Dia do Desejo: HGF proporciona “refeições afetivas” com cardápio diferenciado para pacientes com leucemia

17 de junho de 2024 - 10:39 # # # #

Assessoria de Comunicação do HGF
Texto: Suzana Mont’Alverne
Fotos: Equipe da Nutrição

O Hospital Geral de Fortaleza (HGF), unidade de alta complexidade da Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa), proporciona aos pacientes internados por leucemia um momento de conforto e satisfação por meio do “Dia do Desejo”, oferecendo uma refeição afetiva com alimentos de suas casas. A iniciativa acontece quinzenalmente e contempla aqueles que precisam permanecer internados durante todo o ciclo de quimioterapia, que dura em média um mês.

O projeto funciona desde 2022, atendendo os pacientes internados nos leitos do serviço de Hematologia. Rodrigo Monteiro, coordenador do serviço no HGF, esclarece que a iniciativa foi concebida pela equipe de residência. “Eles identificaram a importância da alimentação para os pacientes, muitos dos quais passam longos períodos internados. Pacientes com leucemias agudas, especialmente, ficam em média de 20 a 30 dias internados devido à complexidade do tratamento, que inclui indução e consolidação. Esse cuidado simples pode realmente mudar a perspectiva dos pacientes”, explica o hematologista.

O tratamento quimioterápico afeta a imunidade do paciente, causando efeitos adversos no organismo, como a mudança de paladar. “A medicação gera seletividade alimentar. A dieta hospitalar é padronizada, mas é adaptada conforme as necessidades nutricionais e preferências dos pacientes, observadas em visitas diárias realizadas pelos residentes de nutrição. As visitas permitem ajustar a alimentação conforme a aceitação e os sintomas, como diarreia e constipação”, detalha a nutricionista do hospital, Rosângela Alencar.

Além da mudança de paladar, o tratamento pode ocasionar outros efeitos colaterais desconfortáveis, como a mucosite (feridas na boca). “Há restrições para evitar riscos de infecção e complicações. Alimentos perfurantes ou duros, como peixe com espinha e farofas que não sejam de cuscuz, são proibidos. Comidas pesadas e gordurosas também são evitadas para não desencadear diarreia”, esclarece Rosângela. A iniciativa acontece em parceria com o Serviço Social, que organiza dias específicos para cada grupo de pacientes.

Valéria tem saudades de casa e encontra conforto com a comida com sabor do lar

Internada há vinte e um dias no HGF, a paciente Valéria Moreira de Oliveira (26) ficou feliz em saber do “Dia do Desejo”. Ela escolheu carne assada. “Quando eu cheguei aqui e soube do projeto, achei muito interessante, porque não é todo hospital que faz isso, né? Se preocupar com o que o paciente deseja comer é algo especial, especialmente porque é cansativo comer a mesma comida todos os dias. Ter a oportunidade de comer algo diferente, mesmo que só uma vez, já melhora o nosso humor, reanima”, diz Valéria.

Todo o processo é orientado à família e acompanhado pela equipe multidisciplinar, composta também por assistentes sociais, fisioterapeutas, psicólogos e terapeutas ocupacionais. “A comida é entregue na copa, sendo vistoriada antes de ser levada ao paciente. A equipe trabalha conjuntamente para garantir o bem-estar e a adequada nutrição dos pacientes”, explica a nutricionista.

Para Vando, o cardápio diferenciado resgata o ânimo muitas vezes desgastado pela rotina hospitalar

“É muito bom, porque a gente acaba enjoando das comidas servidas no hospital. Passamos muito tempo aqui e ficamos sem paladar, sem vontade de comer. Comer uma comida diferente, que você gosta, que tem o costume de comer em casa, é muito bom, fortalece o corpo e anima o espírito”, fala Vando Bastos Alexandre, de 45 anos, que está em tratamento com três ciclos de internações que duram em média vinte e um dias. “Minha comida preferida é carne de sol, maxixe e quiabo”, complementa.

A nutricionista destaca ainda que, além do conforto emocional e da satisfação alimentar, o projeto possibilita um trabalho educativo. “Há um esforço contínuo para educar os pacientes sobre a importância de uma alimentação equilibrada e natural, com menos industrializados e carboidratos refinados, para melhorar a resposta ao tratamento e minimizar os efeitos colaterais da quimioterapia”, conclui.

Assistência

O serviço de Hematologia do HGF possui15 leitos de enfermaria exclusivos e mais 12 de suporte. “Como somos o único hospital no estado que trata leucemias agudas, nossos leitos estão sempre ocupados”, enfatiza Rodrigo Monteiro. Na Hematologia, são dezesseis turnos de ambulatórios com atendimento para diversas patologias, entre elas leucemias, linfomas e aplasias. A especialidade atende em média 600 pacientes por mês.

Além disso, o serviço conta com o Hospital Dia, que recentemente inaugurou a capela de manipulação de quimioterápicos, melhorando assim a qualidade e a quantidade dos atendimentos. Até fevereiro, os medicamentos eram manipulados em outra unidade da rede Sesa, o Centro de Hematologia e Hemoterapia do Ceará (Hemoce).

O médico destaca ainda que “são realizados também procedimentos de biópsia óssea e mielograma para diagnóstico de doenças hematológicas e somos responsáveis por cerca de 100 pareceres mensais no hospital”. A enfermaria conta com uma residência multiprofissional em cancerologia. Na especialidade tem equipe multidisciplinar, com fisioterapeutas, assistentes sociais, nutricionistas, psicólogos, enfermeiros e farmacêuticos.

“Esta residência proporciona uma visão abrangente e integrativa do atendimento, com projetos baseados nas necessidades dos pacientes, sempre buscando a melhor experiência hospitalar”, conclui o hematologista.