Hospital de Messejana realiza dois transplantes simultâneos de coração; procedimento raro exige equipe e estrutura especializada

22 de agosto de 2023 - 14:30

Assessoria de Comunicação da Sesa e Hospital de Messejana
Texto: Jessica Fortes e Levi Aguiar
Fotos: Equipe de Enfermagem do HM e Tatiana Fortes/Casa Civil

Entre a captação e o implante dos órgãos, a ação envolveu mais de 30 profissionais.

Na noite da última quinta-feira (17), o Hospital de Messejana Dr. Carlos Alberto Studart Gomes (HM), unidade da Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa), realizou dois transplantes simultâneos de coração, em receptores diferentes. Considerado um procedimento de alta complexidade, o transplante exige equipe e estrutura especializada, o que torna raras as situações em que é possível realizar múltiplas cirurgias ao mesmo tempo.

Os procedimentos duraram cerca de oito horas. Os pacientes, ambos do sexo masculino, com 52 e 54 anos de idade, recuperam-se bem. Entre cirurgiões, anestesistas, enfermeiros, técnicos, residentes e auxiliares, mais de 30 profissionais estiveram envolvidos na captação e implantação dos órgãos. A conquista também reforça o compromisso da instituição em promover assistência de alta complexidade à população.

O cirurgião cardíaco e coordenador cirúrgico do Serviço de Transplante do Hospital de Messejana, Juan Cosquillo Mejía, explica que todo minuto é importante durante o percurso dos órgãos entre as unidades de saúde e o implante no paciente. “A realização de transplantes cardíacos, de forma simultânea, exige organização e agilidade por parte da equipe para não prolongarmos o tempo de isquemia, quando o coração fica fora do corpo sem irrigação própria. No caso do transplante cardíaco de adultos, esse tempo de isquemia não deve ultrapassar as quatro horas de prolongamento da vida do doador com diagnóstico de morte encefálica”, explica.

Desde que o serviço foi implantado, em 1999, a instituição já realizou 515 transplantes cardíacos.

Os membros da equipe fizeram a captação tanto aqui em Fortaleza, quanto em Sobral. A segunda captação do órgão, feita fora da capital cearense, precisou do auxílio de uma aeronave e uma equipe composta por um cirurgião, instrumentador e enfermeira. Os intervalos entre os aeroportos, distância até o centro hospitalar e a retirada do órgão foram calculados. Depois de 25 anos de experiência, os profissionais da unidade de saúde passaram a desenvolver expertise na área de transplantes”, detalha o cirurgião cardíaco.

As duas equipes precisaram agir rápido para que tudo ocorresse bem. Tão logo souberam da captação dos órgãos, acionaram os receptores que aguardavam com prioridade na fila. Um estava internado e o outro aguardava em casa. Antes da realização da cirurgia, conforme protocolo clínico e dentro do tempo estimado, os pacientes passaram por uma bateria de exames para confirmar compatibilidade e condições gerais para serem submetidos ao procedimento.

Os órgãos foram captados em Fortaleza e em Sobral. Uma aeronave levou a equipe para Sobral, garantindo que os dois corações chegassem em tempo hábil

“Assim que soubemos da captação, uma força tarefa teve que ser executada para que tudo saísse bem. Para agilizar a chegada dos órgãos, nós entramos em contato com os profissionais da AMC (Autarquia Municipal de Trânsito e Cidadania) que prontamente nos ajudaram”, ressalta Lia Ricarte, enfermeira do Serviço de Transplante.

Atendimento no Hospital de Messejana

Em fevereiro deste ano, o HM alcançou a marca de 500 transplantes, tornando-se o segundo hospital com maior número de procedimentos do Brasil. De janeiro a agosto de 2023, foram realizados 18 transplantes de coração na instituição. Todos os serviços realizados no Hospital de Messejana são gratuitos e feitos pelo Sistema Único de Saúde (SUS). 

A Unidade de Transplante Cardíaco do Hospital de Messejana tem uma equipe multidisciplinar, com trinta e três profissionais, entre cirurgiões, cardiologistas, anestesistas, psicólogos, enfermeiros, assistentes sociais, fisioterapeutas e nutricionistas.

Fachada do Hospital de Messejana dr. Carlos Alberto Studart Gomes

“Na unidade, o paciente que precisa passar por um transplante recebe acompanhamento antes da cirurgia com realização de consultas, exames, avaliações nutricionais e psicológicas, e, depois do transplante, com os cardiologistas e a reabilitação cardíaca, onde durante seis meses os transplantados realizam atividades físicas supervisionadas”, reforça o coordenador clínico da Unidade de Insuficiência Cardíaca e Transplante Cardíaco do HM, João David de Souza Neto.

A indicação para realização de transplante de coração é feita com base em uma avaliação médica abrangente, considerando idade do paciente, etiologia, presença de infecções e comorbidades incapacitantes. Geralmente, o paciente apresenta um quadro de insuficiência cardíaca grave e irreversível, não respondendo aos outros tratamentos convencionais ou aos medicamentos disponíveis.