Serviço de Estomaterapia do HSJ completa dez anos resgatando a autoestima e a qualidade de vida de pacientes com lesões de pele

8 de novembro de 2023 - 17:03 # # # #

Assessoria de Comunicação do HSJ
Texto e fotos: Bárbara Danthéias

De janeiro a outubro de 2023, a equipe de Estomaterapia do HSJ atendeu 880 pacientes internados e 545 pacientes ambulatoriais

A estomaterapia é um ramo da enfermagem especializado no cuidado de pacientes com estomias, lesões complexas agudas e crônicas e incontinências urinária e anal. No Hospital São José (HSJ), unidade da Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa), o Serviço de Estomaterapia completa dez anos com foco na assistência a pacientes internados e egressos com lesões de pele, sobretudo as de cunho infeccioso, a exemplo da hanseníase, leishmaniose tegumentar, tuberculose cutânea e erisipela.

Entre as pacientes acompanhadas pela equipe de estomaterapeutas do HSJ, está Luzanira Santana Moreira, 73 anos. No último dia 12 de outubro, a pensionista, natural de Juazeiro do Norte, foi internada na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do HSJ com fortes dores e edema na perna direita, sintomas do agravamento da erisipela, infecção cutânea causada por bactérias que penetram na pele através de ferimentos, como picadas de insetos e micoses.

“A partir do momento em que eu fui internada aqui, os médicos e as enfermeiras da estomaterapia foram, para mim, um Deus na minha vida. O que eu tenho a dizer é ‘muito obrigada’. Aqui é muito, mas muito bom”, agradece, emocionada. Além da assistência médica e multidisciplinar, a paciente recebeu atendimento da equipe da Estomaterapia durante todo o período em que esteve internada e, inclusive, após a alta hospitalar, de forma ambulatorial, para o tratamento das lesões que ainda não haviam cicatrizado por completo.

Luzanira Moreira comemora momento da alta: “Tô muito feliz”

Já no começo deste mês de novembro, Luzanira teve alta também do Serviço da Estomaterapia. “Quanto às dores, elas eram horríveis, dores que eu nunca tinha sentido na minha vida, mas, graças a Deus, foram passando e hoje não doem mais como doíam antigamente. Tô muito feliz”, comemora a paciente.

Criação do Serviço de Estomaterapia no HSJ

Inaugurado em outubro de 2013, o setor nasceu da necessidade de prevenção de lesões por pressão, comuns em pacientes internados por tempo mais prolongado. “Havia uma enfermeira, a Arlete, que já se preocupava com essa questão, mudando de decúbito os pacientes e colocando colchões de água e ar articulados para prevenir essas lesões”, recorda a enfermeira Erick Azevedo, uma das fundadoras do Serviço de Estomaterapia no HSJ.

Serviço atua na prevenção de lesões por pressão e no tratamento de lesões de pele, sobretudo as de cunho infeccioso

Posteriormente, Erick uniu-se às enfermeiras Silveria Lopes e Adriana Bessa e, juntas, as três decidiram que era hora de oficializar o serviço na unidade, tendo em vista a grande demanda por atendimentos da Estomaterapia para o tratamento de doenças infecciosas da pele. “Hoje, os pacientes que estão aqui raramente desenvolvem lesão por pressão. Não é que zere, porque tem lesões inevitáveis, mas lesões mais sérias, que cheguem a profundidades maiores, de exposições ósseas, não acontecem mais aqui por conta desse trabalho de prevenção”, ressalta.

Recuperação da autoestima dos pacientes

O trabalho realizado pela equipe de estomaterapeutas repercute, sobretudo, na autoestima e na qualidade de vida dos pacientes. Mauro Moreira, 60 anos, deu entrada no Hospital São José na véspera do Natal de 2022, por conta de complicações do quadro de erisipela. Entre internações e consultas, Moreira levou mais de seis meses para tratar o ferimento no braço direito. Em maio deste ano, o paciente participou da Semana de Enfermagem do HSJ e agradeceu publicamente aos estomaterapeutas que cuidaram de sua lesão.

Mauro Moreira celebra cicatrização da lesão por erisipela: “Devo muitos aos profissionais daqui”

“Eu tive medo de perder o braço, porque realmente a lesão foi muito grande. Foi muito sério, mas o hospital aqui é muito bom, muito higiênico, e tudo aqui — merenda, café, almoço e jantar —, tudo aqui é ótimo. Tô feliz, graças a Deus, e devo muito aos profissionais daqui. Estou conseguindo meus objetivos: minha saúde e meu braço no canto”, declara, entre risos.

Segundo a enfermeira Adriana Bessa, Mauro recebeu indicação de enxerto de pele para tratar a lesão, mas optou por não fazê-lo. “Realmente, ele tinha boa parte das estruturas nobres expostas, como tendões e músculos. A gente achou que não ia conseguir, mas ele confiou no nosso trabalho e conseguimos fechar a lesão, sem necessidade de enxerto”, relata. Outro fator complicador para Moreira foi a diabetes, condição que dificulta a cicatrização das feridas. “A diabetes reduz a circulação do sangue e, se a ferida não é irrigada, isso vai diminuir a possibilidade de cicatrizar”, explica Bessa.

Moreira e equipe de Estomaterapia na Semana de Enfermagem do HSJ, em maio deste ano

Para Erick Azevedo, o impacto do tratamento na qualidade de vida dos pacientes é imensurável. “Como a pele é o maior órgão do corpo humano, e é um órgão visível, se existe alguma lesão, ela é vista. Isso mexe com sua autoimagem. A partir do momento em que o paciente vê a evolução do tratamento e a diminuição da dor — pois terminações nervosas ficam expostas, e elas são bem dolorosas —, eles ficam eternamente agradecidos. Isso tem um impacto muito positivo na vida deles”, salienta.