Transtorno bipolar: diagnóstico correto e tratamento especializado podem trazer mais qualidade de vida ao paciente
18 de abril de 2024 - 11:20 #Hospital de Saúde Mental Professor Frota Pinto #HSM #transtorno afetivo bipolar
Assessoria de Comunicação do HSM
Texto: Milena Fernandes
Fotos: Milena Fernandes e Hiane Braun (Casa Civil)
Arte gráfica: Brauliana Barbosa
Hospital de Saúde Mental recebe pacientes com transtornos de humor encaminhados pelas unidades básicas de saúde (Foto: Hiane Braun/ Casa Civil)
“Eu tinha fortes crises de depressão e fui internada três vezes. Não gosto muito de lembrar porque é difícil lidar com isso. A sorte é que fui socorrida, precisei de ajuda médica e psicológica. Atualmente, estou fazendo acompanhamento para evitar recaídas. Já me sinto bem melhor, consigo realizar muitas atividades, gosto do convívio com outras pessoas, de conversar, de cuidar das plantas e amo dançar”, revela Regina de Oliveira, de 71 anos, diagnosticada com transtorno afetivo bipolar (TAB).
A paciente Regina de Oliveira, 71, conta que o acompanhamento especializado com psiquiatra e psicólogo é essencial para sair das crises de depressão (Foto: Milena Fernandes)
A paciente é acompanhada pelos especialistas do Hospital de Saúde Mental Professor Frota Pinto (HSM), vinculado à Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa). Em tratamento no Hospital Dia – Lugar de Vida, unidade do HSM, ela conta que já está bem perto de receber alta, mas foram seis meses de tratamento com equipe multidisciplinar. “É muito importante tomar a medicação de forma correta e seguir direitinho as indicações dos profissionais. Aqui também temos musicoterapia, arte, dança e outras atividades complementares que nos ajudam muito na superação do transtorno”, reconhece.
No HSM, uma das maiores causas de internação continua sendo por casos graves de transtorno afetivo bipolar. Esse transtorno está classificado nos indicadores do hospital como uma das principais buscas por atendimento na Emergência do equipamento. O TAB é um distúrbio psiquiátrico caracterizado pela alternância de episódios de depressão e euforia, podendo afetar crianças, jovens e adultos.
Em 2023, foram internados 2.197 pacientes com transtorno afetivo bipolar no HSM. Na Emergência do hospital, foram realizados 22.448 atendimentos a pessoas com TAB. No Ambulatório, foram registrados 844 atendimentos voltados para transtorno de humor. A doença afeta cerca de 1% a 2% da população mundial e provoca uma mudança drástica no comportamento e nas relações sociais do indivíduo, comprometendo sua funcionalidade.
Sinais de alerta
De acordo com o psiquiatra do HSM David Martins, uma pessoa diagnosticada com TAB apresenta uma fase maior de depressão, ficando, geralmente, com 85% do seu tempo em estado deprimido e apenas 15% do tempo em estado de euforia.
“De um modo geral, observamos uma depressão grave que não responde aos tratamentos padrões, depressão com sintomas psicóticos em que a pessoa escuta vozes, delírios de perseguição, depressão que tem início de forma súbita, além de sintomas graves e incapacitantes”, explica Martins.
O especialista enfatiza que na fase depressiva é comum o paciente relatar sintomas de tristeza, perda de interesse nas suas atividades, desesperança, ideias de morte, insônia, isolamento social e, em outros momentos distintos, a pessoa apresenta episódios de euforia, com humor acentuado, mais alegria e energia, pensamento acelerado, falando mais rápido do que o normal e, muitas vezes, fazendo coisas que não costuma fazer, como comprar com exagero e uma desinibição diferente.
“Normalmente, o paciente apresenta um episódio de euforia com duração entre uma semana e quinze dias e vários episódios depressivos durante o ano”, enfatiza.
O psiquiatra esclarece que no transtorno bipolar a pessoa não muda de humor no mesmo dia. “Ela tem períodos de semanas ou meses em que ela está com aquele episódio de depressão ou de euforia. E, muitas vezes, existe o episódio de eutimia, que é o humor considerado normal, de acordo com o que se espera”, pontua.
O psiquiatra David Martins é um dos especialistas em transtorno de humor do Hospital de Saúde Mental e recomenda observar os sintomas e buscar tratamento (Foto: Milena Fernandes)
Tratamento
Para chegar a um diagnóstico, o psiquiatra precisa conversar com o paciente e com os familiares. “É durante a avaliação clínica que podemos chegar ao diagnóstico, não há um exame específico para isso. O paciente tem uma tendência a lembrar dos episódios de depressão, por isso é importante conversar também com pessoas que convivem com esse paciente porque muitas vezes ele não tem a percepção dos episódios de euforia”, diz David.
O médico também frisa que o transtorno bipolar costuma se manifestar entre os 20 e 30 anos de idade, justamente na fase mais produtiva da pessoa. “E se não for tratado, pode trazer muitos problemas para a pessoa ao longo da vida. Dentre os pacientes psiquiátricos, os que apresentam transtorno bipolar têm uma alta taxa de possibilidade de suicídio. Então, sem uma terapia adequada, pode haver prejuízos no trabalho, nos relacionamentos amorosos, familiares e nos convívios sociais”, orienta Martins.
Os casos mais graves são atendidos na Emergência do HSM, que funciona 24h, e podem levar à internação. Para os casos que não necessitam de internação, mas são considerados graves, o tratamento é realizado no Ambulatório do Humor. Os pacientes são acompanhados por profissionais residentes junto aos preceptores, com assistências psicológicas e psiquiátricas, inclusive com prescrição de medicações.
Ambulatório de Transtorno de Humor
Para ter acesso ao equipamento pela primeira vez, é necessário encaminhamento de uma unidade básica de saúde. Após triagem no Ambulatório Geral do HSM, se confirmado diagnóstico, os casos graves seguem para o Ambulatório de Transtorno de Humor.
Serviço:
Hospital de Saúde Mental Professor Frota Pinto (HSM)
Rua Vicente Nobre de Macedo, s/n – Messejana – Fortaleza/CE