Casa de Cuidados do Ceará: humanização e acolhimento ao longo de cem dias

4 de outubro de 2021 - 08:57 # # # # #

Assessoria de Comunicação da CCC
Texto: Márcia Catunda
Fotos: Carlos Gibaja/Gov. do Ceará, Marko Ido e Divulgação/CCC

 
Após mais de três meses de atividades, diversos projetos foram desenvolvidos na unidade com o intuito de promover uma reabilitação mais humanizada

A Casa de Cuidados do Ceará (CCC), vinculada à Secretaria da Saúde do Estado (Sesa) e gerida pelo Instituto de Saúde e Gestão Hospitalar (ISGH), completa cem dias de funcionamento nesta segunda-feira (4). Desde sua implementação, 132 pacientes foram admitidos no espaço, no período entre 24/06 e 24/09. Atualmente, 90 pessoas seguem recebendo acompanhamento na unidade. Os internados são pacientes que permaneceram por longo período em hospitais em decorrência de Covid-19 ou outras doenças graves.

O objetivo do equipamento acompanha uma tendência mundial para a desospitalização precoce a fim de evitar a lotação em unidades hospitalares de emergência e, assim, liberar leitos para pacientes com diagnósticos mais severos. A diminuição do tempo de permanência no ambiente hospitalar reduz, ainda, chances de complicações e proporciona um tratamento mais adequado, respeitando protocolos de segurança.

A Casa de Cuidados do Ceará foi inaugurada, inicialmente, para auxiliar na reabilitação de quem foi acometido pelo coronavírus. O local passou a oferecer, depois, reabilitação humanizada e multidisciplinar aos residentes do Estado em recuperação após alta hospitalar de outros diagnósticos, bem como atuar na desospitalização de quem está sob cuidados prolongados – com adaptação a sequelas decorrentes de outras condições, como Acidente Vascular Cerebral (AVC) e trauma.


‘Sessão Pipoca’ é uma das atividades realizadas no espaço para promover entretenimento e bem-estar aos internados

Entre os benefícios oferecidos pelo espaço, estão: otimização dos leitos hospitalares; diminuição dos riscos de infecção; humanização no atendimento; assistência a familiares; além da promoção de transição do paciente para o domicílio e prevenção de novas hospitalizações.

O primeiro paciente chegou à unidade estadual logo no primeiro dia de inauguração. “A maioria dos pacientes chegou para reabilitação ou cuidados pós-Covid-19, porém, outros necessitaram de cuidados para reabilitação de doenças ou condições como AVC, trauma e infecções graves, além de doenças psiquiátricas e pneumonia”, pontua Ursula Wille Campos, diretora da Casa de Cuidados do Ceará.

O espaço possui, hoje, 130 leitos. É permitido que pacientes possam ter a companhia de um familiar na fase de reabilitação. O local é acessível e também conta com área verde, possibilitando ar fresco e tranquilidade.

Assistência multiprofissional

As pessoas recebidas no local possuem assistência de profissionais das áreas de Enfermagem, Fisioterapia, Assistência Social, Fonoaudiologia, Terapia Ocupacional, Nutrição e Psicologia, além de visitas médicas, com a adoção de todos os cuidados necessários na transição entre a estrutura hospitalar e o domicílio do paciente.

Recentemente, a equipe de Fisioterapia lançou o projeto “Pôr do sol”. Às sextas-feiras, alguns pacientes são levados para a área superior da unidade para contemplar o fenômeno e, assim, fazer com que todos os espaços da Casa sejam utilizados para o cuidado de quem está internado. Também são promovidos momentos de fisioterapia em grupo, além de fisioterapia motora e individual.

Já a equipe de Terapia Ocupacional promove o circuito psicomotor, iniciativa que busca estimular funções executivas, coordenação motora, integração socioemocional e o vínculo entre família e paciente. “Utilizamos diversos objetos para estimular a coordenação motora por meio de atividade integrada, em grupo. A cada intervalo, os objetos mudam e conseguimos trabalhar, de forma completa, as funções cognitivas e funções motoras, além de trabalhar a integração social dos pacientes”, explica Natália Costa, terapeuta ocupacional da CCC.


‘Projeto Sensações’ é uma iniciativa que busca fazer com que os pacientes relembrem experiências da infância por meio da gastronomia e da música

Além do circuito, a equipe de Terapia Ocupacional, juntamente com a de Psicologia, inaugurou no mês de setembro o projeto “Sessão Pipoca”. A ação consiste em uma sessão de cinema gratuita ao ar livre, promovendo lazer, diversão e qualidade de vida aos internados. Todos os protocolos de saúde contra a pandemia são seguidos. “É um momento de inclusão, acolhimento e interação entre pacientes e cuidadores”, afirma a psicóloga Lorena Coelho.
Outra iniciativa desenvolvida no espaço no mês passado foi o “Projeto Sensações”, no qual os pacientes têm a oportunidade de saborear as comidas favoritas da infância sob supervisão e assistência da equipe de saúde e de cuidadores. Além disso, os internados também escutam músicas que marcaram suas vidas, resgatando boas lembranças e promovendo o bem-estar.

Dia do Idoso

Na última sexta-feira(1º), Dia do Idoso, a unidade realizou o “Humor na Casa”, que apresentou o espetáculo “Elas cansam Roberto”, com atuação dos artistas Ruanito e Super Edson. “Todas essas ações visam a promover bem-estar e qualidade de vida aos nossos pacientes”, ressalta Ítala Brito, gerente da Casa.

Capacitações

Os trabalhadores do setor de Enfermagem da CCC atuam diretamente com a equipe de cuidadores dos pacientes, capacitando os acompanhantes, especialmente aqueles que não são da área da Saúde e que chegam à unidade com muitas dúvidas.


Casa de Cuidados do Ceará possui área verde, possibilitando ar fresco e tranquilidade a quem está no processo de reabilitação

“Os cuidadores são treinados especificamente com relação aos cuidados, como a administração de analgésicos, prevenção de úlceras por pressão, manuseio de sondas e traqueóstomo, técnicas de aspiração e sobre como administrar uma dieta apropriada, além dos cuidados com a pele e utilização de curativos adequados”, detalha a enfermeira Erica Lemos Silva. “Nós trabalhamos o fortalecimento do vínculo familiar e o suporte no enfrentamento da doença, além da aceitação da situação de fim de vida por meio de cuidados que minimizem os sofrimentos físico, psicossocial e espiritual”, acrescenta.

No caso dos pacientes que não têm familiares atuando como cuidadores, a atenção é redobrada. “Atuamos no banho e na companhia dessas pessoas. Sempre estamos presentes e atentos à necessidade de cada paciente, como troca de curativo, uso de glicemia, alimentação via oral, processo de escuta e passeios ao redor do espaço”, exemplifica Amanda Barros, técnica de Enfermagem.