Centro de Inteligência em Saúde do Ceará divulga boletim sobre poliomielite com base em alertas mundiais

13 de junho de 2022 - 12:51 # # # #

Assessoria de Comunicação da ESP/CE
Texto: Daniel Araújo
Arte gráfica: Júlio Lopes


O Centro de Inteligência em Saúde do Ceará (Cisec) publicou, no último mês, boletim que traz alguns dados sobre a poliomielite no Brasil. De acordo com o documento, a partir dos dados analisados, percebeu-se uma possível expansão do número de casos da doença nos territórios cearense e brasileiro.

A equipe do Cisec tomou como referência os registros de alertas mundiais para a enfermidade que têm sido observados em países do continente africano desde fevereiro de 2022. As autoridades de Saúde de Moçambique declararam, no último 18 de maio, um surto de poliovírus selvagem – causador da poliomielite. A decisão foi tomada após a confirmação de que uma criança na província de Tete, no Nordeste do país, contraiu a doença.

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Segundo o Escritório Regional para a África da Organização Mundial da Saúde (OMS), este teria sido o segundo caso importado de poliomielite na África Austral após o registro ocorrido na região do Malawi, em fevereiro deste ano.

A partir desses dados, o Cisec, instituído em 2021 para potencializar a produção de inteligência para a Secretaria da Saúde do Estado (Sesa) e para a Escola de Saúde Pública do Ceará Paulo Marcelo Martins Rodrigues (ESP/CE), buscou informações sobre migrações de crianças para o Brasil.

De acordo com levantamento feito pelo Centro, de janeiro a agosto de 2019, cerca de 1.652 pessoas haviam emigrado de Israel para o país brasileiro. Para o Ceará, pelo menos 42 delas teriam vindo diretamente de Moçambique e do Malawi, situados no sul e sudeste africanos.

O coordenador do Cisec e cientista-chefe da Saúde do Ceará, José Xavier Neto, alerta para o aparecimento de casos da poliomielite em países onde a doença ainda ocorre de forma endêmica, como no Afeganistão e no Paquistão, mas também em outros territórios do continente africano.

“Já temos um padrão que é preocupante: o de trânsito da doença. Ela está viajando para dois países do Sul da África e apareceu em Israel também. Isso é alarmante porque configura-se um padrão que envolve diferentes países e continentes”, afirma o gestor.

Dentre as principais atribuições do Cisec, estão a captura, o processamento e a análise de informações relevantes à saúde da população cearense.

Expansão no número de casos

Ainda segundo o boletim emitido pelo Cisec, os números emitidos pelo Centro de Análise de Dados de Migração Global (GMDAC) sobre as migrações infantis apontam uma possível expansão do número de casos. Somente no ano de 2020, mais de 25 milhões de pessoas teriam emigrado de países africanos. Desse total, seis milhões seriam crianças.

Diante do cenário, o documento do Cisec reforça a relevância de se intensificar campanhas de vacinação em todo o território brasileiro a fim de que doenças que já estavam erradicadas no País, como a poliomielite, não voltem a deixar sequelas ou até causar mortes.

Poliomielite

Comumente chamada de pólio, a doença é altamente contagiosa, sendo causada pelo poliovírus selvagem. A enfermidade afeta, principalmente, crianças menores de cinco anos de idade por meio do contato direto com fezes ou secreções eliminadas pela boca de pessoas doentes. Uma vez atingindo o sistema nervoso, o vírus pode causar paralisia permanente nas pernas ou nos braços.

De 1980 a 2020, a cobertura vacinal de crianças com a terceira dose contra a poliomielite em todo o mundo chegou a 83%. Ainda que o índice de vacinação seja acima de 90%, as taxas no Brasil estão abaixo do preconizado pelo Ministério da Saúde (MS) desde 2012. De acordo com informações da pasta nacional, o percentual da cobertura em 2021 foi de 60,7%.