Índice de infecções em UTI reduz com projeto colaborativo em hospitais do Ceará

22 de abril de 2019 - 11:52 # # #

Assessoria de Comunicação da Sesa

Atualizado em 23 de abril de 2019, às 14:26

Hospitais da rede pública do Governo do Ceará, que integram Projeto Colaborativo “Melhorando a Segurança do Paciente em Larga Escala no Brasil”, já registram a redução da incidência de casos de Infecção Relacionada à Assistência à Saúde (IRAS) na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) Adulto.

A melhoria do índice é resultado da aplicação de protocolos de segurança do projeto no Hospital Regional Norte (HRN), em Sobral, Hospital Geral Dr. Waldemar Alcântara (HGWA), Hospital Geral Dr. César Cals (HGCC) e Hospital de Messejana Dr. Carlos Alberto Studart Gomes (HM), em Fortaleza.

O projeto colaborativo faz parte do Programa de Apoio ao Desenvolvimento Institucional do Sistema Único de Saúde (PROADI-SUS), do Ministério da Saúde, em parceria com o Institute for Healthcare Improvement (IHI). O programa tem duração de três anos.

O objetivo principal é reduzir em 50% as infecções relacionadas à assistência nas UTIs, como a infecção primária de corrente sanguínea associada ao uso de cateter venoso central (IPCSL), pneumonia associada à ventilação mecânica (PAV) e a infecção do trato urinário associada ao cateter vesical (ITU-AC).

Os 119 hospitais selecionados pelo Ministério da Saúde são coordenados pelos cinco Hospitais de Excelência que participam do PROADI-SUS: Sírio-Libanês (SP), Israelita Albert Einstein (SP), Alemão Oswaldo Cruz (SP), Hospital do Coração (HCor/SP) e Moinhos de Vento (RS). O HCor acompanha as unidades do Ceará.

Hospital Regional Norte

Na UTI 1 do HRN, há nenhuma ocorrência de infecção do trato urinário (ITU) há seis meses. Já casos de infecções primárias da corrente sanguínea (IPCS), que são consequências sistêmicas graves, bacteremia ou sepse, não ocorrem há quatro meses na unidade. Nos últimos oito meses, houve apenas um caso de IPCS.

Já a pneumonia associada à ventilação mecânica alcançou uma redução de 40,1% na comparação com o início de 2017, quando a unidade começou a integrar o projeto colaborativo. A UTI Adulto 2 também passou a integrar o projeto em 2018 e já está há dois meses sem nenhum caso de ITU e contabilizou apenas um caso de IPCS em sete meses.

Entre as ações realizadas que têm reduzido as infecções estão os constantes treinamentos e uma avaliação diária de permanência dos dispositivos nos pacientes. “Contamos com um treinamento realístico que busca garantir como os protocolos funcionam e verificar se estão reduzindo os índices de infecção, buscando as melhores condutas”, ressalta Melissa Parente, coordenadora médica da UTI adulto do HRN.

Hospital Geral Waldemar Alcântara

Em 2017, assim como os demais hospitais do Estado, o HGWA passou a integrar o projeto colaborativo. Foi possível estruturar e acompanhar com mais eficiência as ações desenvolvidas, fortalecendo a continuidade e eficiência do processo.

No período de 2016 a 2018, o HGWA registrou uma redução de 24,8% para 11,5% da densidade de incidência de IRAS. Esse resultado positivo dos indicadores também foi alcançado em relação à pneumonia associada à ventilação, que diminuiu de 6,7% para 3,0% nos últimos dois anos.

Outros índices que alcançaram resultado positivo foram os de ITU e IPCS. Houve redução de 4,8% para 1,1% na infecção do trato urinário que, atualmente, a mediana está em zero. Já a infecção primária de corrente sanguínea, diminuiu de 4,8% para 0,6%. Atualmente a mediana também está em zero e a última infecção foi em outubro de 2018.

“Esses resultados mostram que o hospital já vinha se preocupando com nossas taxas e trabalhando arduamente para diminuir e garantir uma assistência segura e livre de infecção para os nossos pacientes, e que a Colaborativa veio para nos apoiar e orientar nessa melhoria, para que possamos garantir que esse processo seja contínuo”, fala Djane Filizola, gerente de risco do HGWA.

Hospital Geral César Cals

No HGCC, a infecção do trato urinário relacionada ao uso de cateter vesical está no quarto mês seguido com taxa zero de densidade, com apenas um caso no mês de março, por exemplo. Já em relação à pneumonia associada à ventilação mecânica, houve redução média de 60% da densidade dessa infecção.

Foram adotadas medidas como o reforço na higiene oral e cabeceira elevada das camas, visitas multidisciplinares e visitas estendidas, com a participação de familiares, parceria com o curso de Odontologia da Fametro para estágio na UTI Adulto, entre outras.

Hospital de Messejana

O HM reduziu em 46% os casos de IRAS na Unidade de Terapia Intensiva Respiratória adulto (UTIR), unidade piloto do projeto no hospital. Além da redução das infecções, o projeto colaborativo também traz ao Hospital de Messejana melhorias nos processos de trabalho e cuidados que envolvem não apenas a equipe assistencial, mas também integrantes da diretoria e parte administrativa da instituição.

“Referente a IPCSL, por exemplo, a incidência já era zero. Então passamos a monitorar outro indicador, o número de dispositivos-dia entre infecções, e estamos há sete meses sem ocorrências. Sobre ITU-AC reduzimos de 5,94 para zero. E PAV, já estamos há quatro meses sem infecção. Em números gerais, a unidade conseguiu reduzir em 46% os casos de IRAS na UTI Respiratória adulto, unidade piloto de implantação do projeto ”, explica Kamilla Sindeaux, enfermeira e gestora do projeto no HM.

 

Ouça

Tânia Coelho, infectologista e secretária-executiva de Atenção à Saúde da Sesa explica a importância do projeto e a participação de hospitais da rede estadual do Ceará.