Epilepsia: neurologista do HGF destaca preconceito como um dos principais entraves no tratamento da doença

18 de março de 2024 - 11:17 # #

Assessoria de Comunicação do HGF
Texto: Suzana Mont’Alverne
Foto: Felipe Martins
Arte gráfica: João Paulo (Jota)

Cerca de 130 pacientes são atendidos mensalmente no Ambulatório de Epilepsia do HGF

“O desconhecimento e a falta de discussões desempenham papel importante no preconceito contra a epilepsia”, destaca o neurologista responsável pelo ambulatório que acompanha pacientes com a doença no Hospital Geral de Fortaleza (HGF), José Hortêncio dos Santos.

Caracterizada pela ocorrência e repetição de crises convulsivas resultantes de um predisposição do cérebro, a epilepsia tem causas diversas. “Incluem fatores genéticos, adquiridos como traumas, acidente vascular cerebral (AVC), tumores, neurocisticercose, além de distúrbios na migração dos neurônios e outras condições neurológicas”, explica o médico do equipamento da Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa).

Quando teve sua primeira crise convulsiva, em 2020, Eleni Machado, de 52 anos, estava fazendo o almoço em casa. “Eu não lembro de nada, fui encontrada no chão, perto do fogão e levada desacordada por meus familiares para um hospital”, relata. Após dois episódios semelhantes, Eleni foi levada à Emergência do HGF.

A dona de casa foi avaliada pela triagem do serviço de Neurologia, que a direcionou para o atendimento ambulatorial especializado na doença. “Esta é a minha segunda ou terceira consulta no Ambulatório de Epilepsia. Ainda estou na fase de descoberta, tentando entender a doença. Ainda sinto medo. Só tenho a minha mãe e a minha mãe só tem a mim, quero conseguir ficar bem também por ela”, conta a paciente.

Diagnóstico e tratamento

O diagnóstico de epilepsia é dado por meio de consulta médica, geralmente com um neurologista, além de exames, como eletroencefalograma, ressonância magnética (RM) e tomografia computadorizada (TC). “O tratamento consiste principalmente em medicamentos anti-convulsivos, dos quais existem cerca de 20 tipos no Brasil”, informa José Hortêncio.

Em alguns casos, segundo o profissional, a cirurgia é uma opção. “Pode ser curativa, visando remover lesões identificadas, ou paliativas, para reduzir as crises convulsivas”, pontua.

Outra orientação importante do médico é sobre como se portar diante de uma pessoa tendo crise epiléptica. Entre as principais indicações, está a de nunca colocar a mão na boca do indivíduo. “É preciso aguardar. As crises convulsivas geralmente duram pouco tempo, de três a cinco minutos, e pouco a pouco, a pessoa volta a recuperar a consciência”, explica.

Gatilhos para crises

Apesar de não ser possível prever a convulsão, o médico indica que alguns fatores propiciam o risco para nova crise, como o uso irregular das medicações, privação de sono e uso de drogas recreacionais, por exemplo. Merecem atenção também trabalhos de risco que envolvem altura, eletricidade, maquinário pesado e direção profissional, bem como esportes radicais.

O neurologista acrescenta que um dos principais desafios das epilepsias é o estigma associado à doença. “A não compreensão resulta em preconceito e restrições injustificadas”, sublinha. Segundo ele, “a maioria das pessoas com epilepsia bem controlada pode levar uma vida normal, com algumas precauções em relação ao risco de crises”.

No Ambulatório de Epilepsia do HGF, são realizados, mensalmente, uma média de 130 atendimentos. Além de neurologistas, os pacientes recebem suporte de uma equipe multiprofissional com assistente social e neuropsicólogo. O serviço funciona nas quintas-feiras no turno da tarde e o acesso se dá por encaminhamento pela Central de Regulação da Sesa.

Diálogos sobre a epilepsia e os desafios do cotidiano

Visando diminuir os danos causados pelo desconhecimento sobre a doença, o HGF realiza, no dia 26 de março, o evento Diálogos sobre epilepsia e os desafios cotidianos. O encontro, aberto ao público mediante inscrição, acontece no Auditório Principal da unidade, das 7h40 às 11 horas.

Para a assistente social e coordenadora do evento, Dayane Martins, o evento é crucial para promover uma reflexão mais profunda sobre a epilepsia e desmistificar conceitos equivocados. “O momento será importante para reduzir o estigma e preconceito ainda presentes na sociedade. Iremos fornecer informações para que todos tenham conhecimento sobre a epilepsia”, reforça a profissional.

Serviço

Diálogos sobre epilepsia e os desafios cotidianos
26 de março (terça-feira)
7h40 às 11h
Auditório Principal do HGF (Rua Ávila Goulart, 900, Papicu)
Inscrições on-line