Saúde do bebê: icterícia pode ser prevenida no pré-natal

20 de setembro de 2013 - 12:45

O acompanhamento pré-natal é fundamental para garantir uma gestação saudável e um parto seguro, além de esclarecer as dúvidas das mães. Com as consultas e exames, é possível identificar problemas como hipertensão, anemia, infecção urinária e outras doenças que podem prejudicar a gravidez e a formação do bebê. A icterícia, por exemplo, conhecida popularmente como “amarelão”, embora exija cuidados simples, nunca deve dispensar o acompanhamento médico. Segundo dados da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), 60% dos recém-nascidos e 80% dos prematuros apresentam icterícia nos primeiros dias de vida.

A icterícia acontece devido a alta concentração de bilirrubina no sangue – uma substância produzida durante o metabolismo das células vermelhas, que deixa a pele e os olhos amarelados. Segundo o médico pediatra Fernando Benevides, coordenador do Setor de Médio Risco Neonatal do Hospital Infantil Albert Sabin (HIAS), as causas mais comuns são a prematuridade, a alta hospitalar precoce e a incompatibilidade sanguínea – o que exige mais atenção. Atualmente, quatro crianças estão internadas no Albert Sabin com diagnóstico de icterícia. “O HIAS recebe casos frequentes de bebês que apresentam essa patologia evitável. Essa é uma doença que não deveria existir mais, por ser uma alteração evitável”. A icterícia neonatal pode ser prevenida através de orientações no pré-natal e, no caso da incompatibilidade sanguínea, a mãe que tem o fator Rh negativo deve tomar uma dose da vacina de imunoglobulina anti-Rh (Rhogam) na 28ª semana de gestação e outra até 72 horas após o parto. Isto impede a formação de anticorpos que poderiam colocar em risco os próximos bebês.

Há três dias, a agricultora Maria da Paz Araújo da Silva, 24, acompanha o tratamento do filho caçula, Pedro Everardo. Ele tem apenas sete dias de nascido e está internado no Hospital Albert Sabin com icterícia patológica –  uma das formas mais severas da doença, decorrente da incompatibilidade do sangue. Ela tem fator Rh negativo, mas só tomou a vacina de Rhogam na primeira gestação e agora, depois do nascimento do terceiro filho. Pedro chegou ao Hospital com alto nível de bilirrubina. Além das sessões de fototerapia, exames neurológicos também estão sendo realizados. “Ele chegou já com sinais de Kernicterus (icterícia grave) e necessitando de uma conduta invasiva, que foi a troca de sangue”, diz o médico. De acordo com o pediatra, a incompatibilidade sanguínea e o tratamento tardio ocasionam sequelas irreversíveis, como a encefalopatia bilirrubínica, no caso do Pedro, o que compromete a coordenação motora do bebê. “É importante alertar à população”, conclui.

O Ministério da Saúde, em parceria com estados e municípios, está implantando estratégias como a Rede Cegonha para reforçar a qualidade do pré-natal, a assistência ao parto e ao recém-nascido. Para melhorar a assistência ao parto, no Ceará, a Rede Cegonha tem os serviços integrados em 17 Redes de 23 regiões de saúde. O Hospital Infantil Albert Sabin, referência no atendimento de crianças e adolescentes, atualmente, dispõe de 26 especialidades médicas e 14 serviços de diagnóstico e terapia.

SAIBA MAIS:

Icterícia Neonatal

Mais de 50% dos bebês saudáveis e absolutamente normais fica com a pele amarelada nos primeiros dias depois de nascer. Se isso acontecer com seu bebê, não é preciso se apavorar, mas é preciso falar com o pediatra. Como o pico da icterícia costuma acontecer entre o segundo e o terceiro dia, a condição normalmente é diagnosticada e tratada na própria maternidade. Mas, se o bebê já estiver em casa e você notar a amarelo na barriga ou nas pernas do bebê, telefone para o seu médico ou leve-o de volta ao hospital para um exame. No caso de um bebê nascido depois de 37 semanas de gravidez, dentro de uma semana as bochechinhas dele devem estar rosadas de novo. No caso de prematuros, pode demorar um pouco mais.
 
Como aparece
A icterícia aparece no bebê saudável quando o sangue fica com excesso de uma substância chamada bilirrubina, que é produzida durante o processamento pelo organismo dos glóbulos vermelhos de que ele não vai precisar mais. Os recém-nascidos tendem a ter níveis de bilirrubina mais elevados porque possuem hemácias extras no corpo, e seu fígado ainda não consegue metabolizar o excesso de bilirrubina. À medida que os níveis de bilirrubina aumentam, o amarelo vai descendo: começa na cabeça, vai para o pescoço, depois chega ao peito e, em casos graves, chega até os dedos do pé. Esse tipo de icterícia neonatal raramente é prejudicial a bebês saudáveis que tenham nascido a termo. Em casos muito raros, recém-nascidos com icterícia podem sofrer danos neurológicos, mas isso só acontece quando os níveis de bilirrubina ficam extremamente elevados.

Tratamento

Se seu bebê estiver com a pele amarelada, o pediatra fará um exame de sangue para medir a concentração de bilirrubina e definir se o tratamento é necessário. A determinação do tratamento dependerá do dia em que a bilirrubina foi medida, do peso com que o bebê nasceu e do nível detectado, mas o cálculo é feito caso a caso e envolve alguns outros fatores.
O tratamento é feito com fototerapia — o bebê é colocado sob luzes fluorescentes azuis que ajudam a metabolizar a bilirrubina, para que ela seja excretada pelo fígado. A criança é colocada numa espécie de bercinho de luz, sem roupa, com os olhos cobertos por uma máscara protetora. Quando a icterícia é bem leve, o médico pode indicar apenas um banho de sol de cerca de 15 minutos de manhã e à tarde, antes das 10h e depois das 16h. Com menos frequência, a icterícia é causada pela incompatibilidade sanguínea entre mãe e filho (como no caso de mãe Rh negativo e filho Rh positivo) ou por alguma outra doença associada, e a hiperbilirrubinemia chega a níveis perigosos — uma indicação disso é quando a icterícia surge já no primeiro dia. O tratamento é feito com fototerapia intensiva e prolongada e pode incluir até transfusão de sangue. Os médicos vão avaliar o bebê para descobrir o que causou a icterícia.

Como saber se o bebê está com icterícia

Se você já está em casa com o bebê e está preocupada, faça o seguinte teste: num ambiente bem iluminado, faça uma leve pressão no peito da criança. Se a pele ficar amarelada quando você parar de fazer pressão, fale com o Pediatra ou leve o bebê à maternidade para um exame mais detalhado (não é preciso se apavorar). Para crianças de pele mais escura, observe se os olhos ou as gengivas estão amarelas. É importante lembrar que a icterícia passa rápido, na maioria das vezes sozinha, e não deixa nenhum tipo de sequela, exceto em casos gravíssimos. Se tiver dúvidas, fale com o Pediatra ou telefone para o hospital em que deu à luz.

Assessoria de Comunicação do Hias
Helga Santos
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