Qualidade de vida é priorizada por equipe de cuidados paliativos

9 de abril de 2019 - 17:15 # # #

Assessoria de Comunicação da HSJ - Franciane Amaral

“Se eu não tivesse aquele aconchego no momento que meu marido partiu, eu não daria conta. Só em saber que ele estava partindo, naquele 24 de março sem sentir dor, meu coração ficou mais aliviado”, diz Marta Célia Santos, de 55 anos. Ela acompanhou o marido que estava internado desde dezembro de 2018 no Hospital São José, da rede de saúde do Governo do Ceará.

Foram dias intensos de tratamento, incluindo o da equipe de Cuidados Paliativos do hospital, que há um ano, vem minimizando as dores mais diversas de pacientes e de familiares. Marta Célia pôde se despedir do marido com quem compartilhou a vida por 31 anos com momentos de oração, de música e também de amor.

De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), cuidados paliativos são abordagens de pessoas com doenças graves que limitam o tempo de vida. É uma forma de cuidado que visa garantir a qualidade de vida e controlar, tratar o sofrimento, seja físico, social, emocional ou espiritual. “Nós entendemos que cuidado paliativo não é deixar de cuidar de uma doença, pelo contrário, é garantir que a melhor forma de tratamento seja oferecido a pessoa que precisa de maior suporte”, afirma a coordenadora da equipe de cuidados paliativos do Hospital São José, Juliana Ferragut.

Em 2018, o Ministério da Saúde publicou uma resolução que normatiza a oferta de cuidados paliativos como parte dos cuidados continuados integrados de todas as unidades do Sistema Único de Saúde (SUS). Os cuidados paliativos devem começar no diagnóstico e seguir junto ao tratamento específico para a enfermidade, visando a melhoria da qualidade de vida do paciente e dos familiares. A resolução propõe que nas redes de atenção à saúde, sejam claramente identificadas e observadas as preferências da pessoa doente quanto ao tipo de cuidado e tratamento médico que receberá.

Equipe multidisciplinar

No Hospital São José, a equipe de cuidados paliativos é multidisciplinar. Além das médicas paliativistas, participam dessa rede integrada de cuidados, fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais, enfermeiros, assistentes sociais, psicólogos e nutricionistas. São contemplados os pacientes internados que têm indicação do médico assistente para cuidados paliativos, os que têm doenças graves e que podem se locomover para acompanhamento ambulatorial sem necessidade de internação ou ainda os pacientes atendidos pelo Programa de Atendimento Domiciliar (PAD), que recebem esses cuidados em casa.

Na calçada de casa, no bairro Quintino Cunha, o aposentado João Bosco da Silva ou Seu Beira Mar, como prefere ser chamado, fala da recuperação. Aos 71 anos, ele fumava desde os nove e chegou com infecção pulmonar grave ao HSJ. O paciente passou 30 dias na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e mais trinta dias na enfermaria do hospital. “Nós não resgatamos só o seu Beira Mar e a família dele. Nós resgatamos toda a beleza do cuidar humanizado, do amor e da esperança”, afirma a fisioterapeuta do HSJ, Lea Queiroz.

“Meu pai ficou muito fraco, nem abria mais os olhos e eu já nem tinha muita esperança. Quando chegou uma equipe de cuidados paliativos, aí pensei que meu pai estava desenganado. Mas o que parecia ser o fim, foi só o começo de uma nova vida”, conta ainda com lágrimas a autônoma Claudiana Silva. Quando seu Beira Mar recebeu alta, a equipe do PAD começou um trabalho intenso com ele em casa. Hoje há visitas regulares para a continuidade do tratamento e para aquele papo divertido com um paciente cheio de histórias para contar.

Paliativos não tem a ver com morte, tem a ver com a dignidade de pacientes e dos que fazem parte da família deles. “Há evidências na literatura científica de que os cuidados paliativos não só proporcionam controle do sofrimento, mas também aumentam a expectativa de vida e, muitas vezes, abrem janelas de possibilidades para a cura”, ressalta a infectologista Juliana Ferragut. “Se eu estava desenganado, agora estou firme”, conta seu Beira mar. “Abaixo do céu, só essa equipe mesmo para não desistir de mim”, comemora Seu Beira Mar, sempre perto da filha.