Do sono à alimentação: especialistas orientam sobre cuidados com saúde mental na pandemia

10 de fevereiro de 2021 - 11:47 # # #

Assessoria de Comunicação do HSM
Repórter:
Milena Fernandes
Arte gráfica: Gabriel Caúla

A pandemia da Covid-19, que no Ceará chegou há quase um ano, vem trazendo preocupações relacionadas não só ao adoecimento físico, mas também ao comprometimento do bem estar emocional. Com o coronavírus, as pessoas perderam a liberdade de ir e vir, e o convívio social ficou limitado. As medidas necessárias de isolamento e distanciamento social foram indicadas para tentar conter a rápida transmissão da doença. No entanto, a necessidade de mudanças comportamentais vem gerando um forte impacto na saúde mental das pessoas. No Hospital de Saúde Mental Professor Frota Pinto (HSM), unidade da Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa), diversos conflitos emocionais têm sido observados nos últimos meses.

O psiquiatra e diretor clínico do HSM, Helder Gomes, observa que, com a pandemia, houve a necessidade de ficar mais distante dos amigos, parentes e pessoas queridas. As atividades que antes eram presenciais precisaram ser realizadas em casa, de forma remota. Tudo isso alterou a rotina das pessoas, ficando o dia a dia mais monótono, o que acabou provocando sintomas como ansiedade, estresse, irritação e insônia.

“Temos notado diversas alterações comportamentais nas pessoas e alguns fatores vêm agravando a saúde mental até mesmo de quem nunca apresentou nenhum tipo de transtorno mental, como a falta de apoio familiar e a falta de cuidado consigo mesmo. É importante identificar e procurar ajuda quando algum sintoma começar a surgir, como uma tristeza intensa, um desânimo maior, irritação constante e ansiedade”

O especialista sublinha que existem grupos que estão mais sujeitos a terem crises nesse período, principalmente os que já tinham diagnóstico de depressão, ansiedade, transtorno bipolar e transtornos alimentares. “Essas pessoas estão tendo maior possibilidade de instabilizar durante a pandemia devido à situação estressora na qual estamos vivendo”, afirma.

Para o psiquiatra, algumas atitudes são fundamentais para melhorarmos essa situação. “Busque apoio dos seus familiares e amigos, tenha pensamentos positivos, pois, apesar das dificuldades, estamos iniciando o processo de vacinação, que é a possibilidade de melhorar essa situação”, indica.

Busque ajuda

O profissional também sugere a busca por ajuda médica e psicológica em caso de sofrimento psíquico importante. “Cuidar da saúde mental é essencial. Não aguarde os sintomas se agravarem. No HSM, temos a emergência para casos graves. Nesse contexto, se surgirem pensamentos de suicídio ou alguma piora em um quadro psiquiátrico anterior, é necessário buscar ajuda profissional”, aconselha.

Para cuidar melhor da saúde mental e evitar adoecimento psíquico, o psiquiatra Carlos Celso Serra Azul, diretor técnico do HSM, selecionou quatro pontos importantes que merecem atenção redobrada nesse período: o trabalho, o sono, a alimentação e a atividade física.

Serra Azul explica que as pessoas que estão trabalhando em casa, remotamente, devem ficar atentas e não misturarem o horário do trabalho com o horário da vida pessoal, o que pode gerar uma carga elevada de estresse. “Isso, de forma cumulativa, pode levar a alguma síndrome de esgotamento físico e mental, como a Síndrome de Burnout. É importante perceber essa linha tênue bem determinada, mantendo o limite entre o tempo do trabalho e o de descanso”, diz.

Em relação ao sono, o psiquiatra pontua que, com a pandemia, muitas pessoas passaram a dormir mais tarde, alterando a qualidade do sono. “O sono, em si, quando privado ou diminuído, precipita transtornos mentais, pois ele é necessário para uma vida saudável. O bom sono parte também da rotina diária. Por isso, é importante manter a qualidade e a quantidade do sono mesmo quando se tem uma rotina com menos atividades”.

A alimentação saudável também deve ser prioridade, principalmente nesse período em que devemos manter o organismo mais imune. “Uma alimentação inadequada pode causar impactos negativos na saúde mental e é importante não fazer da alimentação um refúgio para a ansiedade”, frisa o diretor técnico.

O psiquiatra indica, ainda, a prática de atividades físicas no dia a dia. “É importante manter suas rotinas de atividades físicas, nem que sejam adaptadas em casa ou fora de casa, obedecendo todas as regras sanitárias e recomendações governamentais para se proteger do coronavírus. E se você não tinha ou não tem uma rotina de atividades físicas, tente manter essa prática na sua vida, pois é essencial na melhoria da saúde mental”.