Sistema de saúde de Portugal é apresentado a gestores da Sesa

28 de fevereiro de 2019 - 11:54 # # #

Assessoria de Comunicação da Sesa
Repórter: Cristiane Bonfim


Foto: Fátima Holanda/ Ascom Sesa

 

A convite da Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa), o médico de família português José Luís Biscaia participou de reunião com gestores da Sesa, da Escola de Saúde Pública (ESP-CE) e representantes de universidades e centros universitários. O encontro ocorreu em dois momentos: na terça-feira, 26, no Auditório Waldir Aarcoverde da Sesa, e quarta-feira, 27, na ESP-CE.

A reunião foi realizada para conhecer as mudanças que foram feitas em Portugal e como elas podem colaborar com melhorias para o sistema de saúde no Ceará. Portugal passou por uma ampla reforma do sistema de saúde e atualmente tem índices que o colocam entre os melhores serviços de saúde da Europa. O país que fortaleceu a atenção primária também prioriza ações de promoção da saúde para obter melhores resultados.

Biscaia também mostrou como a informatização e o acesso aos dados dos usuários da Saúde são fundamentais para definir políticas públicas para o setor. Hoje 95% dos cidadãos portugueses estão inscritos no seu médico de família e a taxa de acesso ao serviço é elevada. Cerca de 40% das consultas são feitas no mesmo dia do agendamento. O país também melhorou índices, reduzindo a mortalidade infantil e ampliando o controle em relação a doenças crônicas como diabetes e hipertensão.

O secretário da Saúde do Ceará Carlos Roberto Martins Rodrigues, Cabeto, destacou a importância da vinda de Biscaia para que se conheça o que foi desenvolvido em Portugal e qual parte dessa experiência possa ser utilizada para melhorar a gestão da saúde no Ceará.

“É preciso aproximar esse diálogo da gestão dentro de uma meta clara que nós estabeleçamos que essa é nossa missão”, disse o secretário. O secretário definiu medidas para serem tomadas pela Sesa, a curto prazo, em até 100 dias, para melhorar os serviços de saúde no Ceará.

Atenção primária e informatização

Na Escola de Saúde Pública, na quarta-feira, 27, a reunião foi sobre o registro Eletrônico de Saúde. Biscaia explicou que Portugal já contava com um Serviço Nacional de Saúde, que seria o equivalente ao SUS no Brasil.

De acordo com ele, o que houve nos últimos anos foi a reforma da atenção primária, baseada em “princípios essenciais” como criação de equipes multiprofissionais com formação especializada e autonomia de trabalho, definição de carteira básica de serviços na atenção primária (gestão de doenças crônicas e vigilância de grupos vulneráveis como gestantes, crianças e idosos).

“A questão essencial é como gerar valor. Todo o foco da reforma foi: como é que se garante melhor acesso e mais resolutividade, mais resultados e menor custo”, explicou Biscaia. Ele ressaltou que o foco da reforma da saúde em Portugal não está na questão gerencial. “Esse é o meio”, destacou.


Foto: Daniel Araújo/ Ascom ESP-Ce

 

Para Luís Biscaia, uma das peças importantes para gerar valor foi a informatização do sistema de saúde português. “Hoje em dia não é aceitável que se faça reformas acerca disso se não conseguimos saber o que fazemos, em que fazemos, quem faz, como faz e quanto custa. Isto tem de ser suportado por um sistema de informação. Esse sistema de informação é um desenvolvimento. Em Portugal está em desenvolvimento”, afirmou.

No país europeu, os registros e processos clínicos que são feitos estão centrados no cidadão. São dados associados a cada pessoa atendida e não são vinculados ao profissional de saúde. Isso permite que vários integrantes das equipes interajam e acompanhem esses dados, segundo Biscaia.

As informações servem ainda como dispositivos de apoio à prática clínica para os profissionais melhorarem seu trabalho e esses são também instrumentos de gestão clínica para as equipes profissionais. “Para que as equipes estejam a saber como e o que foi feito e refletirem sobre isso”, explicou o médico. “Isso tem muito a ver com o processo que estão a fazer aqui”, comparou.