Atendimento desde a infância garante qualidade de vida a autistas
1 de abril de 2016 - 15:05
Acordar às 8 horas, tomar café e depois passar algum tempo fazendo uma leitura. Ao meio dia, é hora de se preparar para ir à escola. À noite, o tempo é para conversar com os amigos e assistir às novelas infanto-juvenis. Para muitos, esta pode ser a rotina comum de uma criança ou adolescente. Para Maria Milena da Costa, 16, que tem Transtorno do Espectro Autista (TEA), é uma conquista. E neste sábado, 2 de abril, Dia Mundial da Conscientização do Autismo, ela tem muito o que comemorar. “A gente aprende a lidar com o autismo no dia a dia, não é fácil. Mas ela melhorou tanto, conquistou tanto”, diz a técnica de enfermagem Maria Fábia Araújo, mãe da Milena. A adolescente é acompanhada, desde os três anos de idade, pela equipe de especialistas do Hospital Infantil Albert Sabin, da rede pública do Governo do Estado.
Foto: Arquivo pessoal
Quando Milena tinha dois anos, a mãe começou a notar a diferença no comportamento da menina. “Ela não falava, era distante, não respondia quando eu chamava. Foi quando decidi levá-la para a escola, achei que lá ela melhoraria”, fala. Mas a melhora nunca veio. Segundo Fábia, somente um ano e meio depois, quando realizava uma série de exames, a primeira suspeita surgiu. “A médica me falou que os exames deram normais e disse que minha filha poderia ser autista. Eu tinha 25 anos, nem sabia o que era isso. Não era conhecido como é hoje”, conta. Na ocasião, Milena foi encaminhada para a primeira consulta com um neurologista no Albert Sabin.
O tratamento foi longo. Além das consultas com o neurologista e medicação no Hospital Albert Sabin, Milena também fazia terapia duas vezes por semana no Núcleo de Atenção Médica Integrada (NAMI), da Universide de Fortaleza. “Com cinco anos ela deixou de usar fraldas e voltou para a escola. Com seis, ela começou a falar. Quando fez oito, ela já lia e escrevia, era impressionante”, comemora a mãe. Com um tempo, Fábia pôde voltar a trabalhar, e assim mãe e filha ganharam mais independência. “Eu ainda ligo às vezes para lembrar de fazer algumas coisas. Mas ela já faz tudo sozinha, toma banho, escolhe a roupa, arruma o cabelo, é bem vaidosa”. Milena ainda é acompanhada por um neurologista e um psiquiatra, no Albert Sabin, e toma medicação.
Atualmente, as atividades preferidas da jovem são música e dança. Não à toa, “ama” a novela Cúmplices de um Resgate. Na escola, apesar de ainda ter dificuldades em estabelecer relações, Milena conta que tem sempre amigos em volta e que também a ajudam com as tarefas do dia a dia. “Às vezes, ela tem crises. Mas com o tempo, a gente aprende alguns ‘truques’. Na escola, por exemplo, ela sempre fica calma porque está com os amigos e, em casa, o banho é sempre um calmante”, ressalta a mãe.
Diagnóstico e tratamento
Segundo o neurogeneticista do Hospital Infantil Albert Sabin, André Luiz Pessoa, o Transtorno do Espectro Autista é um conjunto de condições que têm em comum o déficit de comunicação social, verbal e não verbal e o comportamento estereotipado. “É um padrão de comportamento previsível, ritualizado e repetitivo”, explica. O neurogeneticista fala que dentro dessa linha de comportamento, há ainda subconjuntos, como desmodulações sensoriais que é a sensibilidade alterada para sons, toques e gravidade (subir e descer). “O entendimento atual é que não seja uma doença única, na verdade é um conjunto”, afirma.
O autismo pode ser classificado como grave, moderado ou leve e é causado por fatores genéticos e/ ou ambientais. No Albert Sabin, é feito o diagnóstico clínico, tratamento e também orientações sobre as terapias, tendo em vista que o hospital só realiza a estimulação precoce entre zero e três anos. Mas, dependendo do grau do autismo, a estimulação pode ser necessária por toda a vida. “As terapias que são multidisciplinares. Conta com o envolvimento da fonoaudióloga, que vai trabalhar com desenvolvimento verbal e não verbal; terapeuta ocupacional, que vai trabalhar com as atividades diárias; e fisioterapeuta. Hoje, o tratamento para autismo para melhorar a qualidade de vida que existe em evidência são as terapias e as medicações”, diz o André Pessoa.
Dia do Autismo
O Dia Mundial da Conscientização do Autismo é comemorado dia 2 de Abril. A data é para ajudar a conscientizar a população mundial sobre o Autismo, um transtorno no desenvolvimento do cérebro que afeta cerca de 70 milhões de pessoas em todo o mundo.
Assessora de Comunicação do Hias
Diana Vasconcelos
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