Profilaxia pré-exposição: medicamento ajuda a prevenir HIV

17 de fevereiro de 2020 - 14:04 # # #

Assessoria de Comunicação do HSJ
Repórter:
Diana Vasconcelos

Profilaxia pré-exposição (PrEP). O medicamento de nome difícil tem proporcionado melhorias para a vida de muitas pessoas. O objetivo da PrEP é impedir que, num relacionamento estável, o parceiro ou parceira da pessoa com HIV contraia o vírus durante a relação sexual. “Trata-se de uma profilaxia que vai proteger contra o HIV em caso de contato com o vírus”, explica a médica infectologista Renata Amaral de Moraes, do Hospital São José (HSJ), unidade do Governo do Ceará.

O Ministério da Saúde (MS) recomenda o uso da profilaxia para homossexuais do sexo masculino; profissionais do sexo; pessoas transgênero (travestis e transexuais) e casais sorodiscordantes, em que apenas uma das pessoas é soropositiva. Este é o caso do marido de Luana (nome fictício). Ela usa o medicamento para não contrair o vírus do companheiro com quem é casada há oito anos.

“O meu marido teve Zika e ficou com dificuldades para melhorar. Ele fez vários exames, inclusive o de HIV. Para nossa surpresa, o resultado deu positivo. Foi um choque. Mesmo hoje, quatro anos depois, ele não tem ideia de como contraiu. Nunca pensei em deixar meu marido, pois eu já sabia que a doença era controlável e minha família é mais importante”, conta .

Após passar por tratamento, o homem apresentou uma redução significativa da carga viral. Como o vírus está indetectável, o médico que acompanha a família indicou a PrEP. “Ele me encaminhou para o São José e aqui me orientaram sobre o medicamento. Tomo todos os dias, faço os exames periódicos e já temos planos de ter mais um filho”, disse Luana.

Uso da PrEP

A indicação da PrEP pelo Hospital São José teve início em dezembro de 2016, em caráter experimental. Após uma pesquisa ser realizada em todo o país, o medicamento passou a fazer parte do Sistema Único de Saúde (SUS) em 2018. O uso indiscriminado da PrEP pode trazer riscos à saúde.

Por isso, para ter acesso à medicação, as pessoas precisam ser devidamente acompanhadas. Atualmente, o HSJ atende 304 usuários do medicamento. “De 2016 pra cá, ninguém que usa a PrEP regularmente, com o acompanhamento correto, contraiu HIV”, ressaltou a médica a médica infectologista da unidade, Renata Moraes .

A especialista explica que, para receber a PrEP, é preciso passar por uma triagem, em que são realizados exames de hepatite B e C, sífilis e HIV. Depois, caso seja necessário, o medicamento é receitado. O paciente recebe o frasco de comprimidos para utilizar por um mês. “Leva alguns dias para começar a fazer efeito. A pessoa é orientada sobre isso já na primeira consulta”, afirma.

Uma pessoa que faz uso da PrEP precisa ser submetida a avaliações e exames periódicos. Caso o paciente apresente alguma alteração, o medicamento pode ser suspenso. “No começo (os primeiros 30 dias), pode haver efeito colateral. É preciso ter paciência porque geralmente desaparece. Náuseas, empachamento, isso passa. Mas, a longo prazo, pode alterar creatinina e enfraquecer os ossos, por isso fazemos o acompanhamento. Não se pode usar indiscriminadamente ou compartilhar”, destacou Renata.

Sonho da maternidade

A PrEP também pode auxiliar casais sorodiscordantes a ter filhos, pois não tem contraindicação para gravidez ou amamentação. “Pelo menos cinco mulheres que acompanho tiveram filhos e estão bem. As crianças nasceram saudáveis, tenho vários afilhados”, disse a médica.

Grupos-chave

A PrEP também é indicada para pessoas que contraem infecções sexualmente transmissíveis (ISTs) com regularidade e para quem usa a Profilaxia pós-exposição (PEP) repetidas vezes. O uso da camisinha é fundamental para a prevenção dos problemas.