Modelo de visita ampliada beneficia pacientes do HGF

14 de maio de 2019 - 17:13 # # # #

Assessoria de Comunicação do HGF - Débora Morais

A atmosfera do Centro de Terapia Intensiva (CTI) ou da Unidade de Terapia Intensiva (UTI) é marcada por um delicado equilíbrio. Por um momento, o paciente está sozinho e cercado apenas por máquinas e por profissionais que trabalham incessantemente para reaver a rotina do indivíduo. Entretanto, apesar de toda a tecnologia e conhecimento empregados, o suporte psicológico e o apoio da família também são importantes para o paciente superar os momentos difíceis. Foi pensando nisso que o Hospital Geral de Fortaleza (HGF), da rede pública de saúde do Governo do Estado do Ceará, estabeleceu novas regras para visitação desses pacientes, ampliando o horário para oito horas diárias, sete horas a mais que o modelo anterior.

“Em 2015, profissionais do Hospital Moinhos de Vento, em Porto Alegre, realizaram um estudo com quase 300 pacientes que estiveram internados na UTI, em que avaliaram o impacto da visita estendida sobre alguns desfechos. Ao final desse estudo, puderam observar que o modelo de visita estendida esteve associado a uma redução em 50% na incidência de delirium, além de reduzir o tempo de internação na UTI. Sem contar o benefício emocional para pacientes e familiares, que não se consegue medir através de números, mas por meio dos relatos das pessoas”, destaca Carlos Augusto Ramos Feijó, médico intensivista do HGF.

A medida é uma proposta do Programa de Apoio ao Desenvolvimento Institucional do Sistema Único de Saúde (Proadi-SUS), através do Programa Melhorando a Segurança do Paciente em Larga Escala no Brasil, projeto do qual o HGF e outras quatro unidades geridas pelo Governo do Ceará fazem parte. O plano tem como objetivo orientar profissionais de saúde quanto às melhores práticas para o cuidado da segurança do paciente nos equipamentos que atendem pelo SUS. Ao todo, 120 hospitais do Brasil, entre públicos e filantrópicos, foram escolhidos para participar do projeto que visa reduzir, em até três anos, os casos de infecções relacionadas à assistência nas UTIs pela metade.

Boas práticas

Coordenador médico do Proadi-SUS no HGF, Feijó lidera uma equipe formada por profissionais de enfermagem, fisioterapia, psicologia, terapia ocupacional, serviço social, odontologia e administração que juntos desenvolvem o projeto dentro da instituição. O médico ressalta que a UTI do HGF intensificou a utilização de algumas rotinas de boas práticas, implantou checklists, bem como organizou diversos processos de trabalho já existentes, com o objetivo de oferecer um serviço de maior qualidade e segurança à população. Dentre estes processos, encontra-se a ampliação do horário de visitas.

“A visita estendida na UTI acontecia de forma experimental, somente quando o paciente apresentava algum grau de agitação é que nós trazíamos a família para dentro da unidade”, disse Feijó. Atualmente, é oferecida a opção de visita das 8h às 16h, para o familiar permanecer ao lado dele pelo tempo que tiver disponibilidade. “Lembrando sempre que o objetivo da visita estendida é beneficiar o paciente. Antes de entrar na UTI, o familiar conversa com a psicóloga, que passa as informações a respeito do funcionamento da UTI. Esta preparação é necessária porque se trata de uma rotina diferente tanto para o parente quanto para a equipe assistencial”, salientou o médico intensivista.

A auxiliar de departamento fiscal, Elizama Ferreira de Souza, 41, é mãe de Ana Carolina, de 15 anos. Ela conta que esteve “internada” junto com a filha, em decorrência de um tratamento de porfiria (doença que constitui um grupo de pelo menos oito doenças, herdadas e adquiridas, que ocorrem em decorrência da produção excessiva e do acúmulo de substâncias químicas que produzem porfirina – uma proteína responsável pelo transporte de oxigênio na corrente sanguínea, essencial para a produção de hemoglobina). A mãe explica a importância do acompanhamento integral no auxílio do tratamento.

“Esse acompanhamento que eu tive junto à minha filha foi muito importante e significativo para a recuperação dela. Eu como mãe percebi muito isso, pois a doença mexeu com ela. Então seria bom se essa iniciativa tivesse em todo canto, pois foi maravilhoso e eu só tenho a agradecer a toda essa atenção recebida. A gente fica mais segura com esse suporte, porque ninguém quer estar doente em um hospital”, relatou a mãe da adolescente.

A psicóloga Marta Léo, passou a integrar a equipe multiprofissional da UTI com o início do Proadi. A profissional explica que a família é de grande importância no acordar do paciente, para que ele se sinta acolhido. “Quando uma pessoa adoece, adoece uma família toda. A família traz um amparo muito grande, pois na UTI eles ficam sem a convivência do seio familiar. Essa é uma forma de criar a conexão família/hospital, no qual mostramos ao paciente que ele tem um vínculo externo para onde voltar ao se recuperar”, ressaltou a psicóloga.

Depois do período de internação na UTI e na enfermaria do HGF, sendo acompanhada por uma equipe multiprofissional que faz parte da clínica médica, Ana Carolina recebeu alta recentemente.