Falar sobre o luto ajuda a lidar com a perda

1 de novembro de 2019 - 17:34

Assessoria de Comunicação da Sesa
Repórter: Milena Fernandes

Dia de finados nos remete aos momentos de perda de entes queridos. É uma data que nos faz refletir sobre a importância que o outro exerce sobre nossa vida e o quanto é difícil perder alguém que amamos. A morte é uma certeza inevitável da vida, mesmo assim o luto é um dos processos mais dolorosos para a maioria das pessoas. A psiquiatra e especialista em Tanatologia do Hospital de Saúde Mental Professor Frota Pinto (HSM), do Governo do Ceará, Jeceline Tavares, explica que o luto é um processo que necessita de elaboração. “Muitas doenças psíquicas podem estar relacionadas com o processo de luto mal vivenciado. Expressar nossos sentimentos nessa ocasião é muito importante para o desenvolvimento do processo do luto”, ressalta.

O tempo do luto é variável e em alguns casos pode durar anos. “Pode-se dizer que, em muitas situações ele nunca termina, deixando um sentimento de profunda tristeza, desespero e desânimo, sendo a solidão o traço mais importante do luto. No entanto, há um consenso para o período crítico do luto que varia entre dois meses a 2 anos”, afirma Jeceline. De fato, cada pessoa pode reagir de uma maneira a uma perda. Na década de 1960, no entanto, uma psicóloga suíça chamada Elisabeth Kübler-Ross descreveu cinco fases que, de maneira geral, compõem o processo do luto:

Negação: a pessoa entende que a morte aconteceu e a dificuldade está principalmente no entendimento de que a vida não será mais a mesma, sendo a ausência da pessoa que morreu o ponto central;

Raiva: pode ser expressa com grande intensidade ou abafada por causa de sentimentos de culpa e inadequação; é comum aparecer revolta e ressentimento quando a pessoa se dá conta da perda;

Barganha: uma tentativa de negociação quando a hipótese da perda começa a se concretizar, é comum que a pessoa tente reverter a situação, fazendo um acordo consigo, com outra pessoa ou com a divindade;

Depressão: é comum observarmos tristeza, apatia, solidão e sensação de vazio e isolamento social nessa fase, que pode dificultar a readaptação à vida. Não deve ser confundida com a doença diagnosticada como depressão, que envolve um desequilíbrio químico e tratamento específico;

Aceitação: é a fase de reorganização e readaptação constante à vida, em que a pessoa aprende a viver sem aquilo que perdeu. Não significa esquecer ou não sentir mais tristeza ao se lembrar do fato.

A psiquiatra do HSM reforça que existe um tabu quando o assunto é morte e defende a tese de que deve existir um preparo para esse momento. “É importante falar sobre morte na escola, na universidade, nas rodas de conversa, em todos os lugares, pois a morte faz parte da vida, é uma etapa da nossa existência com a qual temos que conviver e não se pode evitá-la”.

E sem o preparo adequado para lidar com essa situação, muitas pessoas acabam tornando o processo mais doloroso. “Nesses casos, a dica é procurar ajuda com profissionais especializados em terapia do luto para falar sobre a perda, compartilhar a dor e transformá-la em saudade”, orienta Jeceline.