Ceará vacina 17% da população quilombola contra o coronavírus em uma semana

7 de abril de 2021 - 15:14 # # # # #

Assessoria de Comunicação da SPS e da Sesa
Texto:
Carlos Eugênio
Fotos: Arquivo/SPS


Em uma semana, 5.200 pessoas de 80 territórios remanescentes de quilombos já receberam a primeira dose do imunizante

Integrantes dos grupos prioritários para a vacinação contra a Covid-19, os povos tradicionais quilombolas começaram a ser imunizados no Ceará. Em uma semana, 5.200 pessoas, cerca de 17% da população estimada dos 80 territórios remanescentes de quilombos (30 mil), já receberam a primeira dose do imunizante. A vacinação deste grupo, que integra a 2ª fase do Programa Nacional de Imunização (PNI), começou no dia 29 de março.

A vacinação tem sido coordenada no Estado pela Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa) e, para os povos originários e comunidades tradicionais quilombolas, tem apoio da Secretaria da Proteção Social, Justiça, Cidadania, Mulheres e Direitos Humanos (SPS) na orientação para os municípios cearenses.

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“A vacinação dos povos quilombolas é muito importante. São povos tradicionais, em áreas quase isoladas que, por isso, têm um risco ainda maior de proliferação do vírus. Esse trabalho de imunização é uma orientação do governador Camilo Santana, após uma escuta atenta dos movimentos sociais. Temos certeza de que conseguiremos vencer”, observa a secretária Socorro França.

Segundo a secretária executiva da Vigilância e Regulação da Sesa, Magda Almeida, a vacinação no estado cearense, quando passa para os grupos prioritários, é importante que seja validada por movimentos sociais e grupos de representatividade específica. “A participação da SPS nesse momento é importante, inclusive, porque muitas dessas comunidades são invisibilizadas. Então, é o momento de identificar e cadastrar essas pessoas. Essas comunidades são, em sua maioria, rurais, em territórios distantes”, ressalta.

No momento da vacinação, conforme aponta Magda, é feita, também, a inclusão das famílias quilombolas dentro da Estratégia da Saúde da Família. “Em relação à população quilombola que não têm acesso à Internet, a Estratégia da Saúde da Família ou os Centros de Referência de Assistência Social (Cras) servem como meio de cadastro”.

‘Marco histórico’

“A vacinação é um marco histórico para o nosso povo. Ela é, para nós, um salva-vidas, que precisamos levar a todos os quilombos, a todos os cearenses. É um momento de alegria e felicidade do nosso povo, fruto da luta da Cequirce (Comissão Estadual dos Quilombolas Rurais do Ceará) e Conaq (Coordenação Nacional de Articulação de Quilombos) e de todas as lideranças quilombolas do Ceará”, acrescenta o coordenador da Cequirce, Renato Baiano.


O mapeamento desta população, distribuída em 42 municípios do Estado, foi feito pela Cequirce e teve apoio da Secretaria de Desenvolvimento Agrário do Ceará (SDA)

De acordo com a presidente da Associação dos Remanescentes de Quilombolas, da comunidade de Nazaré, em Itapipoca, Aurila Maria Souza Sales, a Aurila Quilombola, afirma estar com esperança após ver 150 pessoas de sua comunidade vacinadas. “Agora, estamos mais tranquilos, muito alegres e gratos ao Governo do Estado. A vacinação reduziu a nossa ansiedade e aumentou a nossa positividade no enfrentamento à Covid-19”.

A coordenadora especial de Políticas Públicas da Promoção da Igualdade Racial (Ceppir) da SPS, Martír Silva, explica que a vacinação dos quilombolas prossegue, inclusive, com a possibilidade de aumento do número de pessoas imunizadas. “O processo de vacinação continua, ao mesmo tempo em que estamos ampliando a acessibilidade a informações sobre as vacinas, para que todos tenham consciência da importância da imunização”, destaca.

Ana Eugênia, representante do Quilombo Sítio Veiga, em Quixadá, reforça a importância da mobilização e destaca a satisfação das pessoas. “Essas vacinas são doses de esperança para que sigamos em frente”, diz. “A organização e a mobilização têm sido intensas, sobretudo por parte das mulheres, que estão à frente desse processo”, continua.