Especialista orienta como identificar e tratar transtornos alimentares

5 de setembro de 2019 - 16:37 # # #

Assessoria de Comunicação do Hospital de Saúde Mental
Repórter:
Milena Fernandes
Arte gráfica: Jeorge Farias

Comer é, sem dúvida, um dos prazeres da vida. Porém, quando a ingestão de alimentos passa dos limites, o que deveria ser prazeroso torna-se um pesadelo, que pode intervir diretamente na saúde física e mental do indivíduo. Os transtornos alimentares ocorrem quando existe uma preocupação excessiva com peso e com a imagem corporal. Muitas pessoas deixam de se alimentar, comem além da conta ou descartam o alimento ingerido.

O psiquiatra do Hospital de Saúde Mental Professor Frota Pinto (HSM), David Martins, explica que, por conta desta preocupação, os pacientes podem desenvolver comportamentos negativos, como comer e vomitar para não ganhar peso. “Podem surgir episódios de compulsão alimentar, ou seja, a pessoa perde o controle na hora de comer. Isso leva a uma grande ingestão de alimentos e a um sofrimento imenso após estas compulsões. A forma mais grave do transtorno alimentar, quando a pessoa quase não ingere alimentos, leva a uma magreza excessiva que pode, inclusive, causar a morte”, alerta o médico.

Os principais tipos de distúrbios são anorexia nervosa, bulimia nervosa e compulsão alimentar, que são desencadeados por uma série de fatores associados à depressão ou à ansiedade.

Outros tipos de transtornos

De acordo com o especialista, desde 2013, outros problemas passaram a fazer parte dos transtornos alimentares. É o caso do Transtorno Alimentar Evitativo Restritivo (TARE). Este tipo de transtorno é caracterizado pela baixa ingestão de alimentos, levando a uma magreza excessiva como a anorexia nervosa, mas sem a preocupação exagerada com o corpo. “A pessoa não emagrece por querer ficar magra e sim por não conseguir comer”, esclarece David Martins.

O psiquiatra ressalta ainda a necessidade de ficar atento aos repetidos episódios de transtornos alimentares. “No Transtorno de Compulsão Alimentar (TCA), basta um episódio por semana para levar o paciente a um grande sofrimento por estar ou se achar acima do peso. Já na bulimia nervosa, a pessoa também apresenta episódios de compulsão alimentar, mas após estes momentos tem tanto medo de ganhar peso que acaba adquirindo métodos para compensar e evitar o ganho de massa, como vômitos, uso de laxantes, exercícios físicos em exagero e uso de diuréticos”.

Para o especialista, tais métodos acabam gerando graves prejuízos à saúde, impactando a vida social e profissional do individuo. “Na anorexia nervosa, o paciente sofre grande perda de peso autoinduzida, come o mínimo possível, levando a magreza extrema. Porém, mesmo estando muito magro, apresenta uma grave distorção da imagem corporal, acha-se gordo e que precisa perder mais peso. É o quadro mais grave e que pode levar à morte”, alerta.

Tratamento

O tratamento dos transtornos alimentares é sempre multidisciplinar e deve englobar, no mínimo, médico psiquiatra, psicólogo e nutricionista. Todos os profissionais envolvidos tentam melhorar a relação do paciente com a alimentação, com seu corpo e peso para diminuir os comportamentos prejudiciais, como compulsões alimentares, métodos compensatórios e restrição alimentar.
No Hospital de Saúde Mental Professor Frota Pinto (HSM), unidade pública do Governo do Estado, esses casos são avaliados nos Ambulatórios Gerais da Residência em Psiquiatria, após encaminhamento dos postos de saúde. O HSM também tem convênio com o curso de Nutrição da Universidade de Fortaleza (Unifor), onde são realizados os tratamentos desses pacientes.

Experiências compartilhadas

As vivências no atendimento dos pacientes foram reunidas por residentes e preceptores da Residência em Psiquiatria do HSM, que se aprofundaram no tema e lançaram recentemente o livro Transtornos Alimentares – Um Guia Prático. A obra é direcionada aos profissionais que atuam na área, como psiquiatras, psicólogos, nutricionistas e enfermeiros.

“Apesar de ser um guia prático, tentamos colocar as informações mais importantes e recentes sobre os transtornos alimentares. Fizemos um capítulo para explicar alguns termos usados na mídia, além dos principais diagnósticos e sintomas para ajudar o profissional durante o atendimento”, enfatiza David Martins, um dos organizadores da obra.