Boas práticas de parto e nascimento ajudam mulheres na maternidade do HGCC

21 de dezembro de 2018 - 12:02 # # #

Wescley Jorge Assessoria de Comunicação do HGCC

“Quando colocaram meu filho no meu peito, eu fiquei emocionada”, fala a mãe sobre o momento que sentiu o filho, pele a pele, pela primeira vez, logo após o parto, realizado na maternidade do Hospital Geral Dr. César Cals, da rede pública do Governo do Ceará. Ana Jaqueline Gomes de Andrade deu à luz um menino, João Pedro, na quarta-feira, 19, às 9 horas. O mais novo integrante da família de sete filhos terá alta em breve e o natal será ainda mais feliz, com todos em casa.

Acompanhada pela irmã, Janice Gomes Andrade Rocha, Ana Jaqueline chegou à emergência do HGCC por volta das 7 horas. Após passar pela classificação de risco, foi atendida e encaminhada para o box de parto normal. Lá ela teve todo o apoio da equipe de enfermagem, inclusive das enfermeiras da Residência Integrada em Saúde (RIS), que atuaram em todo o procedimento. Foram utilizados recursos que auxiliam a gestante e favorecem o parto, permitindo um momento único da mulher em que ela consegue ficar mais à vontade, relaxar e ter o controle da situação.

“Trabalhamos a questão de postura, da autonomia dela em dizer o que queria e a questão da percepção dela durante o trabalho de parto. A gente trabalha a conscientização da mulher, do que ela está sentindo, dos movimentos do corpo. E aí a gente adota as posições verticalizadas”, ressalta a enfermeira preceptora, Emanuela Gomes. Para permitir um clima mais relaxado e tranquilo para a gestante, também foi utilizada a musicoterapia.

A enfermeira esclarece que a verticalização acelera o trabalho de parto. Nesses procedimentos, a mulher deambula (dar uns passos), agacha e faz exercícios na posição vertical. Na hora de parir, a gestante sempre adota as posturas que melhor favorecem o trabalho de parto, que geralmente é de cócoras. “Ana Jaqueline pariu de cócoras com a irmã por traz, apoiando, num ambiente todo preparado para esses procedimentos. Foi a melhor forma que ela achou para se concentrar e fazer a força correta, ajudada pela gravidade”, conta a enfermeira.

De acordo com as boas práticas do parto e nascimento, baseadas em evidências científicas, as melhores posturas são as verticalizadas. “A gente coloca a mulher de joelhos ou na posição de quatro apoios, a posição de corredor, com o joelho e o pé no chão, que favorece muito a abertura interna da bacia e amplia o canal vaginal. Quando a mulher está exausta, ela fica na cama em posição lateralizada, para permitir uma amplitude necessária para não fazer traumas no canal vaginal”, explica Emanuela.

Para Ana Jaqueline, que disse ter sido o parto mais rápido, a experiência foi muito emocionante, assim como para a sua irmã, que a acompanha desde a entrada no hospital. “Nunca tinha feito assim, até música botaram para eu ouvir. Foi emocionante”, declara. Logo após o nascimento, foi feito o contato imediato da mãe com o bebê, já estimulando a amamentação.

Referência em obstetrícia e neonatal

Essas práticas são trabalhadas desde a implantação da Rede Cegonha, estratégia do Ministério da Saúde implantada em 2011 para permitir às mulheres qualidade de vida e bem-estar no período de gestação, na hora do parto, no pós-parto e durante o desenvolvimento da criança até completar dois anos de vida. Tudo isso com o intuito de reduzir a mortalidade materna e infantil e garantir os direitos sexuais de mulheres, homens, jovens e adolescentes. Além disso, permite a qualificação dos serviços ofertados pelo Sistema Único de Saúde (SUS) em relação à confirmação da gravidez, pré-natal, no parto e puerpério, ou seja, nos primeiros 28 dias após o parto, e ainda no planejamento familiar.

Há um ano, o Hospital Geral Dr. César Cals integra o projeto do Ministério da Saúde de qualificação da atenção obstétrica e neonatal, responsável por ampliar a atuação da Rede Cegonha. O projeto Aprimoramento e Inovação no Cuidado e Ensino em Obstetrícia e Neonatologia (Apice On) busca a integração entre ensino e serviços de saúde, daí a realização em hospitais escolas e de ensinos, para a qualificação das práticas do cuidado e a formação profissional, além de permitir que sejam adotadas e utilizadas práticas de cuidados baseados em evidências científicas na atenção ao parto, nascimento, atenção humanizada às mulheres em situação de violência ou abortamento e planejamento reprodutivo.

De acordo com Thaís Gomes Falcão, articuladora local do projeto, houve melhorias nos indicadores de boas práticas no parto e nascimento, como os realizados por enfermeiros obstetras, que passou de 20% para 80% dos partos de risco habitual, com destaque para a atuação de enfermeiras residente; e uso de métodos não farmacológicos para alívio da dor, em 85% dos partos normais.