enfermagem no Ambulatório de Tuberculose Multirresistente. Atualmente, 94 pacientes com tuberculose droga resistente (TB-DR) e infecções por micobactérias não tuberculosas (MNT) estão sendo acompanhados na unidade. As MNT, apesar de não causarem tuberculose, podem levar a doenças pulmonares crônicas, principalmente em pessoas com sistema imunológico comprometido.

Os tratamentos de esquemas especiais são mais demorados e necessitam de um acompanhamento mais especializado, podendo durar de 18 a 24 meses

A paciente Maria Lúcia (nome fictício), de 55 anos, está em acompanhamento no ambulatório do HM desde 2022. Ela relata: “Em 2017, tive tuberculose e fui tratada no posto de saúde da minha cidade. Em 2022, voltei a sentir alguns sintomas e, após exames, foi identificada uma micobactéria. Fui encaminhada ao Hospital de Messejana e estou sendo bem acompanhada aqui. Venho todos os meses”.

Ela explica que segue o tratamento corretamente, como indicado pelo médico. “Tomo as medicações e, por um período, recebi injeções, além dos comprimidos. Sempre repito os exames. Atualmente, não tenho mais sintomas, mas sei que não posso interromper o tratamento. Devo continuar até receber alta”, diz.

A pneumologista do Ambulatório de TB do HM, Tânia Brígido, explica: “Quando o primeiro esquema de tratamento falha, ou é descontinuado antes dos seis meses, o paciente pode desenvolver resistência às medicações. As possibilidades terapêuticas estreitam, o caso fica mais complexo, aumentando as internações e diminuindo as chances de cura. Por isso, sempre reforçamos a importância de manter o rigor do tratamento”.

Ela acrescenta: “Os esquemas especiais, sejam eles multirresistentes, monorresistentes ou para outras micobactérias, são ainda mais demorados e necessitam de um acompanhamento mais especializado, podendo durar de 18 a 24 meses”.

Por ser referência em tratamentos especiais, o HM também recebe pacientes com intolerância aos medicamentos do esquema básico (Rifanpicina/Isoniazida/ Pirazinamida/ Etambutol – RHZE), ofertados nos postos de saúde.

Atualmente, 94 pacientes com tuberculose droga resistente (TBDR) e infecções por micobactérias não tuberculosas (MNT) estão sendo acompanhados no ambulatório do Hospital de Messejana

Esquemas especiais

Tuberculose Multirresistente ou Droga Resistente (TBDR)

A TBDR é causada por cepas de Mycobacterium tuberculosis que são resistentes a pelo menos dois medicamentos mais eficazes contra a tuberculose. O tratamento da TBDR é mais longo, podendo durar mais de dois anos, e envolve o uso de medicamentos de alto custo, que possuem mais efeitos colaterais e devem ser acompanhados por equipe multiprofissional, com médico, enfermeiro e farmacêutico.

Tuberculose Monorresistente

Causada por bacilo resistente aos remédios antituberculose de primeira linha, que são aqueles usados com sucesso na grande maioria dos casos.

Micobactérias Não Tuberculosas (MNT)

As MNT são microrganismos que não causam tuberculose, mas podem levar a doenças pulmonares crônicas, especialmente em pessoas com sistema imunológico comprometido. O tratamento das infecções por MNT é complexo e prolongado, geralmente exigindo uma combinação de vários antibióticos por um período estendido.

O tratamento da tuberculose é gratuito e deve ser iniciado imediatamente após a detecção

Sintomas da tuberculose

É essencial que a população esteja ciente dos sintomas da tuberculose e busque atendimento médico ao primeiro sinal da doença, contribuindo para a detecção precoce e controle eficaz da condição. Os sintomas da tuberculose pulmonar incluem tosse persistente (por mais de três semanas), febre, suores noturnos, perda de peso, cansaço e fraqueza, dor no peito e, em casos mais avançados, presença de sangue no escarro. Pessoas com esses sintomas, associados ou isolados, devem procurar uma unidade básica de saúde o mais rápido possível.

Diagnóstico

O diagnóstico da tuberculose envolve uma combinação de exames clínicos, radiológicos e laboratoriais. Os principais métodos de diagnóstico incluem teste de escarro, radiografia de tórax e teste rápido molecular (TRM), que detecta o DNA da bactéria e possíveis resistências a medicamentos em poucas horas.

Tratamento

O tratamento da tuberculose é gratuito e deve ser iniciado imediatamente após a detecção. É crucial que os pacientes completem todo o tratamento, que é feito com o uso de antibióticos por um período de, no mínimo, seis meses, mesmo que os sintomas desapareçam antes do término. A interrupção precoce do tratamento pode levar à resistência bacteriana, tornando a doença mais difícil de tratar e aumentando o risco de transmissão.