Resiliência e perseverança: conheça a trajetória de vida de Tânia Mara Coelho, nova secretária da Saúde do Ceará

6 de janeiro de 2023 - 14:43 # # #

Assessoria de Comunicação do HSJ
Texto: Diego Sombra
Fotos: Diego Sombra e Arquivo Pessoal


Tânia Mara Silva Coelho, de 50 anos, é a segunda mulher a estar à frente da pasta 

Determinação, força de vontade e competência marcam a trajetória de Tânia Mara Silva Coelho. Nascida em Fortaleza, em 1972, a “doutora Tânia”, como é chamada por todos à sua volta, trilhou um caminho de dificuldades e resiliência antes de ser a segunda mulher a chefiar a Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa). Filha de mãe semianalfabeta, a menina de família humilde tinha, desde criança, um sonho que parecia improvável para sua realidade: tornar-se médica.

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Desde pequena, Tânia era obstinada à vocação de salvar vidas, mesmo sem parentes atuando na Medicina. Ganhou, aos seis anos de idade, um estojo com estetoscópio e seringa de plástico para brincar da profissão que tanto desejava exercer. Sensível à aspiração da caçula e acreditando no estudo como meio de transformação de vida, Maria da Conceição Pereira da Silva decidiu investir na educação dos três filhos.

A matriarca conseguiu, juntando até o dinheiro que seria destinado para a alimentação, matricular as crianças em escolas particulares. Tânia e os irmãos fizeram jus ao empenho da mãe e se esforçaram para ingressar no ensino superior. A aprovação da futura médica não veio logo, mas ela perseverou até conquistar, em 1992, a tão sonhada vaga na Universidade Federal do Ceará (UFC) – a única instituição a oferecer o curso de Medicina no Estado à época.


Tânia Mara, ao centro, com os dois irmãos, Tatiana e Tibério

Na faculdade, Tânia Mara descobriu um mundo de novas descobertas e possibilidades. Diante das mais variadas áreas de atuação, encontrou, na Infectologia, uma paixão que a acompanharia pelos próximos anos. O primeiro contato com a especialidade ocorreu no terceiro semestre do curso, no ambulatório de infecções sexualmente transmissíveis, coordenado pelo infectologista e professor Ivo Castelo Branco.

A então estudante desejava, a cada dia, ter mais aprendizados e vivências no universo rico e intrigante das doenças infecciosas. Após participar de uma seleção, começou a estagiar no Hospital São José (HSJ), referência em Infectologia no Ceará. A unidade, que pelo perfil despertava medo até em profissionais da Saúde, fez brilhar como nunca os olhos de Tânia. Nasciam nela, a partir dalí, outros dois objetivos: ser infectologista e trabalhar de forma efetiva no equipamento.


Tânia Mara ao lado da mãe, Maria da Conceição, e do pai, Raimundo Fonseca Coelho, durante a sua formatura

No São José, já como residente, Tânia Mara passou por todos os setores – da Emergência às enfermarias. Participou da assistência a pessoas vivendo com HIV e percebeu a importância da humanização no tratamento dos pacientes, uma das principais características da unidade hospitalar. A jovem infectologista conseguiu, em pouco tempo, um novo feito: ser aprovada em um concurso que a permitiria trabalhar novamente no HSJ. Dessa vez, como servidora pública estadual.

O hospital, ao qual ela se refere carinhosamente como sua segunda casa, conheceu ao longo do tempo uma médica incansável, dedicada aos pacientes e também apta à liderança. Com um tino evidente para a gestão, Tânia foi convidada, em 2011, a ser diretora clínica do HSJ, onde também passaria pelas direções técnica e geral. À frente da instituição, viveu momentos alegres e outros desafiadores, participando diretamente do enfrentamento a epidemias de dengue, chikungunya e H1N1.

Sua primeira passagem pela Sesa ocorreu em 2019, quando ocupou o cargo de superintendente da Rede Hospitalar. Em 2020, de volta à direção do Hospital São José, deparou-se com o que seria, até então, o maior desafio da sua carreira: a pandemia de covid-19. Ao lado do corpo de gestores do HSJ, Tânia Mara adaptou a estrutura da unidade, participou de treinamentos e mostrou a devida coragem para receber centenas de pessoas diagnosticadas com uma doença fatal ainda desconhecida.


Durante a pandemia, Tânia Mara foi uma das principais fontes de informação para a imprensa no HSJ

Salvar vidas era, novamente, a principal missão da mulher que teimou ser médica e gestora em uma sociedade ainda patriarcal. Tânia, habituada a dormir cedo, perdeu noites de sono, encarou o medo do contágio e viu partir colegas de profissão e pacientes. Nos plantões em fins de semana, foi, por muitas vezes, a voz que levava alento para familiares ávidos por notícias – sejam elas boas ou ruins.

O desempenho na direção do principal hospital de doenças infecciosas do Estado a levou, em 2021, para uma nova jornada na Sesa. Assumindo o posto de secretária executiva de Atenção à Saúde e Desenvolvimento Regional, Tânia Mara mostrou competência para alçar voos ainda maiores e continuar cuidando da saúde da população cearense.

Com 50 anos e uma carreira marcada por lutas e conquistas, a mulher escolhida para estar à frente da Saúde do Ceará acredita, com base na própria história, que é possível mudar o País por meio do investimento em educação e Ciência. Defensora do Sistema Único de Saúde (SUS), Tânia Mara Silva Coelho está pronta para iniciar este novo capítulo da sua vida. Leva consigo décadas de experiência na Medicina, empatia com o próximo e a força da menina que um dia ousou traçar o próprio destino.